Preconceito — Como Se Manifesta?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma pessoa preconcebida não é necessariamente hostil. Nem é, necessariamente, como o senhor que declara, de modo hipócrita, que ‘alguns de seus melhores amigos’ eram deste ou daquele grupo, mas que sentia repulsa diante da idéia de ter tais pessoas como vizinhos — ou como parentes, mesmo que por afinidade. Há vários graus de prevenção. O indivíduo preconceituoso pode deveras ter amigos de outra raça, mas revelar, de forma muito sutil, sentimentos persistentes de superioridade. Talvez prove a paciência deles por tecer comentários de mau gosto, de conotações raciais. Ou, em vez de tratá-los como a iguais, talvez assuma um ar de condescendência, agindo como se, por fazer deles seus amigos, estivesse fazendo-lhes um favor.
Outra forma de alguém demonstrar preconceito é exigir de certas pessoas um padrão mais elevado de consecução, embora lhes preste menor reconhecimento. E, se tais pessoas falham, talvez esteja inclinado a atribuir a falha a motivos raciais. Ou talvez condene, em certa raça, uma conduta que tolera na sua própria raça. Todavia, tal pessoa ficaria tremendamente ressentida diante de qualquer sugestão de que ela tem preconceito, tão completo é o engano de si mesma. Como disse certa vez o salmista: “Porque agiu de modo demasiadamente macio para consigo mesmo aos seus próprios olhos para descobrir seu erro, de modo a odiá-lo.” — Salmo 36,2.

“Quando Chegam aos Quatro Anos”
Por que, porém, as pessoas se tornam preconceituosas? Quão cedo na vida se adquire o preconceito? Em sua obra clássica, intitulada The Nature of Prejudice (A Natureza do Preconceito), o psicólogo social Gordon W. Allport observou a tendência da mente humana de “pensar com o auxílio de categorias”. Isto se evidencia até nas criancinhas. Logo aprendem a diferençar os homens das mulheres, os cães dos gatos, as árvores das flores — e até o “preto” do “branco”. Contrário à noção de que as criancinhas são “imunes à cor”, os pesquisadores concordam que as crianças pequeninas expostas a uma variedade de raças logo começarão a observar “as diferenças nos atributos físicos, tais como a cor da pele, as feições do rosto, os tipos de cabelo, etc. As crianças . . . geralmente atingem plena consciência dos grupos raciais quando chegam aos quatro anos.” — Revista Parents (Pais), julho de 1981.
Mas, será que simplesmente observar tais diferenças torna preconcebidas as crianças? Não necessariamente. Recente estudo comunicado em Child Development (Desenvolvimento Infantil), porém, afirmava que “crianças de 5 anos chegam ao jardim de infância sentindo nítidas preferências para interagir com coleguinhas da mesma cor”. Ainda mais perturbadora foi a observação de que “a tendência das crianças de selecionar companheiros de folguedos da mesma cor aumenta no ano do jardim de infância”. (O grifo é nosso.) Outros pesquisadores concluíram similarmente que as criancinhas amiúde se dão conta não só da raça, mas também das implicações raciais. Uma menininha de quatro anos, chamada Joana, certa vez fez esta declaração de gelar a espinha: “A gente branca pode subir. Os pretinhos têm que descer.”
Os pesquisadores ficam intrigados como é que as crianças desenvolvem tais bias. Suspeita-se fortemente, porém, da influência dos pais da criança. Na verdade, poucos pais talvez mandem diretamente que seus filhos não brinquem com crianças de outra raça. Todavia, se a criança nota que seus pais têm prevenção para com alguém de outra raça, ou não se sentem à vontade com ele, ela poderia similarmente assumir atitudes negativas. As diferenças culturais, a influência dos coleguinhas e dos veículos informativos, e outros fatores, podem então combinar-se para reforçar tal preconceito.

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