As três virtudes teologais

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


Os filósofos anteriores ao cristianismo falavam da virtude perfeita para qualificar a maneira nobre e acabada do ser humano; mas moviam-se em um âmbito puramente natural. A Igreja fala além disso de virtudes sobrenaturais, que Deus comunica graciosamente ao ser humano e que, quando são vividas em plenitude, conformam a santidade. Na proclamação dos santos não se faz outra coisa que investigar e sancionar que naquela vida existem provas de que tenha praticado, em grau heróico, as virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, assim como as virtudes cardeais da prudência, justiça, temperança e fortaleza, com as virtudes anexas. A virtude - e as obras virtuosas - é o que dá o toque de perfeição no ser e no agir da natureza humana; sobretudo se o ser natural vem elevado e enobrecido pelas virtudes sobrenaturais, já que "a graça não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa".

IDÉIAS PRINCIPAIS:
1. O que é a virtude
Diz-se que a natureza é o princípio radical das operações; a natureza, pois, não é operativa em quanto tal, Mas o faz mediante as potências ou órgãos quando é natureza corpórea: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, conhecemos com a inteligência. Se são exercitadas, as potências e órgãos adquirem formas estáveis de atuação, ou hábitos operativos, que, se são bons, são chamados de virtudes; se maus, vícios. A virtude, portanto, é uma qualidade boa, que aperfeiçoa de modo habitual as potências, inclinando o ser humano a fazer o bem.
2. As virtudes morais
As virtudes mais excelentes são as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) que se referem diretamente a Deus; mas também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Deus. Se pensamos no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza; outras, sobrenaturais, se são concedidas por Deus, de modo gratuito. As virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou infusas; mas virtudes morais podem ser adquiridas ou infundidas por Deus. O ser humano pode realizar atos bons com as forças naturais, adquirindo virtudes. Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição, a lealdade... As principais virtudes morais - chamadas também cardeais - porque são como o gonzo (o ponto de apoio das portas grandes), o fundamento das demais virtudes - são a prudência, a fortaleza e a temperança.
A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir - em toda as circunstâncias - nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para realiza-lo.
A justiça é a virtude que nos inclina a dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual como socialmente. A fortaleza é a virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza e a constância para praticar o bem.
A temperança é a virtude que refreia o apetite dos prazeres sensíveis e impõe a moderação no uso dos bens criados.
Além das virtudes cardeais, o ser humano deve praticar as outras virtudes morais, especialmente a da religião, a humildade, a obediência, a alegria, a paciência, a penitência e a castidade.
3. Virtudes naturais e graça sobrenatural
Às vezes é difícil viver as virtudes naturais porque, depois do pecado original, o ser humano está desordenado e sente a inclinação ao pecado; mas Deus concede a graça que as purifica e potencia elevando-as à ordem sobrenatural, para que nos ajudem a obter o fim ao qual estamos chamados: a eterna bem aventurança, o céu. Então, as virtudes, sem deixar de ser naturais, são também sobrenaturais. Com a ajuda de Deus, as virtudes naturais forjam o caráter e dão soltura na prática do bem. O ser humano é feliz ao praticar a virtude.
4. As virtudes teologais
Estando o ser humano elevado à ordem sobrenatural, as virtudes naturais por si só não bastam, ainda que sejam necessárias; e Deus concede ao cristão as virtudes teologais no momento do batismo, junto com a graça. As virtudes teologais são a fé, a esperança e a caridade.
A é uma virtude sobrenatural pela qual - apoiados na autoridade de Deus - cremos nas verdades que Deus revelou e a Igreja nos ensina.
A esperança é uma virtude sobrenatural pela qual confiamos em que Deus nos dará a glória mediante sua graça e nossa correspondência a ela.
A caridade é uma virtude sobrenatural pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas - por quem é - e ao próximo por amor a Deus.
5. Dons do Espírito Santo
O edifício sobrenatural é coroado com os dons e os frutos do Espírito Santo. Os dons são perfeições sobrenaturais que Deus infunde para facilitar o exercício das virtudes, fazendo-nos dóceis aos impulsos do Espírito Santo. São sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Além dos dons - e como antecipação da glória do céu - são enumerados doze frutos do Espírito Santo: caridade, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência e castidade.
6. A caridade, virtude suprema
A caridade é a virtude mais excelente de todas, por ser a primeira das virtudes teologais, que são as virtudes supremas. Quando se vivem de verdade, todas as virtudes estão animadas e inspiradas pela caridade. Como diz São Paulo, a caridade é o "vínculo da perfeição" (Colossenses 3,14), a forma de todas as virtudes.
7. Crescer nas virtudes
O cristão que intenta viver uma vida segundo Deus, conta com a graça divina e as virtudes, quer dizer, com todos os meios para conseguir o fim a que Deus o chama. Em conseqüência, com a ajuda de Deus e o esforço próprio, há de ir crescendo na virtude. Deus nunca abandona, e basta que lutemos para fazer o bem e viver a caridade - sobretudo - que, como temos dito, consiste em amar a Deus com toda a alma e a nós e ao próximo por amor a Deus.
8. Propósitos de vida cristã
  • Exercitar as virtudes morais na vida de cada dia: estudo, trabalho, vida de família, amizades.
  • Pedir a Deus que aumente em nós as virtudes teologais. Pedir isto especialmente na Santa Missa, dizendo: "Senhor, aumenta em mim a fé, a esperança e a caridade".
Autor: Jayme Pujoll e Jesus Sanches Biela
Fonte: Livro "Curso de Catequesis" do Editorial Palavra, España
Tradução: Pe. Antônio Carlos Rossi Keller

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