São inofensivas as superstições?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quando um grupo de estudantes de psicologia pousou uma escada sobre um muro, numa movimentada rua de Londres, os transeuntes se viram confrontados com um dilema: continuar caminhando pela calçada e passar debaixo da escada, ou descer do meio-fio e arriscar-se no meio do trânsito. Sete de cada dez pedestres evitaram a escada.
Deveras, muitas pessoas, se pressionadas, admitirão alimentar uma ou duas superstições favoritas. Que dizer do leitor? Sente, as vezes, o impulso de bater na madeira, cruzar os dedos, ou jogar um pouco de sal por cima do ombro esquerdo? E, caso sinta, já parou alguma vez para pensar qual a razão?
As superstições não são encaradas por alguns como tão sérias assim. Como explica o autor Robertson Davies: “A parapsicologia, os OVNI, as curas milagrosas, e a meditação transcendental . . . são condenados, mas a superstição é simplesmente deplorada.”
Outros consideram as superstições como insignificantes, e como não sendo de forma alguma sérias. “Vamos encará-las com tolerância e humor”, afirma um livro sobre superstições. Muitos fazem isso. Eles arrazoam: ‘Se não fazem nenhum bem, pelo menos são inofensivas.’ Mas serão mesmo?

Inofensivas ou Prejudiciais?
O Catecismo da Igreja Católica define:
2111 - A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesmas legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclu­sivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramen­tais, sem levar em conta as disposições interiores que elas exigem, é cair na superstição.

“Não existe comportamento sem significado”, afirma o Dr. Alan Dundes, professor universitário de folclore. “As pessoas não praticariam certos costumes a menos que significassem algo para a psique.” Estas crenças supersticiosas, afirmam os pesquisadores, não são senão “uma janela para a psique”. Assim, por que não abrimos essa “janela” para vermos que razões existem por trás dela?
O psicólogo Edward Hornick afirma que “as superstições são um dos melhores suportes da vida”. Mas não concorda que o valor de um suporte, ou apoio, depende do tipo de alicerce que possui? Por exemplo, a cadeira em seu duro piso da cozinha constitui um excelente e inofensivo suporte. Mas sentar-se-ia nessa cadeira se ela estivesse sobre areia movediça? Naturalmente que não.
O mesmo fator determinante se aplica às superstições, “os melhores suportes da vida”. Qual é seu alicerce? Baseiam-se em sólidos ensinos da Bíblia, da Igreja, da razão ou, talvez, em idéias religiosas falsas, parecidas a areias movediças?
‘Que exagero!’, talvez pense. ‘Não consigo ver como é que evitar uma escada, bater na madeira, ou costumes parecidos a esses, tenham algo que ver com crenças religiosas.’ Todavia, existe uma relação.
O mesmo acontece com a superstição de jogar sal por cima do ombro esquerdo.
O sal, uma substância preservativa, veio a simbolizar a vida e a boa sorte. Se deixar cair um pouco dele, segundo a superstição, terá de apaziguar o Diabo e os demônios. E, visto que estão sempre à sua esquerda, o lado sinistro (sinister é a expressão latina para “do lado esquerdo”), terá de jogar um pouco dele por sobre o ombro esquerdo. Será que apaziguar subentende fazer concessões? Sim, e isso significa agir em desafio a alguns avisos das Escrituras, como: “Oponde-vos ao Diabo”, “nem deis margem ao Diabo”, e que “vos possais manter firmes contra . . . [o] Diabo”. (Tiago 4,7; Efésios 4,27; 6,11) Por conseguinte, tal superstição também se baseia em crenças contrárias à Bíblia.


TEMOR DO DESCONHECIDO
Superstição é definida como “crença ou prática resultante de ignorância, temor do desconhecido, confiança na magia ou na sorte”. Prende as pessoas apenas enquanto elas permanecem ignorantes e crêem nela. Quando o supersticioso adquire verdadeiro conhecimento e nota a irracionalidade de suas crenças, o poder que a superstição exercia sobre ele desaparece. E a melhor fonte de conhecimento para neutralizar a superstição é a Bíblia e os ensinos da Igreja.
Wawa descobriu isso. Depois de aprender qual é realmente a condição dos mortos, ela perdeu o medo. Parou de fazer as coisas exigidas pela superstição e não sofreu dano. Ela sabe agora que seus temores supersticiosos eram desnecessários.
Muitos africanos passam pela mesma coisa. Quando lêem na Bíblia que Deus criou cada animal “segundo a sua espécie”, compreendem que Mami Wata — metade peixe, metade humana — não poderia existir. (Gênesis 1,20-27) Além disso, nenhum pescador jamais pegou tal criatura em suas redes e a exibiu. De modo similar, dão-se conta de que um feiticeiro não poderia transformar alguém num leopardo ou num crocodilo, visto serem ‘espécies’ completamente diferentes.
A Bíblia, também, chama os animais de “irracionais”. (2 Pedro 2,12) Assim, como pode uma ave ou um cão saber que alguém irá morrer? Ou como pode uma serpente ou um camaleão (ou um gato preto, na Europa) causar calamidade a alguém cujo caminho porventura cruze? De fato, como pode um feiticeiro predizer o futuro, quando a Bíblia diz que só Deus realmente conhece o futuro. (Isaías 44,6-8) A razão nos diz que não podem, assim como tampouco as estrelas e os planetas, bilhões de quilômetros distantes, podem fazer qualquer diferença na vida dos que crêem em horóscopos aqui no planeta Terra.
‘Mas’, alguém talvez objete, ‘uma cobra cruzou meu caminho, e dois dias depois meu filho mais velho adoeceu’! Naturalmente, isso pode acontecer. Mas, que dizer de todos aqueles cujos filhos adoecem e que não viram serpentes ou camaleões? Ou, que dizer daqueles que vêem tais criaturas, mas que não têm problemas logo depois? Descrevendo as coisas pelas quais os homens passam, a Bíblia diz: “O tempo e o acaso ocorrem a todos eles.” (Eclesiastes 9,11, A Bíblia de Jerusalém) Sim, coisas podem acontecer simplesmente por acaso. Por a pessoa estar em determinado lugar no momento errado, talvez fique ferida numa tempestade. Doenças e acidentes não precisam ser causados por algum ardil dum inimigo. Muitos estão descobrindo isso, e agora a vida deles não é controlada mais por temores supersticiosos.

São Prejudiciais — De que Modo?
‘Isso pode ser verdade, mas, quando evito uma escada, ou jogo sal, não estou nem sequer pensando no Diabo, quanto menos honrando-o’, talvez objete. ‘É apenas um hábito. Como poderia ser-me prejudicial?’ Da seguinte forma: Se sabe que certos costumes supersticiosos se baseiam em mentiras, mas continua a praticá-los, então é como a pessoa que sabe que sua cadeira se apóia em areia movediça, mas que diz: ‘Simplesmente não vou pensar em areia movediça, de modo que não me fará mal’, e senta-se de qualquer modo naquela cadeira. (Apocalipse 22,15) Tal pessoa corre perigo, e, da mesma forma, talvez o leitor. Por quê?
Talvez passe a confiar cada vez mais em superstições, e, antes que se dê conta, elas talvez governem sua vida. E visto que as superstições se baseiam em mentiras, poderia tornar-se, com efeito, um escravo do “pai da mentira”, Satanás. (João 8,44) Isso, por sua vez, poderá levá-lo à escravidão a outra prática baseada em mentiras — o espiritismo.
Na verdade, à primeira vista, as superstições parecem bastante inofensivas, mas, se as examinar mais detidamente, discernirá o que realmente são — no mínimo, inúteis, e, no máximo, prejudiciais.

“Lembre-se, também, que as superstições oferecem ao indivíduo imaturo uma desculpa para lançar a culpa de sua má sorte em algum poder além de si próprio.” — Superstitious? Here’s Why! (É Supersticioso? Eis a Razão!)

Fonte: revistas cristãs e adaptado por Emerson de Oliveira

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