Por que tantos crimes violentos?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Todos os crimes são perversos. Mas crimes aleatórios, ou sem causa específica, são mais difíceis de entender. Serem cometidos muitas vezes sem motivo óbvio desafia os investigadores. Com a grande melhora nos meios de comunicação de massa nos anos recentes, esses crimes terríveis chegam ao conhecimento de milhões, ou até mesmo bilhões, de pessoas em questão de horas. Um relatório da Organização Mundial da Saúde diz que “a violência afeta todos os continentes, todos os países e a maioria das comunidades”.
Mesmo em lugares que em anos passados eram considerados relativamente seguros tem havido mais casos de violência sem sentido. O Japão, por exemplo, por muito tempo teve um baixo índice de crimes violentos. No entanto, em Ikeda, em junho de 2001, certo homem com uma faca de açougueiro invadiu uma escola para atacar as pessoas. Em 15 minutos, matou 8 crianças e feriu 15. Acrescentando isso a outros relatos do Japão, como o de jovens que matam desconhecidos pelo simples prazer de matar, chega-se à conclusão óbvia de que as coisas mudaram.
Mesmo em países de alta incidência de crimes, certos atos insanos revoltam a opinião pública. Foi assim depois do ataque de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, em Nova York. O psicólogo Gerard Bailes disse: “Esse ataque transformou o mundo num lugar totalmente desconhecido e perigoso, em que não se pode predizer o que vai acontecer.”

Por que fazem essas coisas?
Não existe um fator único que explique essa variedade de violência insana. O que dificulta entender alguns crimes é sua natureza irracional. Por exemplo, é difícil entender por que alguém mataria a facadas pessoas totalmente desconhecidas, ou por que alguém passaria de carro atirando a esmo contra uma casa.
Há quem afirme que a violência é inerente ao ser humano. Outros argumentam que os crimes insanos não podem ser explicados como parte inevitável da natureza humana.

Muitos especialistas acreditam na existência de várias circunstâncias e fatores catalisadores que levam pessoas a cometer atos irracionais e violentos. Um relatório da Academia do FBI (Departamento Federal de Investigações), dos Estados Unidos, chega a dizer: “O homicídio não é um ato praticado por um indivíduo equilibrado e racional.” Alguns especialistas discordam do fraseado dessa afirmação, mas muitos concordam com o que ela implica. Por alguma razão, o modo de pensar dos praticantes de crimes sem sentido não é normal. Algo afetou seu raciocínio a ponto de praticarem o inimaginável. Que fatores levam pessoas a cometerem tais atos? Examinemos várias possibilidades mencionadas por especialistas.

Ruptura da vida familiar
Um repórter perguntou a Marianito Panganiban, porta-voz do Departamento Nacional de Investigações das Filipinas, a respeito da formação dos que cometem crimes extremos. Ele comentou: “Eles vêm de famílias desfeitas. Carecem de cuidados e de amor. A fibra moral dessas pessoas entra em colapso, por lhes faltar orientação e, assim, se desencaminham.” Muitos pesquisadores afirmam que relações familiares péssimas e um histórico de violência na família são comuns entre criminosos agressivos.
O Centro Nacional de Análise de Crimes Violentos, dos EUA, publicou um relatório alistando fatores que poderiam identificar jovens com potencial de cometer crimes de morte na escola. Estão incluídos os seguintes fatores familiares: relação pai—filho conturbada, pais incapazes de reconhecer problemas nos filhos, falta de achego, pais que estabelecem poucos (ou nenhum) limites para a conduta dos filhos e crianças extremamente retraídas, que levam uma vida dupla, ocultando dos pais uma parte de sua vida.
Muitas crianças hoje são vítimas da ruptura familiar. Outras têm pais que dispõem de pouco tempo para elas. Milhares de jovens cresceram sem orientação moral e familiar adequada. Alguns estudiosos acham que situações assim podem produzir crianças que não desenvolvem a capacidade de interagir com outros, o que lhes facilita cometer crimes contra o próximo, muitas vezes sem remorso.

Grupos e cultos de ódio
As evidências indicam que alguns grupos ou cultos de ódio têm tido forte influência na prática de certos crimes. Em Indiana, EUA, um rapaz negro de 19 anos saiu de um shopping center e se dirigia a pé para casa. Momentos depois, jazia ao lado da rua com uma bala na cabeça. Ele havia sido alvejado por outro rapaz que o escolheu a esmo. Por quê? O assassino alegadamente queria ingressar numa organização de supremacia branca e granjear o direito a uma tatuagem em forma de teia de aranha por ter matado uma pessoa negra.
O ataque com gás nervoso no metrô de Tóquio, em 1995; o suicídio em massa em Jonestown, Guiana e as mortes na Suíça, no Canadá e na França de 69 membros da Ordem do Templo Solar ocorreram todos sob inspiração de cultos. Tais exemplos ilustram a forte influência de certos grupos sobre o modo de pensar de algumas pessoas. Líderes carismáticos têm levado pessoas a fazer coisas “inimagináveis” tentando-as com alguma suposta recompensa.

A mídia e a violência
Alguns apontam a evidência de que vários meios de comunicação modernos podem estimular a conduta agressiva. Argumenta-se que a exposição regular à violência retratada na televisão, nos filmes, nos jogos eletrônicos e na internet pode cauterizar a consciência e inspirar crimes violentos. O Dr. Daniel Borenstein, presidente da Associação Americana de Psiquiatria, declarou: “Já existem mais de 1.000 estudos, baseados em mais de 30 anos de pesquisas, que demonstram uma relação de causa e efeito entre a violência na mídia e o comportamento agressivo de algumas crianças.” Perante uma comissão do Senado americano, o Dr. Borenstein afirmou: “Estamos convencidos de que a repetida exposição à violência como meio de entretenimento, em todas as suas formas, tem significativas implicações na saúde pública.”

Muitas vezes são mencionados casos específicos em apoio do acima. No caso do atirador que matou a sangue frio o casal que observava o nascer do sol na praia, mencionado no artigo anterior, os promotores apresentaram evidência de que o desejo de matar por emoção tinha ligação com o fato de o jovem ter assistido várias vezes a um filme violento. E, segundo depoimentos, os dois alunos que mataram 15 pessoas a tiros numa escola costumavam brincar, por horas a fio todos os dias, com jogos eletrônicos violentos. Além disso, assistiam repetidas vezes a filmes que glorificavam a violência e a matança.

Drogas
Nos Estados Unidos, o índice de homicídios cometidos por adolescentes triplicou num período de oito anos. Qual é um dos fatores, segundo os especialistas? As gangues, em especial as envolvidas com o crack, um subproduto da cocaína. Entre mais de 500 homicídios recentes em Los Angeles, Califórnia, “segundo a polícia, 75% se relacionavam com gangues”.
Um relatório da Academia do FBI declarou: “O número de casos de homicídios relacionados com drogas é anormalmente elevado.” O abuso de drogas distorce o raciocínio de algumas pessoas e as leva a matar. Outras usam a violência em defesa de seu controle do narcotráfico. Obviamente, as drogas constituem um fator poderoso que influencia pessoas a cometer atos terríveis.

Fácil acesso a armas destrutivas
Conforme mencionado no artigo anterior, um único atirador na Tasmânia, Austrália, matou 35 pessoas e feriu 19. Ele utilizou armas semi-automáticas de uso militar. Isso leva muitos a concluir que o acesso fácil a tais armas é outro fator no aumento de crimes violentos.
Um relatório indica que no Japão ocorreram apenas 32 homicídios com armas de fogo, em 1995, na maioria deles bandido matando bandido. Nos Estados Unidos, porém, ocorreram mais de 15.000 casos. Por que essa diferença? Alguns apontam como uma das razões as estritas leis sobre o porte de armas no Japão.
A incapacidade de lidar com as realidades da vida
Ao ouvirem falar de certas atrocidades, alguns talvez digam: ‘Essa pessoa deve estar louca!’ Mas nem todos os indivíduos que cometem tais crimes são mentalmente perturbados. Muitos, na verdade, têm dificuldades de lidar com as realidades da vida. Especialistas apontam desvios de personalidade que podem levar a atos extremos. Entre esses desvios, estão os seguintes: deficiências de aprendizado e de convívio social; efeitos negativos de abusos físico ou sexual; caráter anti-social; ódio a certos grupos, como mulheres; falta de remorso na prática do mal e desejo de manipular outros.
Seja qual for o problema, alguns ficam tão desgastados pela sua dificuldade que seu raciocínio se altera, o que pode levá-los a cometer atos estranhos. Um exemplo é o de uma enfermeira que tinha um desejo anormal de receber atenção. Ela injetava em criancinhas um relaxante muscular que provoca parada respiratória. Daí ela se deliciava com a atenção que recebia ao “salvar” cada criança. Infelizmente, não conseguia reativar a respiração em todas elas. Foi condenada por assassinato.
O acima deixa claro que existe uma combinação de fatores que leva pessoas a cometer crimes violentos. Mas a nossa lista estaria incompleta se omitíssemos mais um fator muito importante.

O que a Bíblia tem a dizer
A Bíblia nos ajuda a entender o que está acontecendo no mundo e por que as pessoas praticam atos tão extremos. Ela descreve com exatidão atitudes comuns à nossa volta. Por exemplo, a lista em 2 Timóteo 3,3-4 diz que as pessoas não teriam “afeição natural” e seriam “sem autodomínio, ferozes, sem amor à bondade” e ‘teimosas’. Outro livro bíblico cita as palavras de Jesus: “O amor da maioria se esfriará.” — Mateus 24,12.
A Bíblia diz também: “Nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar.” (2 Timóteo 3,1) Sim, o que vemos são evidências de que estamos vivendo em parte neste sistema. As condições, bem como as atitudes das pessoas, estão em franco declínio. Podemos esperar uma solução imediata? A Bíblia responde: “Os homens iníquos e os impostores passarão de mal a pior.” — 2 Timóteo 3,13.
Significa isso que a humanidade está condenada a um ciclo sem fim de atrocidades e escalada do crime?

PREDESTINADOS À VIOLÊNCIA?
  Alguns argumentam que a propensão à violência ou a matar sempre foi algo inato nos seres humanos. Para os defensores da evolução nós nos originamos de animais selvagens e simplesmente herdamos suas características violentas. Essas teorias nos condenariam a um ciclo infindável de violência sem esperança de escape.
  No entanto, existe muita evidência em contrário. As teorias mencionadas acima não explicam por que em diferentes culturas existem amplas variações na frequência e nos tipos de violência. Não indicam por que em certas culturas reagir com violência parece ser a regra, ao passo que outras sociedades relatam bem pouca violência, com índice de assassinatos quase zero. O psicanalista Erich Fromm expôs falhas na teoria de que herdamos a agressividade de primatas destacando que, embora alguns deles sejam violentos em resultado de necessidades físicas ou de autodefesa, sabe-se que os humanos são os únicos que matam pelo simples prazer de matar.
  Em seu livro The Will to Kill—Making Sense of Senseless Murder (A Vontade de Matar — Como Entender o Homicídio Insano), os professores James Alan Fox e Jack Levin dizem: “Alguns indivíduos são mais propensos à violência do que outros, mas o livre-arbítrio ainda está presente. A vontade de matar, embora governada por numerosas forças internas e externas, ainda inclui fazer uma escolha e decisão humanas e, com isso, vem responsabilidade e culpabilidade.”


JOGOS DE COMPUTADOR VIOLENTOS — O PONTO DE VISTA DE UM MÉDICO
  O Dr. Richard F. Corlin, ex-presidente da Associação Médica Americana, fez uma palestra para um grupo de formandos em medicina na Filadélfia, Pensilvânia, EUA. Ele falou de jogos de computador que incentivam a violência. Em alguns desses jogos ganha-se pontos para ferimentos superficiais, mais pontos para um tiro no corpo e ainda mais para um tiro na cabeça. O sangue jorra e tecidos do cérebro se esparramam por todo lado.
  O Dr. Corlin comentou que não permitimos que crianças dirijam, que tomem bebidas alcoólicas e que fumem. Daí ele disse: “Mas permitimos sim que sejam treinadas como atiradores numa idade em que ainda não desenvolveram o controle de seus impulsos e não têm nenhuma maturidade e disciplina necessárias para usar com segurança as armas com as quais brincam.  . . . Temos de ensinar aos nossos filhos desde o início que a violência [tem] conseqüências — sérias conseqüências — sempre.”
  Infelizmente, em vez de serem ensinadas que o crime tem conseqüências, as crianças muitas vezes são as vítimas inocentes de crimes violentos. As estatísticas mostram que as armas de fogo matam dez crianças por dia nos Estados Unidos. O Dr. Corlin diz: “Os Estados Unidos lideram o mundo — na taxa de crianças que são mortas por armas de fogo.” Sua conclusão? “A violência com armas de fogo é uma ameaça à saúde pública do nosso país. Isso é um fato.”

FATORES QUE LEVAM A CRIMES VIOLENTOS

Muitos especialistas acham que as seguintes coisas podem contribuir para crimes insanos:
Ruptura familiar
Grupos de ódio, extremistas
Cultos perigosos
Diversão violenta
Exposição à violência real
Abuso de drogas
Incapacidade de lidar com problemas
Acesso fácil a armas destrutivas
Certos tipos de doença mental

Extraído de revistas cristãs

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