As raízes do preconceito e da discriminação

quinta-feira, 21 de junho de 2012


“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.” — Artigo 1.° da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

APESAR desse nobre ideal, o preconceito e a discriminação ainda afligem a humanidade. Essa triste realidade é um reflexo não só dos nossos tempos, mas também da imperfeição do ser humano. (Salmo 51,5) Mas a situação não está perdida. Uma coisa é certa: talvez não consigamos eliminar a discriminação ao nosso redor, mas podemos acabar com os preconceitos que nós mesmos talvez tenhamos.
Um bom começo é admitir que nenhum de nós está imune a ter preconceitos. O livro Understanding Prejudice and Discrimination (Entendendo o Preconceito e a Discriminação) diz: “Ao pesquisar o preconceito, estas talvez sejam as conclusões mais importantes: (1) todos os dotados de raciocínio e fala podem nutrir preconceitos, (2) geralmente é preciso um esforço consciente para diminuir o preconceito e (3) é possível fazer isso, desde que haja motivação.”
Alguns dizem que a educação é “a arma mais poderosa” contra o preconceito. Por exemplo, a educação certa pode expor as causas dele, fazer com que examinemos nossas próprias atitudes com mais objetividade e nos ajudar a reagir com sabedoria quando nós somos as vítimas.

A raiz do problema
O preconceito leva as pessoas a distorcer, entender errado e até desconsiderar fatos que contrariam suas opiniões preconcebidas. Ele se origina de valores familiares aparentemente inocentes, mas mal direcionados, ou de conceitos distorcidos que algumas pessoas deliberadamente espalham sobre outras raças e culturas. O preconceito pode ser fomentado pelo nacionalismo e por falsos ensinamentos religiosos. E pode ser resultado de orgulho exagerado. Ao considerar os pontos a seguir e os princípios bíblicos relacionados, que tal examinar suas próprias atitudes e ver se alguma mudança precisa ser feita?
Amizades. O ser humano é sociável por natureza, e isso é bom. Não é por nada que a Bíblia diz que “quem se isola procurará o seu próprio desejo egoísta” e desconsiderará a “sabedoria prática”. (Provérbios 18,1) Mas devemos escolher bem as amizades, pois exercem forte influência em nós. Por isso, pais sábios se preocupam muito com as amizades dos filhos. Pesquisas mostram que as crianças podem desenvolver preconceito racial já aos 3 anos de idade por copiarem atitudes, palavras e gestos de outros. É claro que os próprios pais devem fazer tudo a seu alcance para dar um bom exemplo aos filhos, pois normalmente é isso que tem mais influência em moldar os valores da criança.
▪ O que a Bíblia diz? “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele.” (Provérbios 22:6, Bíblia na Linguagem de Hoje) “Quem anda com os sábios será sábio, mas quem anda com os tolos acabará mal.” (Provérbios 13:20, BLH) Se você tem filhos, pergunte-se: ‘Estou dando a eles orientação para que andem no caminho que é verdadeiro e justo aos olhos de Deus? Será que me associo com pessoas que exercem boa influência em mim? Sou um bom exemplo para outros?’ — Provérbios 2,1-9.
Nacionalismo. Um dicionário define nacionalismo como “um senso de consciência nacional que exalta uma nação acima de todas as outras e promove sobretudo sua cultura e seus interesses”. Ivo Duchacek, professor de ciência política, comentou em seu livro Conflict and Cooperation Among Nations (Conflito e Cooperação entre as Nações): “O nacionalismo divide a humanidade em grupos que não se toleram. Em resultado disso, as pessoas pensam em primeiro lugar como americanos, russos, chineses, egípcios ou peruanos, e em segundo lugar como seres humanos — se é que pensam assim.” Um ex-secretário-geral da ONU escreveu: “Muitos dos problemas que enfrentamos hoje resultam de atitudes erradas — algumas delas adotadas quase que inconscientemente. Entre essas está o conceito do nacionalismo cego — ‘meu país, certo ou errado’.”
▪ O que a Bíblia diz? “Deus amou tanto o mundo [toda a humanidade], que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3,16) “Deus não é parcial, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável.” (Atos 10,34, 35) Pergunte-se: ‘Se Deus ama pessoas de todas as nações de modo imparcial, incluindo a mim, não deveria eu me esforçar em imitá-lo, especialmente se afirmo que o adoro?’
Racismo. Os racistas acreditam na “superioridade biológica, cultural e/ou moral de determinada raça, ou de determinada população, povo ou grupo social”, diz um dicionário. Contudo, a Enciclopédia Delta Universal declara que “não há nenhuma comprovação científica para apoiar as teses de superioridade [racial]”. As extremas injustiças promovidas pelo racismo, como sistematicamente negar direitos às pessoas, são uma evidência dolorosa de que ele se baseia em falsidades e mentiras.
▪ O que a Bíblia diz? “A verdade vos libertará.” (João 8,32) “[Deus] fez de um só homem toda nação dos homens.” (Atos 17,26) “Não como o homem vê é o modo de Deus ver, pois o mero homem vê o que aparece aos olhos, mas quanto a Deus, ele vê o que o coração é.” (1 Samuel 16,7) Pergunte-se: ‘Procuro ver as pessoas como Deus as vê? Tento descobrir como elas realmente são — talvez aquelas de raça e cultura diferentes — por me aproximar delas?’ Quando chegamos a conhecer bem uma pessoa, conseguimos ver além de um falso estereótipo.
Religião. O livro The Nature of Prejudice (A Natureza do Preconceito) diz: “Abusos inevitavelmente acontecem quando homens usam sua religião para justificar [empenhos egoístas] e preferências étnicas. É aí que religião e preconceito se misturam.” O que surpreende, observa o livro, é a facilidade com que as pessoas religiosas “trocam a devoção pelo preconceito”. Isso fica claro quando igrejas aceitam apenas pessoas de certas raças, e quando grupos religiosos promovem ódio, violência e terror.
▪ O que a Bíblia diz? “A sabedoria [de Deus] é . . . pacífica, razoável, . . . sem parcialidade.” (Tiago 3,17) “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai com espírito e verdade [em sentido religioso].” (João 4,23) ‘Ame os seus inimigos e ore pelos que o perseguem.’ (Mateus 5,:44) Pergunte-se: ‘Será que minha religião me incentiva a amar sinceramente todas as pessoas, até mesmo aquelas que talvez queiram me prejudicar? Aceita todo tipo de pessoas, sem se importar com nacionalidade, cor de pele, sexo, poder aquisitivo ou posição social?’
Orgulho. Na forma de arrogância ou auto-estima excessiva, o orgulho pode deixar a pessoa mais inclinada ao preconceito. Por exemplo, pode deixar a pessoa propensa a sentimentos de superioridade ou de desprezo pelos pobres e pelos de pouca instrução. Pode também levá-la a crer na propaganda ideológica que exalta sua nacionalidade ou etnia. Propagandistas astutos, como foi o caso do ditador nazista Adolf Hitler, deliberadamente estimulam o orgulho nacional e racial para conseguir o apoio das massas e difamar aqueles considerados diferentes ou indesejados.
▪ O que a Bíblia diz? “Todo o soberbo de coração é algo detestável para Deus.” (Provérbios 16,5) ‘Não faça nada por briga ou por egotismo, mas, com humildade mental, considere os outros superiores a você.’ (Filipenses 2,3) Pergunte-se: ‘Será que no fundo sinto prazer em ouvir elogios à minha raça ou etnia e comentários negativos sobre as demais? Tenho a tendência de sentir inveja daqueles que têm habilidades que eu não tenho, ou realmente fico contente por eles?’
Assim, a Bíblia alerta: “Mais do que qualquer outra coisa a ser guardada, resguarda teu coração, pois dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4,23) Então, lembre-se de que seu coração é muito precioso e não permita que nada o corrompa. Mas alimente-o com a sabedoria de Deus. Só depois disso ‘o raciocínio e o discernimento resguardarão você, para livrá-lo do mau caminho e do homem que fala perversidades’. — Provérbios 2,10-12.
Mas e se a vítima do preconceito ou da discriminação for você?

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