O cristão pós-moderno

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O cristão pós-moderno come. Come muito. É insaciável. Está sempre com comida de plástico na mão, pronto a deglutir. Come qualquer coisa desde que não lhe dê muito trabalho a mastigar. Aliás, ele não mastiga, apenas engole. E por isso passa ciclicamente por dores de estômago, que atribui a causas desconhecidas ou a um chato dum desmancha-prazeres a que chama diabo.

O cristão pós-moderno conhece todas as marcas de fast food e está sempre atento às campanhas publicitárias de novos produtos. Um novo hamburger, um novo donut, um novo cachorro-quente, uma nova cola ou refrigerante. Mas não é capaz de dar um copo de água a quem tem sede. Tudo sabe, tudo conhece. Não há novidade que lhe escape.

O cristão pós-moderno está gordo, tem peso a mais. É extremamente sedentário. Limita-se a receber calorias em excesso, mas quer sempre mais. Mais um livro, com uma nova revelação de quem acabou de descobrir a pólvora, mais um CD de louvor xpto, com canções iguais a milhentas outras que já conhece, mais um DVD com uma alta produção de quinhentos músicos em palco, mais uma pregação de uma estrela do universo tele-evangélico, pensada e encenada para impressionar.

O cristão pós-moderno domina as tecnologias da informação. Acessa aos blogues e sites dos famosos, segue-os no Twitter, está presente nas redes sociais, e pesquisa abundantemente na internet, sobre os mais variados assuntos, de preferência sobre escatologia e temas tão ou mais controversos do que este.

Esta overdose de informação dá-lhe bases para debitar uns soundbites sobre isto e aquilo, embora não consiga ter um pensamento estruturado, mas nada do que recebe tem qualquer impacte sobre o seu carácter e vida pessoal.

O cristão pós-moderno julga-se perfeito nas formas, como o homem vitruviano. Porém, está doente, gordo, feio e nu. E não sabe.

Fonte: Genizah

1 comentários:

Jair disse...

Adorei!!! É uma ótima auto-critica.Alias, serve para todos,cristãos, mulçumanos, budistas inclusive ateus rs rs rs
JairPPereira

Postar um comentário