É errado ter orgulho?

domingo, 29 de agosto de 2010

Não há nenhuma cura para a assembléia dos soberbos, pois, sem que o saibam, o caule do pecado se enraíza neles.
Eclesiástico 3,30
SEGUNDO certa tradição, o orgulho é o primeiro dos sete pecados capitais. Hoje, porém, muitos acham isso arcaico. Às vésperas do século 21, o orgulho é considerado como algo positivo, não como pecado.
Contudo, quando a Bíblia fala do orgulho, em geral é de forma negativa. Só no livro bíblico de Provérbios, há várias declarações condenando o orgulho. Por exemplo, Provérbios 8,13 diz:
“A exaltação de si próprio e o orgulho, bem como o caminho mau e a boca perversa eu tenho odiado.” 
Provérbios 16,5 declara:  “Todo o soberbo de coração é algo detestável para Deus.” E o versículo 18 alerta: “O orgulho vem antes da derrocada e o espírito soberbo antes do tropeço.”

O orgulho prejudicial
Pode-se definir o orgulho condenado na Bíblia como conceito exagerado de si próprio, sentimento desarrazoado de superioridade decorrente de talentos, beleza, riqueza, instrução, posição social, etc. Pode manifestar-se na forma de desdém, jactância, insolência ou arrogância. Quem se acha mais importante do que é talvez não esteja disposto a aceitar correção; recusa admitir seus erros, pedir desculpas e mudar de atitude; não aceita a perda de prestígio ou se ofende muito fácil com o que outros fazem ou dizem.
O orgulhoso talvez insista que as coisas sempre sejam feitas do seu jeito. Não é difícil ver que essa atitude costuma resultar em conflitos de um tipo ou de outro. O orgulho de raça ou de nacionalidade já causou incontáveis guerras e derramamento de sangue. Segundo a Bíblia, foi por orgulho que um filho espiritual de Deus se rebelou, tornando-se Satanás, o Diabo. Sobre as qualificações dos bispos cristãos, Paulo aconselhou: “Não homem recém-convertido, para que não venha a enfunar-se de orgulho e a cair no julgamento aplicado ao Diabo.” (1 Timóteo 3:6; note Ezequiel 28,13-17) Sendo esses os frutos do orgulho, não é de admirar que Deus o condene, mas você talvez se pergunte: ‘Não há situações em que o orgulho seja legítimo?’

Existe orgulho legítimo?
No Novo Testamento, o verbo kaukháomai, traduzido por “orgulhar-se, exultar, jactar-se”, é usado tanto em sentido negativo como positivo. Paulo diz, por exemplo, que podemos ‘exultar, baseados na esperança da glória de Deus’. Ele também recomenda: “Quem se jactar, jacte-se no Senhor.” (Romanos 5,2; 2 Coríntios 10,17) Isso significa orgulhar-se do Senhor ser o nosso Deus, um sentimento que nos leva a exultar sobre seu bom nome e reputação.
Para ilustrar: é errado querer defender um bom nome quando ele é caluniado? Claro que não. Não ficaria indignado e tentaria defender seus parentes ou pessoas que você ama e respeita, se alguém falasse injustamente deles? “Deve-se escolher antes um [bom] nome do que riquezas abundantes”, diz a Bíblia. (Provérbios 22,1) Em certa ocasião, o Deus todo-poderoso disse a um orgulhoso Faraó egípcio: “Por esta razão te deixei em existência: para mostrar-te meu poder e para que meu nome seja declarado em toda a terra.” (Êxodo 9,16) Assim, Deus exulta sobre o seu bom nome e reputação e zela por ele. Nós também talvez queiramos defender nosso bom nome e reputação e ainda assim não ser motivados por vaidade ou orgulho egoísta. — Provérbios 16,18.
O respeito é essencial para qualquer relação sadia. Nossa vida social e nossas relações comerciais sofrem quando perdemos a confiança naqueles com quem nos associamos. Uma atividade em conjunto ou uma sociedade pode ser arruinada se apenas uma das partes fizer algo que traga má reputação para si mesma ou para as outras. Para alcançar objetivos, sejam quais forem, é preciso manter uma boa reputação. Essa é uma das razões pelas quais os bispos da Igreja precisam ter “testemunho excelente” de pessoas de fora. (1 Timóteo 3,7) Desejam um bom nome não para fazer autopromoção orgulhosa, mas para representar a Deus de forma digna. Afinal, quanta credibilidade tem um ministro com mau testemunho de pessoas de fora?
E quanto às nossas realizações pessoais? Pense, por exemplo, na alegria dos pais quando o filho se sai bem na escola. Essa satisfação pela consecução do filho é apropriada. Escrevendo a concristãos em Tessalônica, Paulo revelou que ele também se alegrava com realizações:
 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando, a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais. (2 Tessalonicenses 1,3.4)
É natural que nos alegremos com as realizações daqueles a quem amamos. Então, qual é a diferença entre orgulho errado e orgulho correto?
Não é errado querer ter uma boa reputação, ter sucesso no que fazemos e ficar feliz com esse sucesso. Porém, enaltecer a si mesmo, ser soberbo e jactar-se de si ou de outros são coisas que Deus condena. Aliás, seria triste se alguém ficasse ‘enfunado’ de orgulho ou ‘pensasse mais de si mesmo do que é necessário’. Entre os cristãos não há espaço para o orgulho, nem para a jactância, com exceção de jactar-se no Senhor Deus e naquilo que ele fez por eles. (1 Coríntios 4,6.7; Romanos 12,3) O profeta Jeremias nos dá um ótimo princípio a seguir:
mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR — Jeremias 9,24.
 Condensado de revistas cristãs e adaptado por Emerson de Oliveira

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