Ajuda para os que têm necessidades especiais

quarta-feira, 27 de abril de 2011


AS PESSOAS que não apresentam nenhuma deficiência sensitiva geralmente não refletem muito sobre os que têm tais problemas, a menos que estes sejam membros de suas próprias famílias. Todavia, este assunto merece atenção. Na Grã-Bretanha, debate-se como aqueles que têm deficiências sensitivas podem ser integrados à comunidade.
Jack Ashley, um inglês surdo que é Membro do Parlamento, aponta a necessidade de compreensão. “A maioria das pessoas ignora os problemas dos surdos”, explica ele. “Acima de tudo, [os surdos] precisam de compreensão da parte dos que ouvem, que avaliem a gravidade de sua deficiência, e respeitem suas qualidades individuais, as quais não apresentam deficiências, exceto na imaginação dos outros.” — O grifo é nosso.
Só porque as pessoas são surdas não significa que apresentem qualquer forma de deficiência das faculdades mentais. Todavia, uma brilhante jovem surda afirma que algumas pessoas parecem encará-la como mentalmente retardada. Quando ela e seu marido foram entrevistados por um corretor de seguros, este lhes perguntou por que o fitavam sem parar. Ao ficar sabendo que ambos eram surdos e tentavam fazer leitura labial, o corretor prontamente entendeu isso.
Similarmente, não é incomum alguém não se sentir à vontade quando está perto de cegos. Assim, ao passo que a maioria das pessoas talvez queira ajudar, quando um cego espera a oportunidade de atravessar a rua, nem todos param e ajudam. Por quê? Não raro, isto se dá por causa da incerteza da reação do cego diante do oferecimento de ajuda. Os cegos, contudo, geralmente acolhem bem tal ajuda, quando ela lhes é oferecida de forma natural, com polidez, assim como se pode oferecer ajuda a alguém idoso, ou a alguém que talvez pareça necessitar de ajuda para levar algo muito pesado. Que ótimo, então, é sobrepujar sentimentos de inquietude, e bondosamente oferecer-se a ajudar outrem!
Se você tivesse de perder um dos cinco sentidos principais, é provável que decidisse ficar sem o olfato. É considerado menos importante do que os outros sentidos. Mas uma senhora que perdeu a capacidade de sentir o cheiro das coisas lamentava-se: “Eu me sentia deficiente em tudo. Sempre gostei muito de cozinhar, mas isso era impossível. Eu botava tempero de mais, ou de menos.”
Assim, até mesmo a perda deste sentido aparentemente menos importante pode ser trágico. Ellis Douek, do Hospital Guy’s, de Londres, afirma: “Deve-se considerar bem séria a perda [do olfato]. A maioria dos que sofrem tal perda sentem-se muito angustiados, e alguns realmente se tornam clinicamente deprimidos. Eles sentem estar vivendo num mundo sem graça. O olfato pode ter um conteúdo emocional mais profundo do que as pessoas se dão conta.”
O grau de perda dum sentido pode diferir grandemente de uma pessoa para outra. Alguém pode ser totalmente surdo, não dispondo de nenhuma audição residual, ao passo que outra pessoa pode achar difícil ouvir sob determinadas circunstâncias, talvez quando haja muito ruído de fundo. Na realidade, a maioria dos surdos consegue ouvir alguns sons, embora não consiga ouvir a fala. Acontece o mesmo com a visão. Alguns são inteiramente cegos. Mas, nos Estados Unidos, a pessoa é considerada legalmente cega se não puder enxergar de cerca de 6 metros (com óculos ou com lentes de contato) o que alguém dotado de visão normal consegue ver de cerca de 60 metros.

Ajuda da Tecnologia
Para lidar com vários graus de deficiência, profissionais habilitados dispõem de ampla gama de instrumentos para medir o grau de deficiência. Por exemplo, os técnicos utilizam certos equipamentos para medir o grau de audição. Daí, os médicos tentam determinar o tipo de deficiência. Será o problema causado pela transmissão deficiente dos impulsos elétricos para o cérebro? Pode-se corrigir esta deficiência através da cirurgia?
Similarmente, os optometristas e consultores oftalmológicos medem a capacidade visual. Seus dados ajudam os médicos a determinar a causa da deficiência, e o possível tratamento. Consta que cerca de 95 por cento de todos os casos de cegueira são causados por doenças, e os demais por ferimentos.
Uma vez a causa e a extensão da deficiência de determinado sentido tenham sido identificadas, pode-se dar atenção à questão da ajuda. A tecnologia oferece algumas soluções, em forma de aparelhos que reduzem as deficiências sensitivas. No caso da deficiência auditiva, existem aparelhos que ajudam a audição, sendo aparelhos movidos a pilha, dotados dum fone que às vezes se ajusta perfeitamente ao ouvido da pessoa. Tais aparelhos utilizam a audição residual, no esforço de permitir que a pessoa surda consiga ouvir parte da fala. Para os deficientes visuais, não raro se prescrevem óculos ou lentes de contato. Até mesmo itens simples, como lentes de aumento, têm-se provado de grande ajuda para muitos. Outros têm sido ajudados por meio de transplantes de córnea.
Para aqueles que perderam o olfato, a dificuldade talvez remonte a pólipos nasais, sinusite, resfriados crônicos, alergias e rinites. Muitos destes quadros clínicos podem ser tratados e curados pela medicina.
Embora a medicina e a tecnologia muitas vezes possam melhorar a condição das pessoas portadoras de deficiências dos sentidos, há outras fontes importantes de ajuda.

A Ajuda a Si Mesmo
Visto que um tratamento médico talvez nem sempre tenha êxito, ou seja desejável, muitos deficientes sensitivos têm procurado contornar as tristes conseqüências de suas deficiências por explorarem seu potencial máximo. Fazem isso por desenvolver plenamente suas habilidades e seus talentos. Alguém que fez isto foi Helen Keller, famosa autora e conferencista, que era cega e surda. Mas existem muitos outros deficientes sensitivos que se têm destacado em vários campos.
Quando o deficiente se sente desafiado a cultivar suas habilidades, o resultado muitas vezes é maior independência e respeito próprio, para não se mencionar a ajuda que tal pessoa motivada pode ser para outros. Janice, surda e cega, comenta: “Deriva-se grande força de compensar as coisas. É surpreendente ver como Deus nos fez de forma tão maravilhosa, de modo que podemos compensar algumas perdas.”

Relacionamentos Úteis
Muitas pessoas cegas ou surdas se tornam solitárias. Falta-lhes companhia. Como se pode preencher tal necessidade vital?
Às vezes, animais de estimação podem ser de ajuda. A cooperação útil entre humanos e animais talvez encontre sua maior expressão nos cães-guias para cegos. O treinador de cães-guias, Michael Tucker, autor de The Eyes That Lead (Olhos Que Conduzem), acredita que a vida com um cão-guia abre um mundo inteiramente novo para o cego, dando “liberdade, independência, mobilidade e companheirismo”. Algo que corresponde aos cães para cegos são os cães ‘ouvidores’ para os surdos.
Todavia, os animais de estimação têm ajudado a muitos outros deficientes. Comenta o organizador dum programa de fornecimento de animais para os doentes e os idosos: “Você precisa ver a alegria que eles sentem. Pessoas muito retraídas, que mal conseguem falar com alguém, reagem a um animal.” Naturalmente, as vantagens de ter a companhia dum bicho de estimação têm de ser avaliadas, levando-se em conta a responsabilidade de cuidar dele.
Embora talvez surja um vínculo ímpar entre o deficiente sensitivo e o animal, é através da comunicação com outros humanos que se torna disponível maior ajuda.

A Boa Comunicação
Para promover melhor entendimento entre os deficientes sensitivos e as pessoas que desejam ajudá-los, é preciso que haja boa comunicação. Mas como isto é possível quando há deficiência nos próprios sentidos normalmente empregados nisto? É nisso que o braile, a linguagem dos sinais, e a leitura labial se têm provado úteis para muitos.
Em 1824, Louis Braille, um aluno cego, de 15 anos, da França, criou um sistema de escrita baseado numa série de pontos e traços em relevo. Cinco anos depois, publicou o agora famoso sistema de pontos, baseado em células de seis pontos, tendo 63 arranjos possíveis, que representam o alfabeto, bem como a pontuação e os números. Para os deficientes visuais, aprender braile representa considerável envolvimento, em termos de tempo e esforços. Em vez de encarar isto como um desafio grande demais, o volume Working With Braille (Operar com o Braile), da UNESCO (Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura), dá a seguinte garantia: “Deve-se enfatizar que a assimilação dos caracteres do braile acha-se bem ao alcance da capacidade de nossos sentidos táteis.”
Estudos das técnicas de leitura do braile mostram que aqueles que alcançaram a máxima velocidade, e a maior perícia de leitura do braile, foram as pessoas que utilizavam os indicadores de ambas as mãos. Movimentam suas digitais suavemente sobre os pontos em relevo, atingindo uma velocidade de leitura que corresponde à metade da velocidade da pessoa que lê, visualmente, a página impressa.
A crescente disponibilidade de publicações em braile, bem como em audiocassetes, fornece ao deficiente visual o acesso a muitos tesouros literários. O mais destacado destes é a Bíblia, os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e os livros de Atos e Apocalipse.
A respeito da linguagem dos sinais, os pesquisadores J. G. Kyle e B. Woll dizem que compreendê-la é “o primeiro passo para romper barreiras para todos aqueles que vivem no mundo do silêncio”. Através deste meio muito eficaz de comunicação, os surdos se sentem à vontade uns com os outros. É ótimo quando os que podem ouvir e falar fazem esforço de aprender a linguagem dos sinais. Desta forma, as pessoas surdas e as falantes ficam mais integradas, em proveito mútuo. Pessoas que ouvem aprendem uma nova linguagem e enriquecem sua experiência cultural, e as pessoas surdas ganham maior acesso ao mundo dos que ouvem.
É interessante que muitos surdos de nascença, ou desde a primeira infância, não se consideram deficientes. A diferença entre eles e os que ouvem é encarada como simples diferença de linguagem e como diferença cultural. Por outro lado, aqueles que ficaram surdos mais tarde na vida, devido a um acidente ou uma doença, muitas vezes sofrem um impacto psicológico mui diferente — uma profunda sensação de perda. Para muitos destes, a linguagem dos sinais é um remédio difícil, visto exigir aprender uma linguagem inteiramente nova. Muitos preferem obter treinamento de leitura labial e praticar continuamente para manter a linguagem que já desenvolveram.
Compreender como se sentem os deficientes sensitivos, bem como comunicar-se com eles, não remove a raiz do problema. Sua deficiência continua. Se pudesse ser erradicada, então desapareceriam as desigualdades, as injustiças e os problemas que os deficientes sensitivos enfrentam. Acontecerá isso algum dia?

Ajude a Si Mesmo
1. Conhecimento. Procure saber o máximo que puder sobre sua deficiência, e sobre como minorá-la.
2. Honestidade. Seja franco e admita sua deficiência.
3. Empatia. Tome a iniciativa de deixar outros à vontade, e explique qual a melhor forma de eles o ajudarem.
4. Atividade. Para combater a depressão, envolva-se em alguma atividade física ou mental.
5. Coragem. Compense seus sentimentos de inferioridade por canalizar suas energias para atividades que possa desempenhar bem.

Ajuda Que Outros Podem Prestar

1. Tente ver a situação do ponto de vista dos deficientes sensitivos.
2. Inclua-os em suas atividades regulares. Não os isole.
3. Dê-lhes coisas para fazer que os ajudem a apreciar seu valor.
4. Escute-os quando procurarem transmitir-lhe seus sentimentos.
5. Quando observar alguma necessidade especial, faça tudo que puder para colaborar com o deficiente em atendê-la.

Extraído de revistas cristãs

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