A última moda nas praias e piscinas egípcias é o 'burkini', um traje de banho muçulmano que só deixa a mostra parte do rosto, as mãos e os pés, e ainda assim é rejeitado pelos guardiões da ortodoxia islâmica
Por Redação OGalileo
04/08/2010 13:00h
Em uma pequena loja situada em um centro comercial do Cairo, duas mulheres organizam a mercadoria, composta por dezenas de trajes de banho 'islâmicos', o termo com o qual 'as clientes conhecem o que na Europa se chama burkini', esclarece à Agência Efe a dona do estabelecimento, Nevine, que prefere não revelar seu sobrenome.
A maioria do público da loja é formado por mulheres com hiyab (o lenço muçulmano), que param na vitrine, entram e saem, olham e se aproximam dos provadores.
'Embora existam maiôs normais à venda, vendemos muitos mais os islâmicos', explica Nevine, uma cristã ortodoxa copta que possui, além disso, uma fábrica que confecciona 'burkinis', união de burka e biquíni.
O 'burkini' é feito para as mulheres 'que não podem mostrar seu corpo em público, mas que não querem deixar de tomar banho de mar ou piscina', diz Nevine.
A versão muçulmana do maiô feminino é formada por uma peça de corpo inteiro, similar às de neopreno usadas pelos mergulhadores, sobre a qual se coloca uma túnica sem mangas e de corte solto, além de um capuz que cobre a cabeça e o pescoço.
O maiô islâmico é elaborado com lycra, 'um material resistente à água ao qual é acrescentado um pouco de algodão para que seque rapidamente', explica a empresária.
Amina, uma elegante egípcia de 40 anos, acaba de comprar um 'burkini', acessório que descobriu há cinco anos, quando 'a qualidade e a oferta era muito menor que a atual'.
'Nem sempre usei o maiô islâmico e não gosto muito' - opina a compradora. 'Certamente um maiô convencional, de uma peça, é melhor para o bronzeado e mais confortável'.
Na loja de Nevine são oferecidos todos os tamanhos, desde o pequeno até o extra grande, e abundam as túnicas de listras, com flores, luas e inclusive estampa de oncinha.
'O marrom é a cor mais na moda neste verão para o traje principal, mas o resto depende de cada mulher', acrescenta Nevine, que explica que 'há burkinis para todos os bolsos'. O preço do maiô muçulmano varia entre 200 libras egípcias (US$ 35) e 450 (US$ 79).
Ainda assim os trajes importados da China, que segundo a vendedora 'têm menos qualidade', podem ser adquiridos nas ruas do Cairo a partir de 75 libras.
Mas 'o que as mulheres que usam a Burka faziam antes de inventarem isso? Não podiam ir nadar ou tinham que fazer isso só com mulheres e familiares', acrescenta Nevine.
O 'burkini' não faz sucesso apenas no Egito, mas em todo o mundo árabe, na Europa e nos EUA, impulsionado pelos emigrantes muçulmanos e 'por aquelas pessoas recatadas de todos os credos', explica Ashma, diretor de uma companhia que vende através maiôs muçulmanos confeccionados na Turquia pela internet.
'As vendas estão aumentando, mas o mercado ainda é pequeno com muita concorrência', ressalta Ashma, que insiste que, além dos motivos religiosos, as mulheres o utilizam para se proteger do sol ou esconder o sobrepeso.
Seu uso, cada vez mais disseminado, não agrada os acadêmicos islâmicos porque, na sua opinião, transgride as doutrinas religiosas.
'Este acessório não pode ser considerado islâmico porque a mulher mostra sua silhueta quando entra com ele na água', argumenta a professora Soad Saleh, da Universidade de Al-Azhar, a instituição muçulmana sunita mais famosa do mundo islâmico.
E explica que 'ao sair de água pode haver homens que se fixem em seu corpo e lhes desperte um desejo sexual'.
Como alternativa, Saleh propõe que as mulheres 'escolham praias ou piscinas destinadas exclusivamente a mulheres ou vão muito cedo'.
Ashma diz que os lugares de banho só para elas são 'uma boa opção, porque elas podem atuar livremente e se sentirem seguras, mas têm um inconveniente: as mulheres são parte de uma família que se rompe nestes lugares'.
O ideal, acrescenta, seria que 'os homens não olhassem as mulheres, que têm direito de desfrutar do que Deus nos oferece'.
Fonte: OGalileo
Com informações da EFE / O Dia
0 comentários:
Postar um comentário