Forme o conceito sábio dos prazeres

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Criador propôs que o homem tivesse prazer na vida. É por isso que nos fez com a capacidade de nos divertirmos a nós mesmos bem como a outros com perícias tais como a música. E o Criador também determinou que obtivéssemos prazer na satisfação de nossas necessidades básicas, assim como sua Palavra nos conta: “Vai, come o teu alimento com alegria e bebe o teu vinho com um bom coração . . . Vê a vida com a esposa que amas.” Sim, a Palavra de Deus não condena os prazeres em si mesmos. — Ecl. 9,7.9.
Jesus Cristo, o Filho de Deus, deu o exemplo para nós no usufruto da vida, como nas outras coisas. Não era asceta. Apreciava os prazeres da amizade tais como visitar o lar de seu amigo Lázaro. Também lemos de sua presença numa festa de casamento em Caná; e, naquela ocasião, muito diferente de ser avesso às festividades, transformou miraculosamente a água em vinho, para que pudesse continuar o júbilo. — Luc. 10,38-42; João 2,1-11; 11,1-44.

O Catecismo da Igreja Católica diz:
1809 - A temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade. . A pessoa temperante orienta para o bem seus apetites sensíveis, guarda uma santa discrição e "não se deixa levar a seguir as paixões do coração". A temperança é muitas vezes louvada no An­tigo Testamento: "Não te deixes levar por tuas paixões e refreia os teus desejos" (Eclo 18,30). No Novo Testamento, é chamada de "moderação" ou "sobriedade". Devemos "viver com moderação, justiça e piedade neste mundo" (Tt 2,12).
Não obstante, a Palavra de Deus aconselha-nos a não dar muita importância ao gozo dos prazeres; não devemos buscá-los com avidez ou ganância. O homem deve comer para viver, e não viver para o prazer de comer. Ao mesmo tempo, a Palavra de Deus proíbe inteiramente certos “prazeres”. — Fil. 3,19.
Tornar a busca do prazer o principal ou único alvo na vida é o que se chama de “hedonismo”; esta é a filosofia pagã que diz: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.” Tal filosofia egoísta e materialista deve ser condenada, assim como a glutonaria e a bebedice: “Não venhas a ficar entre os beberrões de vinho, entre os que são comilões de carne. Porque [eles] ficarão pobres” — não só financeiramente, mas também quanto à saúde. — 1 Cor. 15,32; Pro. 23,20, 21.
O mesmo princípio se aplica aos prazeres de participar dos esportes. Com moderação, os esportes podem ser de algum proveito. Sob as circunstâncias corretas, podem fornecer saudável associação, divertimento e exercício físico, que é bom tanto para o corpo como para a mente. Os esportes, quer ativos ou do tipo de observação, bem como outras formas de recreação e descontraimento, têm todos seu lugar. Mas, não é sábio privar-se do sono ou descanso necessário por se entregar a tais prazeres; todavia, quantos são os que fazem exatamente isso! Nem deve o regalar-se com tais passatempos ocupar um lugar tão proeminente na vida da pessoa de forma a causar o descuido das obrigações para com o Criador da pessoa, bem como para com a família ou o próximo. — 1 Tim. 4,8.
Jesus, em sua parábola do semeador, avisou a não se deixar que os “prazeres desta vida” sufocassem a semente da verdade de Deus, resultando em infrutuosidade. Aconselha a Bíblia: “Seja a vossa bondade conhecida de todos os homens”; isto é, seja moderado, razoável em todas as suas atividades e relações com outros. Tornar-se desequilibrado na busca de tais prazeres é ser desarrazoado. — Luc. 8,14; Fil. 4,5.

“Prazeres” Proibidos
Daí, então, há certos “prazeres” que devem ser completamente evitados, tanto por causa dos princípios que violam, como também por causa do dano que causam. Entre eles se acha o uso do fumo. O hábito de fumar é custoso, não só em reais e centavos, mas também à saúde. Com efeito, cada vez se descobre mais evidência sublinhando que fumar é um “prazer” proibido para aqueles que hão de ser sábios. Típicas são as descobertas publicadas em Today’s Health, de setembro de 1968, sob o título: “Pesquisadores Fortalecem a Acusação Contra o Fumo.”
Há também o prazer questionável do jogo. Incentiva o egoísmo, pois é, com efeito, uma forma de extorsão. Ademais, quão amiúde os que se entregam a isso se tornam jogadores viciados! Assim, apenas nos EUA, atualmente, há mais de seis milhões de jogadores viciados, que vivem num mundo de fantasia. Seu vício faz com que muitos se voltem para o roubo e até mesmo para o suicídio. — Science Digest, abril de 1968.
Também a ser evitadas são as promíscuas relações sexuais. Quando consideramos a doença venérea, os filhos ilegítimos, os lares desfeitos e outras infelicidades causadas por tais, a sabedoria da Palavra de Deus em proibir os “prazeres” do sexo promíscuo se torna óbvia — Heb. 13,4.
A sabedoria dita que se evitem não só os “prazeres” das promíscuas relações sexuais, mas também as coisas que tendem a levar até elas, tais como as carícias. A Palavra de Deus limita tais prazeres aos casados. (Pro. 5,15-20) O proceder sábio é ‘endireitar as veredas para os seus pés’. Este é também o proceder amoroso, pois impede a pessoa de fazer outrem tropeçar. — Heb. 12,13.

Buscar Prazeres por Meio de Drogas

O Catecismo ensina:
2291 - O uso da droga causa gravíssimos danos à saúde e à vida humana. Salvo indicações estritamente terapêuticas, constitui falta grave. A produção clandestina e o tráfico de drogas são práticas escandalosas; constituem uma cooperação direta com o mal, pois incitam a práticas gravemente contrárias à lei moral.
Presentemente, a busca de prazeres por parte de muitos jovens assume a forma de entregar-se à maconha e, a um grau menor, ao LSD e a outras drogas. Ao passo que há comparativamente poucos defensores do LSD entre os profissionais, há muitos que argumentam que não há diferença alguma entre se beber vinho e fumar maconha. Não vêem perigo algum no fato de que em algumas cidades dos EUA de 50 a 75 por cento dos estudantes do ginásio fumam a “erva”, como é chamada, e que, dentre estes, calcula-se que um terço sejam viciados. Na atualidade, há um difundido movimento para se legalizar o uso da maconha.
Mas, a comissão da Associação Médica Estadunidense que tratou destes problemas deixou registrado que a maconha “é uma droga perigosa e, como tal, é um problema de saúde pública”. (Newsweek, de 1.° de julho de 1968) E, seis meses antes, o juiz-presidente do Tribunal Superior de Massachusetts, EUA, G. Joseph Tauro, manteve a proscrição da maconha, afirmando, entre outras coisas:
“É meu conceito, baseado na evidência apresentada neste julgamento, que a maconha é uma droga prejudicial e perigosa. Tanto quanto eu possa depreender, seu único propósito é a indução de um estado de inebriamento ou euforia. A droga exerce grande atração perante os rapazes e as moças em idade universitária ou menos, durante seus anos formativos, quando deveriam estar obtendo a educação e a experiência em que basear suas vidas futuras. O uso da droga lhes permite evitar a resolução de seus problemas pendentes, ao invés de enfrentá-los realisticamente. . . . A coincidência entre o vício de narcóticos ‘piores’, o crime e a promiscuidade é grande demais para ser despercebida com sendo simplesmente acidental.” — Time, de 29 de dezembro de 1967.
Esta decisão direta de um juiz erudito sublinha a tolice de se buscar o prazer simplesmente por buscá-lo, sem se levar em consideração as conseqüências.

Prazeres Espirituais
Pode-se classificar os prazeres em três categorias básicas. Há os que são bons em si mesmos se usufruídos com moderação. E há aqueles “prazeres”, ‘prazeres sensuais’ e coisas semelhantes, que devem ser estritamente evitados como sendo tanto ilícitos como prejudiciais. E há também os prazeres que devem ser cultivados com assiduidade. Cultivar prazeres? Sim, assim como algumas pessoas aprenderam a adquirir um gosto especial por azeitonas, aipo e outros alimentos, há prazeres, prazeres espirituais, cujo “gosto” pode ser desenvolvido ou adquirido por parte dos humanos imperfeitos cujas tendências são para as coisas terrenas e egoístas.
A Bíblia nos diz que Jesus Cristo, tanto antes de vir à terra como quando estava na terra, sentia alegria, prazer, deleite em fazer a vontade de seu Pai. (Pro. 8,30; Sal. 40,8) Pense apenas no prazer que Jesus deve ter sentido em observar muitos milhares de pessoas satisfazerem sua fome com os pães e os peixes que lhes provera milagrosamente! Quão grande deve ter sido seu prazer em restaurar a visão aos cegos, a audição aos surdos, a força dos membros aos aleijados e aos paralíticos! E que prazer lhe deve ter dado pregar a boa-nova do Reino que oferecia liberdade da escravidão e libertação das cargas pesadas! — Mat. 11,28-30; João 8,31, 32.
Hoje podemos derivar prazeres espirituais tanto de receber como de dar, e se lhes insta que os cultivem. Entre tais se acha a assimilação do conhecimento de Deus, de seus tratos e seus propósitos. Assim, escreveu o salmista: “Encontro minha alegria na vossa palavra, como a de quem encontra um imenso tesouro.” Quão apreciável pode ser o assimilar as verdades bíblicas é avaliado pelos cristãos em especial na Igreja. — Sal. 119:162.
Ainda maiores são os prazeres da generosidade, de se servir altruistamente a outros ou de dar a outros. Esta não é de forma alguma uma idéia afetada, mas é de uma forma ou de outra reconhecida em geral.

O Catecismo dá uma luz sobre o assunto:
1805 - Quatro virtudes têm um papel de "dobradiça" (que, em latim, se diz "cardo, cardinis"). Por esta razão são chamadas "cardeais": todas as outras se agrupam em torno delas. São a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. "Ama-se a retidão? As virtudes são seus frutos; ela ensina a temperança e a prudência a justiça e a fortaleza" (Sb 8,7). Estas virtudes são louvadas em numerosas passagens da Escritura sob outros nomes.
1809 -  Viver bem não é outra coisa senão amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e em toda forma de agir. Dedicar-lhe um amor integral (pela temperança) que nenhum infortúnio poderá abalar (o que depende da fortaleza), que obedece exclusivamente a Ele (e nisto consiste a justiça), que vela para discernir todas as coisas com receio de deixar-se surpreender pelo ardil e pela mentira (e isto é a prudência).
2517 - O coração é a sede da personalidade moral: "É do coração que procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações" (Mt 15,19). A luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação do coração e a prática da temperança: Conserva-te na simplicidade, na inocência, e serás como a criancinhas, que ignoram o mal destruidor da vida dos homens.

Por exemplo, quem não gosta de receber um grupo de amigos ou ser anfitrião deles? E, assim, à medida que os cristãos cuidam da necessidade espiritual de outros e encontram alguém apreciativo de seus esforços e ciente de sua própria necessidade espiritual, derivam genuíno prazer de suas atividades. É até mesmo como disse Jesus: “Há mais felicidade em dar do que há em receber.” — Atos 20,35.
Assim, forme o conceito sábio dos prazeres. Evite os que são proibidos. Seja moderado no usufruto dos prazeres mundanos. E continue a cultivar os prazeres espirituais, que trazem benefícios a outros bem como para o próprio leitor, e trazem honra ao seu Criador, Deus.


Extraído de revistas cristãs e adaptado por Emerson de Oliveira

0 comentários:

Postar um comentário