Falácias Pró-Aborto | Lux Lucet in Tenebris

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Este artigo é de um grande amigo meu, Lux in Tenebris, que inclusive é ateu e marxista:)

1- Se não pode abortar, não pode se masturbar.
Um espermatozóide sozinho não faz varão (risos). Seria muito feliz se os seres humanos se reproduzissem dessa forma, mas infelizmente só com um óvulo e um espermatozóide somos capazes de ter um novo homem com todo um conteúdo genético próprio e individual. Esse é o argumento mais retardado e talvez por isso seja o mais usado no país dos tupis.
2- Vão nascer pobres, doentes etc..
Infelizmente sim, mas não se combate a pobreza matando o pobre não é mesmo? Se o feto é tão ser humano e vivo quanto um mendigo, o que impede os usuários desse argumento de darem ao segundo o mesmo destino que querem dar ao primeiro?
Além de que, a vida é sofrimento, qualquer pessoa sofre na vida porque para alcançar certos objetivos ( que nem sempre é prazer) é necessário uma alta dose de dor, cansaço, sacrifícios que nós fazemos a nós mesmos.
3-Mas a própria natureza às vezes mata o feto
A própria natureza mata a todos nós todos os dias (risos), e não é por isso que não somos vivos. E veja só, se você intervir e abreviar a morte de alguém comete assassinato, mesmo que use de algo tão natural quanto veneno (risos).
4-E as bactérias, não são seres vivos? E animais?
Esse é estranho, eu já vi sendo usado a comparação duas vezes (uma dizendo que eu era a favor da morte dos animais, logo não poderia me declarar pró-vida). Na verdade o nome pró-vida se deve à defesa da vida humana somente, porque essa é protegida por praticamente toda Constituição e lei humana de qualquer sociedade (e não somente na bíblia). Não ser a favor do direito dos animais é irrelevante. Interessante que quando esses grupos querem impedir o uso de animais em laboratórios não são chamados de anti-ciência como os cristãos querendo proibir o uso de seres humanos… é a vida…
Na verdade fico muito feliz com a afirmação de que bactérias são considerados seres-vivos como o feto, até porque isso colocaria o feto como um ser vivo. Acontece que se uma bactéria é um ser vivo, ela ainda não será titular ao direito à vida, como nenhum animal ou ser vivo fora da espécie humana é. Já o feto, se é tão vivo quanto uma bactéria e é um ser humano, é titular ao direito à vida.
5- Você vai matar a mãe e o feto.
Na verdade, maior parte dos abortos são feitos em mães saudáveis que caso não fossem em clínicas assassinas não seriam mortas. Invés de combater tais clínicas, miram no direito à vida.
6- Liberalizando acontecerá menos abortos
Esse um amigo advogado comentou, mas imagine se descobríssemos que legalizando o assassinato, menos homicídios ocorreriam? Não seria melhor por pragmatismo, legalizar? Claro que qualquer pessoa diria que não. Não se legaliza uma prática errada porque isso é na verdade um incentivo à que essa prática continue ocorrendo impunemente e embora não podemos reduzir a criminalidade a zero (nenhuma sociedade jamais conseguiu), certas normas são imutáveis.
Também o direito à vida não está sujeito à pragmatismos governamentais, é direito de ordem natural e não possível de alteração por governos, apenas reconhecimento.
7-E o direito de escolha?
Sou plenamente  a favor, mas em um único caso: quando a mãe tem de decidir entre a própria vida e a do feto.  Em qualquer outro, é decidir se alguém vive ou morre, e isso ninguém pode ter o poder.
8- Mas o feto é propriedade dela
É por isso que temos algo chamado responsabilidade parental para limitar abusos. Se você tem um filho em sua propriedade (casa) que está lhe dando muito trabalho você não pode, por lei, expulsá-lo de sua casa para morrer de fome lá fora.
9-O feto é descartável como uma unha ou é só um punhado de células.
É questão de perspectiva, qualquer ser humano é só um punhado de células e, mesmo assim, não são descartáveis como uma unha. Creio que ninguém que diga isso descartaria seres humanos como descartam unhas.
10- Mas você é a favor da pena de morte
Nascer não faz criminoso ninguém, todos são inocentes no nascimento, e nem todos se tornam bandidos depois mesmo que a probabilidade seja grande. Sou a favor da pena de morte pelo risco de um preso ainda possuir potencial de destruir vidas na prisão.
11-O Estado é laico
E ainda assim infelizmente são os religiosos os poucos que possuem sensibilidade ao compreender a superioridade do direito à vida. De fato não compreendo o aborto como uma causa religiosa e não sou o único, ninguém sai rezando o terço depois de não ter abortado. Tomás de Aquino e Santo Agostinho tinham posições similares que até poucos dias depois do coito, podia-se abortar. A lei mosaica não punia como assassinato caso alguém acidentalmente fizesse uma mulher abortar, pelo contrário “dava-se um camelo e dois trocados” e ficava por isso. Se o feto não for um ser vivo, não estou cometendo um pecado ao abortar porque aborto não é pecado, assassinato todavia, é.
Os direitos civis dos negros nos EUA foram levados por inúmeros pastores e igrejas, mas eles sabiam que não era uma causa religiosa, essa é a grande miopia de quem quer encerrar o debate mais cedo calando o outro lado, achando que por ser religioso não possuo vida civil.
Ou seja, se sou contra o aborto, o sou mais pelo meu lado secular do que religioso (esse lado é complementar, já que um religioso tem mais medo de ferir o mandamento não matarás do que um secular e portanto toma mais precauções), mas claro, há excelentes anti-abortistas do lado ateu. Não que descarte a religião na política, sou contrário ao elitismo de que uma opinião só é válida se for ateísta e secularizada, como se o cristianismo não tivesse poder de convencimento superior ao secularismo moderno. Desconheço, mas duvido que a Igreja Católica não consultasse a ciência primeiro antes de tornar o aborto um pecado. Para mim, quem procura tornar a causa religiosa ou o faz por preguiça de se aprofundar realmente no problema e assim estimatiza um lado para facilitar a argumentação ou então é incapaz de enxergar além dos religiosos que defendem a questão.
Update – 12 – Pode abortar antes de possuir o sistema nervoso, pois o feto não sentirá dor.
Há pessoas que possuem a deficiência de não sentirem dor (Insensibilidade congênita à dor), será que podemos matar alguém por causa disso como no filme Hannibal em que o psicopata dopa o indivíduo para comer seu cérebro? Será que se o assassino anestesiar a vítima ele não cometerá homicídio do mesmo jeito?
E é isso, os argumentos filosóficos pró-aborto são muito pobres na maioria, poucas causas que defendi possuem tal consistência. Cabe esperar que saia um argumento que seja realmente fatal e não somente uma caricatura de argumento ou então a ciência anunciar unanimemente que o feto não é um ser humano.
Update – 13 – “Pode abortar quando é uma mórula?” ou ainda é só um punhado de células.
Não vou me repetir sobre punhado de células, mas a mórula é apenas um dos estágios até que o ser humano se complete. O ser humano se transforma desde a mórula, passando por toda a infância até a fase adulta, e depois decai. Será que enquanto não chegar na fase adulta pode-se matar as crianças pois elas ainda estão em fase de crescimento para se tornarem biologicamente completas?
Update – 14 – Mas não se sabe quando se inicia a vida, porque não pode abortar?
O professor de filosofia em Boston Peter Kreeft explica a filosofia pró-vida, segundo ele o fato de que a ciência não veio com uma resposta definitiva é mais um argumento favorável a não se abortar. Ele dá o exemplo de dois caçadores que se separam, de repente uma moita se move na frente de um deles, seria prudente atirar? Há três possibilidades, se você sabe que é seu amigo é assassinato (você sabe que o feto é um ser vivo), se você atira e acerta, não querendo acertar seu amigo (o feto é uma pessoa, mas você não sabe disso) é homicídio e atirando e não sendo seu amigo (descobre-se que o feto não é ser vivo) é negligência criminal, ou seja, crime de culpa. Por isso que o aborto ainda é punido por lei, mesmo que poucos saibam a razão no Brasil.
Update – 15 – Saúde Pública
Eu realmente esqueci desse argumento, que aliás é bem fraquinho. É uma versão do “legalizando as drogas, o tráfico acaba” que é aplicado aqui: “legalizando o aborto, acaba-se o aborto clandestino”, isso é uma promessa e não um argumento quando na verdade se legalizará essas clínicas, basta elas atingirem certos requerimentos e voilá, matei muita mulher no passado mas ainda estou alive and kicking.
Mas vamos imaginar que o feto é um ser vivo (afinal não sabemos, mas é uma possibilidade), o problema é que não se mata pessoas para melhorar a saúde pública, isso no auge do cientificismo foi chamado de eugenia. Eu já cheguei a ver extremistas argumentando que homossexuais deviam ser presos porque o índice de HIV no grupo é maior e coloca a população em risco, ao usar a morte como instrumento seria praticamente o mesmo que desejar punir de morte o homossexual ou até o aidético em geral.  Que culpa tem o feto das clínicas clandestinas? Porque ao invés de caçar essas clínicas pretende-se legalizar o seu fim excuso? Assim como costumo brincar que em breve traficante será chamado de pioneiro na legalização da maconha, essas clínicas serão também estandartes na legalização do aborto.
Update – 16 – Anencéfalo?
A ausência de um rim, um coração ou qualquer outro órgão me faz deixar de ser um humano ou me faz ser metade de um humano? A falta do sistema nervoso central pode ser importante, mas ser um humano é bem maior que isso.

http://charlesgomes.wordpress.com/

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