A primeira civilização ateísta global rumo ao desastre

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Hilary White
A primeira civilização global e deliberadamente ateísta está rumando para o desastre, o primeiro presidente da moderna República Checa disse para uma audiência esta semana. Vaclav Havel, uma das figuras políticas e literárias mais respeitadas na recente história da Europa, disse que o Ocidente “perdeu sua conexão com o infinito e com a eternidade”, com o resultado de que “o incessante coletivismo consumista está dando a luz um novo tipo de solidão”.
A desconexão do Ocidente com a eternidade, disse ele, “é porque o Ocidente sempre dá prioridade aos lucros de curto prazo em detrimento dos lucros de longo prazo. É importante se um investimento dá retornos dentro de dez ou quinze anos, é menos importante como influenciará a vida de nossos descendentes em cem anos”.
Havel, dramaturgo, ensaísta e dissidente anticomunista que foi uma figura chave na derrota do comunismo soviético, serviu como o décimo e último presidente do Estado do bloco soviético da Checoslováquia e como o primeiro presidente da República Checa de 1993–2003. Falando na abertura na conferência Fórum 2000 em Praga desta semana, Havel disse que a menos que a humanidade recupere o sentido da razão e se torne mais humilde, sua civilização global e ateísta está condenada à destruição.
O orgulho da civilização global, disse ele, não é “só uma miopia de contágio global, mas também uma autoconsciência inchada dessa civilização, cujos atributos básicos incluem a ideia arrogante de que sabemos tudo e o que ainda não sabemos logo descobriremos, porque sabemos como chegar até lá”.
“Estamos convencidos de que essa nossa suposta onisciência que proclama o progresso surpreendente da ciência e tecnologia e do conhecimento racional em geral nos permite servir a qualquer coisa que é comprovadamente útil, ou que seja simplesmente uma fonte de lucro mensurável, qualquer coisa que induza ao crescimento e mais crescimento e ainda mais crescimento, inclusive o crescimento das aglomerações”.
A atual crise financeira do mundo, disse ele, é o resultado do orgulho, chamando-a de “um chamado bem pequeno e discreto à humildade”.
“É um aviso contra a indevida autoconfiança e orgulho da civilização moderna”.
“A conduta humana não é inteiramente imprevisível como acreditam muitos criadores de teorias e conceitos econômicos. E essa ideia é ainda menos verdadeira com relação a firmas e instituições ou comunidades inteiras”, disse ele.
“Com o culto do lucro mensurável, progresso comprovado e utilidade visível aí desaparece o respeito pelo mistério e junto a humilde reverência por tudo o que jamais mediremos e saberemos, sem mencionar a questão controvertida do infinito e eterno, que até recentemente eram os horizontes mais importantes de nossas ações”.
A conferência Fórum 2000 em Praga, fundada por Havel, “tem como objetivo identificar as questões chaves com as quais a civilização está se defrontando e explorar maneiras de impedir a intensificação de conflitos que têm a religião, a cultura ou a etnicidade como fatores principais”. O tema da conferência deste ano, a qual se encerrou na terça-feira, foi “The World We Want to Live in” (O Mundo em que Queremos Viver).

Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
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