O que realmente é o Evangelho?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NA ÉPOCA do Natal, as pessoas em muitos lugares ouvem falar do Evangelho e até mesmo falam sobre ele. É um termo muito comum, mas, será que tem um significado mais profundo do que a maioria imagina? Será que o Evangelho significa algo excepcionalmente bom para você e seus entes queridos?
“Evangelho” significa “boas novas” e, certamente, boas novas são bem-vindas, não só na época do Natal, mas em qualquer ocasião. O Evangelho, porém, não constitui meramente boas novas comuns. São boas novas específicas duma fonte definida e sobre determinado assunto. Na verdade, trata-se de uma mensagem que Deus mandou anunciar a toda a humanidade.
Eugênio Sales, arcebispo do Rio de Janeiro, falou dessas boas novas ao exortar: “Devemos agir de acordo com o Evangelho e não com a luz das ideologias.” Ele estava certo. Agir de acordo com o Evangelho, porém, requer que saibamos o que o Evangelho é. Como podemos saber isso? E em que sentido agir de acordo com o Evangelho nos será benéfico?

O Que É o Evangelho?
A natureza do Evangelho muitas vezes não é bem entendida. Em 1918, o Conselho Federal das Igrejas de Cristo na América aclamou a agora extinta Liga das Nações como ‘a expressão política do Reino de Deus na Terra’ e declarou que a Liga estava “arraigada no Evangelho”. Esse organismo fracassou totalmente no seu objetivo de preservar a paz. É evidente que o Conselho das Igrejas estava errado. A Liga das Nações nada tinha a ver com o Evangelho.
Nos últimos anos, promotores da teologia da libertação têm se referido com freqüência ao Evangelho ao exporem suas idéias sobre reformas políticas ou sociais. Com isso eles desconsideraram o verdadeiro Evangelho. A revista Veja comentou: “A Igreja Católica passou a optar pelo reino social, negligenciando as carências espirituais de seus fiéis. Quem buscava num sermão a palavra Deus encontrava muitas vezes apenas a peroração contra as injustiças sociais.”
Alguma melhora nas condições de vida ou uma mudança no sistema político talvez sejam boas novas para alguns. Todavia, não são as boas novas, o Evangelho. Admitindo o fracasso de sua igreja em pregar o verdadeiro Evangelho, certo bispo disse: “Nós negligenciamos a orientação espiritual de nossos fiéis desde a década de 60 devido a uma interferência materialista em nossa doutrina.”
Um relatório na revista Time, dos Estados Unidos, sugere que também os protestantes perderam de vista o Evangelho. Disse a revista: “As denominações tradicionais não somente não conseguem fazer entender a sua mensagem; elas estão cada vez mais inseguras quanto a o que exatamente é esta mensagem.” Qual deveria ser a mensagem do Evangelho? O que é o Evangelho?

Identificação do Evangelho
O Webster’s Ninth New Collegiate Dictionary define “Evangelho” como “mensagem a respeito de Cristo, do reino de Deus e da salvação”. A palavra “evangelho” é também definida como “interpretação da mensagem cristã (o evangelho social)”; “a mensagem ou os ensinos dum instrutor religioso”. Aplicam-se todas essas definições? Não, não se estivermos falando de o Evangelho. O verdadeiro Evangelho baseia-se na Bíblia; portanto, apenas a primeira dessas três definições é exata. As últimas duas refletem apenas o sentido que a palavra “evangelho” veio a assumir nos dias de hoje.
Em harmonia com tal conceito, o Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento, de Vine (em inglês) diz que, no Novo Testamento, o Evangelho “denota as boas novas do Reino de Deus, e de salvação por meio de Cristo, a ser alcançada por meio da fé, à base de Sua morte expiatória”. É importante entender isso, pois a compreensão correta das verdadeiras boas novas tem muito a ver com o nosso bem-estar presente e a nossa felicidade futura.

Mensagem Específica
Conforme mostra essa obra de referências, o Evangelho relaciona-se intimamente com Jesus Cristo — tanto assim que os quatro relatos bíblicos sobre a vida de Jesus na Terra são chamados de quatro Evangelhos. Desde o começo de sua vida humana, as notícias sobre Jesus eram boas novas. Ao anunciar o seu nascimento, um anjo disse: “Eis que vos declaro boas novas [ou: um evangelho] duma grande alegria que todo o povo terá, porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, o Senhor.” — Lucas 2,10-11.
O recém-nascido Jesus, que é o Deus encarnado, cresceria para se tornar o Cristo, o prometido Messias. Revelaria o propósito de Deus de salvar a humanidade, entregaria a sua vida humana perfeita a favor dela, seria ressuscitado e tornar-se-ia então o Rei escolhido do Reino de Deus. Deveras boas novas! É por isso que a mensagem a seu respeito é chamada de Evangelho.

O Catecismo sintetiza plenamente o que é o santo Evangelho:
75 - "Cristo Senhor, em quem se consuma a revelação do Sumo Deus, ordenou aos Apóstolos que o Evangelho, prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua própria boca promulgado, fosse por eles
pregado a todos os homens como fonte de toda a verdade salvífica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos".

A PREGAÇÃO APOSTÓLICA...

76 - A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:
* ORALMENTE - "pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições, transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo";
* POR ESCRITO - "como também por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação".

...CONTINUADA NA SUCESSÃO APOSTÓLICA
77 - "Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles "transmitindo seu próprio encargo de Magistério". Com efeito, "a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos tempos".


Durante o seu curto ministério terrestre, Jesus foi muito zeloso na pregação das boas novas. Lemos no Evangelho de Mateus: “Jesus empreendeu uma viagem por todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles e pregando o Evangelho do reino.” (Mateus 9,35) Ele não pregava apenas para que as pessoas se sentissem melhor. Marcos registra as palavras de Jesus: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho.” (Marcos 1,15) Sim, aqueles que acatavam o Evangelho e as obedeciam verificavam que estas lhes mudavam a vida.
Após a morte de Jesus seus seguidores continuaram a pregar o Evangelho. Não somente falavam sobre o Reino, mas também acrescentavam a ótima notícia de que Jesus havia sido ressuscitado e conduzido à mão direita de Deus nos céus e que havia oferecido o valor de sua vida humana perfeita a favor da humanidade.  — Atos 2,32-36; 2 Tessalonicenses 1,6-10; Hebreus 9,24-28; Apocalipse 22,1-5.

O Catecismo continua aqui:
125 - Os Evangelhos são o coração de todas as Escrituras, "uma vez que constituem o principal testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador".

A finalidade da Bíblia é mostrar a história de salvação, a obra salvifica de Jesus Cristo. Tudo começa e termina Nele. Que neste Natal, mais do que presentes materiais, as pessoas peçam dons a Deus, dons de fé, esperança e caridade.
Terminando aqui, vale o dito de S. Agostinho: "Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas. - Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja católica".

Extraído de revistas cristãs e adaptado por Emerson de Oliveira

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