Moralidade: uma ilusão no ateísmo naturalista

quinta-feira, 28 de junho de 2012




O sr. Grayling (filósofo ateísta) executa algumas contorções interessantes quando tenta responder a pergunta: "a ética pode ser derivada da seleção natural?"

Não, não pode. A menos que, por "ética" você só quer dizer comportamentos que têm qualidade adaptativa como, por exemplo, comer ou reproduzir. Em qualquer caso, a ética no naturalismo será simplesmente dependente pressões adaptativas e, assim, não tem uma base fixa ontológica. Se fosse adaptativo, por exemplo, decapitar todos os primogênitos, então provavelmente decapitaríamos todos os primogênitos e estaríamos pensando agir corretamente.

Este é o problema em basear a "ética" sobre a evolução pela seleção natural. O que achamos que são atos morais são apenas atos que são, em média, evolutivamente vantajosos; eles são só subprodutos sócio-biológicos que são realmente amorais.
O experimento do pensamento do filósofo John Hick de uma formiga subitamente dotada de conhecimentos sobre as pressões biológicas ilustra bem o que quero dizer. A formiga sente a pressão de se auto-imolar para a colônia, mas percebe que é uma ilusão incutida nela pela seleção natural para a sobrevivência da colônia. Por que ela não deveria lutar contra essa ilusão? Certamente, sua própria vida é de mais valor para ela do que a da colônia? Certamente, se a natureza é amoral, então nada pode ser objetivamente imoral. Por que então ela deve estar motivada para seguir com a ilusão e o sacrifício de sua vida, já que o ato não tem qualquer valor moral objetivo?

O corolário que afirma uma ética baseada na evolução é medonho. Por exemplo, se isso fosse verdade, então o amor que você tem para o seu filho é apenas uma ilusão. Você, como todo mundo, evoluiu para ter esses sentimentos ilusórios, porque faz com que as espécies sejam evolutivamente bem sucedidas a longo prazo.

O DNA não conhece e nem se importa, como Richard Dawkins diz em seu livro "Deus, um delírio". Ele simplesmente é. E nós dançamos a sua música.

Claro, o sr. Grayling sabe de tudo isso. Mas mesmo assim ele dança em torno da questão como um macaco, porque a resposta curta que está baseada na verdade que ele defende vai ser uma pílula amarga demais para engolir.

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