TEXTO BASE:
“E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” (Jô 9,1-3)
Convém que definamos o que seja Evangelho. O significado da palavra Evangelho é boa notícia ou boa nova. E qual é a boa notícia que recebemos da parte de Deus?
O que significa pregar o Evangelho?
Trazer a boa notícia?
Que boa notícia é essa?
A boa notícia é que o único Filho de Deus, Senhor Jesus Cristo veio nos salvar, pois Deus estava nEle reconciliando-Se conosco.
Jesus é o único Filho GERADO de Deus, nós como seus discípulos somos filhos de Deus por ADOÇÃO. Só Jesus é da mesma natureza, poder, glória e substância do Pai:
“Porque nele (em Cristo) habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9).
Então qualquer outra notícia, ensino ou doutrina que não diga respeito a encarnação do Filho de Deus que veio cumprir os mandamentos de Deus em nosso lugar para selar a paz entre Deus e os Homens, é OUTRO evangelho, outro noticiário, outra mensagem e não o Evangelho. Por isso que Paulo diz no capítulo primeiro de Gálatas que mesmo que um anjo do céu nos pregue OUTRO evangelho que seja maldito.
Pois bem, por que estou falando isso antes de discorrer a respeito deste texto base lá em cima? Porque quero deixar claro que não sou CONTRA as religiões, tão somente sou a favor do Evangelho.
É no Evangelho que eu tiro meus comentários, minhas críticas e meus elogios, não há opinião pessoal a respeito das muitas crenças, mas posições do Evangelho a respeito de qualquer assunto. Quem quiser argumentar em contrário ou ficar irado comigo, discuta com o Evangelho de Jesus Cristo, pois não tenho opiniões contrárias ao Evangelho.
Quando digo o Evangelho me refiro a tudo o que se alinha ao ensino de Jesus e não somente aos quatro primeiros livros do Novo Testamento. Portanto aceito as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento TODA, e não apenas partes dos textos contidos nos quatro primeiros livros do Novo Testamento.
Há Evangelho por todas as Escrituras e não somente nos quatro primeiros livros do Novo Testamento, por isso Jesus ensinou Seus discípulos a lerem TUDO a partir dEle:
“E (Jesus), começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24.27).
Portanto leia as Escrituras a partir de Jesus e não Jesus a partir das Escrituras.
Agora que já esclareci o que seja o Evangelho, vamos entender exatamente o que Jesus estava dizendo no texto base.
“...quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?...”
A primeira coisa a saber em relação a este texto é que os discípulos de Jesus, assim como nós, sempre coam o mosquito e engolem o camelo, pois quem está preocupado com a filosofia do sofrimento, é porque não está nem aí para o sofredor e isso é pecado.
Pecamos por não amar, pecamos por deixar que o essencial que é a ajuda ao próximo, seja adiada para satisfazer nossa curiosidade mórbida por não termos fé. Digo isso porque precisamos de um culpado quando vemos alguém sofrendo ou quando nós mesmos sofremos.
O que interessa quem pecou se a pessoa está sofrendo? Isso interessa por quê? Pra quem? O que interessa é amarmos ao próximo como a nós mesmos não é? Então pra que a pergunta idiotada ANTES do socorro?
A segunda coisa a saber é que há duas possibilidades levantadas pelos discípulos, a saber:
1º) Ele mesmo tenha pecado – esta corresponde a reencarnação, ao carma, talvez ele fosse culpado por algo numa outra vida e nesta encarnação estivesse sendo punido por algo que ele supostamente teria feito na outra vida.
2º) Que seus pais tivessem sido idólatras e portanto houvesse nele uma maldição hereditária para a punição dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração.
A resposta de Jesus é simples e objetiva:
“Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus”.
Ou seja: neste caso de cegueira de nascença nem é uma questão de carma, nem é uma questão de desobediência de seus pais, mas tão somente para que eu o encontrasse aqui e agora, nesta geografia, neste momento histórico e o curasse, “para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças” (MT 8,17), por isso ele nasceu cego.
Muito bem, Jesus explicou claramente que este cego específico nasceu cego para que a obra de Deus se manifestasse nele, ou seja: para que fosse curado por Cristo.
Porém, Jesus não explicou absolutamente NADA dos motivos que OUTRAS pessoas nascem cegas, surdas, mancas, paralíticas, miseráveis...
Então muito bem, como Deus não explica NADA de Seus motivos soberanos de permitir que o mundo seja como é, surgem as religiões para explicar o que Deus não quis explicar.
O espiritismo e os carmas aparecem para explicar exatamente isso que Deus não explica, as doutrinas de maldições hereditárias também aparecem para explicar o inexplicável, pois ninguém se contenta em ajudar os necessitados, os pobres, os doentes, os coxos, os mudos, os cegos, os desgraçados, SEM perguntar POR QUÊ???
Gente, Jesus não respondeu porque isso acontece, aliás Ele não responde praticamente NADA das nossas curiosidades, tão somente diz: “Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (Jo 3,12).
Em Deuteronômio 29,29 lemos: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.
Então meu amigo, fiquemos nas coisas reveladas e preocupemos com o sofredor e não com a filosofia do sofrimento, pois o que é vida é a caridade, o amparo, o auxílio, a misericórdia e o amor ao próximo. Todo o resto pode esperar, até o conhecimento das causas do sofrimento humano pode esperar, só o que não pode esperar é a prática do amor ao próximo.
Amar a Deus é confiar que Ele sabe o que faz e que mesmo que não entendamos, Ele está no comando, Ele controla tudo e é justo para com todos, “porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza (II Co 12,9).
Pense nisso!
Cláudio Nunes Horácio
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