Perservar num sofrimento - difícil, mas impossível?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

É especialmente importante olhar para Deus para nos dar a sabedoria de lidar com situações provadoras. Devemos pedir-lhe ajuda, nunca duvidando de que nos ajudará por meio do Espírito Santo. Note o bom conselho sobre isso, dado pelo discípulo Tiago:
Considerai tudo com alegria, meus irmãos, ao enfrentardes diversas provações, sabendo que esta qualidade provada da vossa fé produz perseverança. Mas, a perseverança tenha a sua obra completa, para que sejais completos e sãos em todos os sentidos, não vos faltando nada. Portanto, se alguém de vós tiver falta de sabedoria, persista ele em pedi-la a Deus, pois ele dá generosamente a todos, e sem censurar; e ser-lhe-á dada. Mas, persista ele em pedir com fé, em nada duvidando, pois quem duvida é semelhante a uma onda do mar, impelida pelo vento e agitada. De fato, não suponha tal homem que há de receber algo de Deus; ele é homem indeciso, instável em todos os seus caminhos. — Tia. 1,2-8.

O Catecismo também nos dá uma nuance da situação:
272 - A fé em Deus Pai Todo-Poderoso pode ser posta à prova pela experiência do mal e do sofrimento. Por vezes, Deus pode parecer ausente e incapaz de impedir o mal. Ora, Deus Pai revelou sua Onipotência da maneira mais misteriosa no rebaixamento voluntário e na Ressurreição de seu Filho, pelos quais venceu o mal. Assim, Cristo crucificado é "poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens" (1Cor 1,25). Foi na Ressurreição e na exaltação de Cristo que o Pai "desdobrou o vigor de sua força" e manifestou "que extraordinária grandeza reveste seu poder para nós, os que cremos" (Ef 1,19- 22).

275 - Juntamente com Jó, o justo, nós confessamos: "Reconheço que tudo podes e que nenhum dos teus desígnios fica frustado" (Jó 42,2).

276 - Fiel ao testemunho da Escritura, a Igreja dirige com freqüência sua prece ao "Deus Todo-Poderoso e eterno" ("omnipotens sempiterne Deus..."), crendo firmemente que "nada é impossível a Deus" (Lc 1, 37).
Jesus Cristo, certamente, deu excelente exemplo de se estribar no seu Pai celestial. Embora fosse perfeito, Jesus orou com grande intensidade ao suportar sofrimento. A Bíblia relata: “Cristo, nos dias da sua carne, ofereceu súplicas e também petições Aquele que era capaz de salvá-lo da morte, com fortes clamores e lágrimas, e ele foi ouvido favoravelmente pelo seu temor piedoso.” (Heb. 5,7) Visto que Jesus tinha temor reverente, seu Pai atendeu favoravelmente seus clamores por ajuda. O Filho de Deus, com a ajuda do Espírito Santo, manteve a integridade e, por isso, morreu aprovado por seu Pai. Foi depois liberto das garras da morte por meio duma ressurreição.
Outro fator que ajudou Jesus Cristo a permanecer fiel foi manter sempre diante de si a grandiosa recompensa que seu Pai lhe oferecia. Hebreus 12,2, evidentemente, refere-se a esta recompensa como sendo “alegria”.
Lemos: “Pela alegria que se lhe apresentou, ele suportou uma cruz, desprezando a vergonha, e se tem assentado à direita do trono de Deus.” Nós, também, por aguardarmos a recompensa da vida eterna com suas bênçãos acompanhantes, podemos manter a fidelidade sob provação. Igual a um prêmio um pouco além da linha de chegada, esta recompensa pode estimular-nos a nos empenharmos na corrida pela vida com perseverança, rejeitando quaisquer desejos errados que possam destruir nossa fé. — Heb. 12,1.
Não importa quão desesperada se possa tornar nossa situação, não devemos permitir que passemos a pensar que o Altíssimo não se importa conosco. Quando enfrentamos grandes dificuldades, podemos ter real consolo nas palavras de Lamentações 3,20-21:
Sem falta, a tua alma se lembrará e se curvará sobre mim. Isto é o que retornarei ao meu coração. Por isso é que me mostrarei em atitude de espera.
Numa expressão de sua própria humildade, Deus “se curvará” ou abaixará para dar-nos atenção favorável. Ele pode soerguer-nos de nossa condição aflitiva, assim como fez com os judeus arrependidos, no sexto século a.C.. Todavia, enquanto prossegue o período de aflição, devemos esperar com paciência e fé inabalável que Deus atue em nosso favor.
O próprio fato de que ainda estamos vivos é evidência da benevolência de Deus, de sua ativa e compassiva preocupação. Isto serve como garantia de que o Altíssimo terá misericórdia com o seu povo afligido. Lemos em Lamentações 3,22-23:
“É graças ao Senhor que não se deu cabo de nós, porque as suas misericórdias certamente não acabarão. São novas cada manhã. Tua fidelidade é abundante.”
Por causa da abundante fidelidade, idoneidade e fidedignidade de Deus, podemos depender de sua misericórdia. As expressões da divina misericórdia ou compaixão para conosco nunca serão fracas ou ineficazes. As misericórdias do Senhor são “novas cada manhã”, sempre estando disponíveis, com plena força, aos seus servos leais. Por este motivo, podemos ter a certeza de que o Todo-poderoso vê nossas angústias e compassivamente nos dará a necessária ajuda.
Entretanto, se ele permitir que se nos imponha um jugo de disciplina, devemos aceitá-lo sem queixa e não divulgar nossas dificuldades. Lamentações 3,28-29, recomenda:
Fique sentado sozinho e fique quieto, porque [Deus] pôs algo sobre ele. Ponha ele a sua boca no próprio pó
prostrado numa atitude de total submissão.

Entrementes, podemos ser consolados pelo fato de que a provação é apenas temporária e que Deus não tem prazer em termos de padecer aflição. “O Senhor não repele para sempre”, diz a Bíblia. “Pois, ainda que tenha causado pesar, certamente também terá misericórdia segundo a abundância da sua benevolência. Pois não é do seu próprio coração que ele tem atribulado ou está causando pesar aos filhos dos homens.” (Lam. 3,31-33) Antes, é do propósito do Senhor que a instrução que recebemos por meio do sofrimento nos garanta o nosso bem-estar eterno.
Os responsáveis por dificultar a vida aos servos de Deus, porém, não ficam desculpados quanto ao seu proceder odioso. Também, permitir Deus este tratamento rude não causa reflexos desfavoráveis sobre ele. Por que não? Porque, embora permita o ultraje, para que tenha um efeito benéfico sobre o seu povo, não tolera a desumanidade do homem para com o homem. Sua Palavra condena tais maus tratos. A Bíblia nos diz: “Calcar aos pés todos os cativos da terra, violar os direitos de outrem na presença do Altíssimo, prejudicar um homem no seu litígio, o Senhor não aprova isto.” (Lam. 3,34-36, Pontifício Instituto Bíblico) Os homens que maltratam seu próximo terão de prestar contas a Deus. “A vingança é minha; eu pagarei de volta, diz o Senhor.” (Rom. 12,19) Portanto, temos de ter cuidado para não ficar amargurados com o Altíssimo pela maldade praticada por homens que desconsideram a lei divina.
Às vezes, as circunstâncias em que os servos de Deus se encontram, por causa de doença, acidente ou maus tratos, são deveras patéticas. Nosso coração pode ficar profundamente emocionado para com os cegos, os aleijados, os mutilados e os deformados. Isto é inteiramente correto. Mas nunca, nunca, deve nem mesmo o pior sofrimento humano induzir-nos a virar as costas a Deus. Só ele pode desfazer todo o dano que sobreveio à humanidade por meio do pecado e da imperfeição. Note o que Jesus Cristo disse sobre um homem que nascera cego: “Foi para que as obras de Deus fossem manifestas no seu caso.” (João 9,3) Quanta glória dará ao Altíssimo quando se abrirem os olhos dos cegos e se destaparem os ouvidos dos surdos, e quando os coxos andarem, pularem e correrem! (Ap. 21,3-5) Se tal aflição não tivesse existido, nunca teríamos chegado a conhecer as grandiosas coisas que Deus pode fazer para a humanidade. E, em vista da recompensa da vida eterna, o sofrimento humano, neste mundo, simplesmente passará a não significar nada. Será como se nunca tivesse havido aflição.
Se o sofrimento que talvez ainda tenhamos nos fizer mais bondosos, mais tolerantes e compassivos para com os outros, resultando em nos harmonizarmos mais de perto com os requisitos justos apresentados na Bíblia, esta forma de disciplina deveras terá um objetivo proveitoso. Para ser assim, temos de ter a espécie de confiança implícita no nosso Pai celestial que uma criança tem no seu pai terrestre. Precisamos ter fé inabalável em que, não importa o que Deus permita que nos sobrevenha, resulte finalmente em nosso eterno bem-estar e felicidade. Por isso, podemos manter sempre diante de nós as palavras de Romanos 8,28: ‘Deus faz todas as coisas cooperar para o bem dos que o amam.’

Extraído de revistas cristãs e adaptado por Emerson H. de Oliveira.

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