O CAMINHO AO OCASO QUE SE TORNOU AMANHECER

quarta-feira, 27 de abril de 2011


Lucas 24,13-35

Este é outro dos imortais e breves relatos do mundo.
(1) Conta-nos a respeito de dois homens que foram caminhando para o pôr-do-sol. Sugeriu-se que essa é a razão pela qual não puderam reconhecer a Jesus. Emaús estava a oeste de Jerusalém. O Sol estava-se pondo, e os ofuscava tanto que não puderam conhecer seu Senhor. Seja como for, é verdade que o cristão é um homem que não caminha para o ocaso, e sim para o amanhecer. Muito tempo antes foi dito aos filhos de Israel que viajassem no deserto para o amanhecer (Números 21:11). O
cristão não parte para uma noite que cai, e sim para um amanhecer que irrompe – e isso foi o que, em sua tristeza e desilusão, tinham esquecido os dois caminhantes de Emaús.
(2) Fala-nos da habilidade de Jesus para dar significado às coisas. Toda a situação parecia não ter explicação para estes homens. Suas esperanças e sonhos tinham sido destruídos. Toda a desilusão e o desconcerto do mundo se refletem em suas tristes palavras: “Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel.” São as palavras de homens cujas esperanças estão mortas e enterradas. E então Jesus veio e falou com eles, e viram com clareza o significado da vida, e a escuridão se fez luz.
Uma novelista põe na boca de um de seus personagens estas palavras, dirigidas àquela de quem se apaixonou: "Nunca soube o que significava a vida até que o vi em seus olhos."
Só em Jesus, até nos momentos de desconcerto, aprendemos o que significa a vida.
(3) Fala-nos da cortesia de Jesus. Agiu como quem ia seguir. Ele não quis forçá-los; esperou o convite. Deus deu aos homens o maior e mais perigoso dom do mundo, o dom do livre-arbítrio; e podemos utilizá-lo para convidar a Cristo para entrar em nosso coração ou para deixá-lo passar adiante.
(4) Fala-nos como o reconheceram pela forma de partir o pão. Isto sempre soa um pouco como uma referência a sacramento; mas não o é. Em uma refeição comum, numa casa comum, com um pão comum foi como estes homens reconheceram a Jesus. Sugeriu-se belamente que talvez teriam estado presentes quando houve a alimentação dos cinco mil, e, que ao Jesus partir o pão em sua cabana, reconheceram suas mãos.
Não só na mesa de comunhão podemos estar com Cristo; podemos estar com Ele na hora de almoçar também. Não é só o anfitrião em sua igreja; é o hóspede de cada lar. O cristão vive para sempre e em todo lugar em um mundo cheio do Jesus.
(5) Conta-nos como estes dois homens, ao receber sua alegria, apressaram-se a comparti-la. Havia uma caminhada de dez quilômetros a Jerusalém, mas não podiam guardar para si as boas novas.
A mensagem cristã nunca é totalmente nossa enquanto não a tenhamos compartilhado com alguém.
(6) Diz-nos como, quando chegaram a Jerusalém, encontraram a outros que tinham tido sua experiência.
A glória de um cristão é que vive em uma comunidade de pessoas que tiveram a mesma experiência que ele. Tem-se dito que a verdadeira amizade só começa quando as pessoas compartilham uma lembrança comum e se dizem um ao outro: "Você se lembra?" Cada um de nós é membro de uma grande comunidade de pessoas que compartilham uma experiência comum e uma lembrança mútua de seu Senhor.
(7) Conta-nos que Jesus apareceu ao Pedro. Esta será sempre uma das grandes historia não relatadas do mundo. Mas sem dúvida é bonito que Jesus fizesse uma de suas primeiras aparições perante o homem que o havia negado.
A glória de Jesus é que pode devolver ao pecador penitente sua dignidade.

Extraído do Comentário do Novo Testamento por William Barclay

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