Não foram poucas as vezes, nos primeiros anos deste milênio, que empresários e fundadores do Bureau de Negócios GLS visitaram as federações de indústrias de alguns estados para demonstrar o impressionante potencial de consumo de uma multidão – equivalente a 10% da população brasileira – até então desconsiderada pelo engravatado empresariado. Nessas apresentações era demonstrado que – diante da ausência de despesas com filhos, por exemplo – a capacidade de acesso desse público à melhor instrução, ao consumo de produtos mais caros e serviços de melhor qualidade é maior do que a desfrutada pelo consumidor heterossexual. De lá para cá, muita coisa mudou. Esses milhões de brasileiros conquistaram direitos, ganharam as ruas em passeatas e suas relações estáveis receberam o ainda discutido status de casamento. Aspectos econômicos estão movendo essa máquina em busca desse emergente nicho de mercado – muitas vezes com mais renda, instrução e emprego que outras ditas minorias. Maior centro econômico da América Latina, a Avenida Paulista transforma-se, uma vez por ano, na passarela do orgulho gay enquanto o turismo da cidade e o comércio local faturam com as necessidades de comer, beber, consumir e dormir de quatro milhões de pessoas. A “parada” virou uma grande festa e um grande negócio. Todos se divertem ou ganham dinheiro. Ótimo.
O país vive um momento “oversexed” – perdoe o anglicismo – termo mais adequado para tentar definir esta fase de nossa história em que chancelar o homossexualismo e denunciar como homofobia qualquer opinião diferente ao que é imposto pela mídia virou mais que bandeira, mas um estilo de vida. O fato é que a homolatria tornou-se um negócio lucrativo. Duas telenovelas de grande audiência, por exemplo, destacam relacionamentos homossexuais em cenas acompanhadas de discurso mais que politicamente correto.
A questão do “orgulho” pela condição ou opção sexual é que parece certo exagero. Ninguém se orgulha por ser heterossexual. A pessoa simplesmente é. Não são necessárias caminhadas para ter orgulho por preferir o sexo oposto – até porque, com esta onda de homolatria, seriam taxados de retrógrados. A patrulha, que impedia muitos de sair do armário, parece que mudou de lado. É preciso entender os novos tempos com a responsabilidade que falta a nossos governantes. Uma questão econômica importante é a de que o governo assiste a estas transformações, principalmente em relação aos casamentos, sem perceber o rombo na Previdência que as pensões e benefícios desses novos enlaces provocarão – embora justos e devidos.
O suplemento especial de O Globo “Dia Internacional do Orgulho Gay” dedicou oito páginas à causa. Uma das matérias começava com a frase “Lésbica assumida, a jornalista…” desnecessária, na medida em que Luís Fernando Veríssimo, Miriam Leitão ou Nelson Motta, do mesmo jornal, não desfilam suas preferências sexuais a cada texto que escrevem. Mas até aí todos os excessos são perdoáveis. Fazem parte de um processo de transformação.
O que não tem justificativa foram os galhardetes com fotos erotizadas de modelos masculinos caracterizados de santos católicos – ou da religião que fosse. Se a intenção era “ser um bafo” (para usar expressão do reduto), essa tática de guerrilha foi um tiro no pé. Pessoas que se dizem arejadas e que defendem uma sociedade inclusiva e sem preconceitos mais lembraram aquele coitado que há uns anos chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Desrespeito.
(Opinião e Notícia)
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