Como ser um bom pai

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um artigo na revista The Economist sobre a decadência familiar começava com a interessante declaração: “Colocar filhos no mundo é fácil, difícil é ser um bom pai.”
Embora muitas coisas na vida sejam difíceis de fazer, uma das mais difíceis — e ao mesmo tempo uma das mais importantes — é ser um bom pai. Todo pai deveria ter o desejo de ser bom, visto que estão em jogo o bem-estar e a felicidade da família.

Por que não é fácil
Em termos simples, a dificuldade de ser um bom pai deve-se principalmente à imperfeição humana — tanto dos pais como dos filhos. “A inclinação do coração do homem é má desde a sua mocidade”, diz a Bíblia. (Gênesis 8,21) Assim, um escritor bíblico reconheceu: “Em pecado me concebeu minha mãe.” (Salmo 51,5; Romanos 5,12) A inclinação para fazer o mal por causa do pecado herdado é apenas um dos obstáculos que torna difícil alguém ser um bom pai.
Este mundo também é um enorme obstáculo. Por quê? Porque, como explica a Bíblia, “o mundo inteiro jaz no maligno”, ou do “Diabo e Satanás”, como ele é também conhecido. A Bíblia também o chama de “deus deste mundo”. Não é de admirar que Jesus tenha dito que, assim como ele, seus seguidores não devem ‘fazer parte do mundo’. — 1 João 5,19; Apocalipse 12,9; 2 Coríntios 4,4; João 17,16.
Para ser um bom pai é essencial ter sempre em mente a imperfeição herdada, Satanás e o mundo sob seu controle. Esses não são obstáculos imaginários; são reais! Mas a quem um homem pode recorrer para aprender a combatê-los e se tornar um bom pai?

Exemplos divinos
Para obter ajuda sobre como superar os obstáculos mencionados acima, o pai pode recorrer à Bíblia e aos ensinos da Igreja, que traz exemplos maravilhosos. Jesus identificou o melhor deles quando ensinou seus seguidores a orar: “Pai nosso que estais no céu.” Ao descrever nosso Pai celestial, a Bíblia diz de forma simples: “Deus é amor.” Como um pai humano pode seguir esse exemplo amoroso? “Tornai-vos imitadores de Deus”, instou o apóstolo Paulo, “e prossegui andando em amor”. — Mateus 6,9, 10; 1 João 4,8; Efésios 5,1.2.
Se você é pai, considere o que pode aprender de apenas um exemplo de como Deus lidou com seu Filho, Jesus. Mateus 3,17 nos diz que, por ocasião do batismo de Jesus em água, ouviu-se a voz de Deus vinda do céu dizer: “Este é meu Filho amado em que me aprazo.” O  que podemos aprender disso?
Primeiro, pense no efeito sobre uma criança quando o pai, cheio de orgulho, diz a alguém: “Este é meu filho”, ou “esta é minha filha”. Os filhos se desenvolvem bem quando recebem atenção do pai ou da mãe, especialmente se for um reconhecimento por algo bom que tenham feito. É provável que o filho seja motivado a se esforçar ainda mais a fim de mostrar-se digno de receber elogios.
Segundo, Deus expressou seus sentimentos a respeito de Jesus ao se referir a ele como “o amado”. Essa expressão de carinho vinda de seu Pai deve ter feito Jesus se sentir muito feliz. Seus filhos também se sentirão animados se você demonstrar por palavras — bem como por seu tempo, atenção e preocupação — que os ama muito.
Terceiro, Deus disse ao Seu filho: “em que me comprazo.” (Marcos 1,11) É essencial que o pai faça isso, ou seja, dizer aos filhos que o que eles fazem o deixa feliz. Sim, o filho cometerá erros muitas vezes. Isso acontece com todos nós. Mas você, pai, procura oportunidades de mostrar que aprova as coisas boas que seu filho faz ou diz?
Jesus aprendeu bem com Seu Pai celestial. Enquanto esteve na Terra, ele mostrou por palavras e exemplos exatamente o que Seu Pai acha de Seus filhos terrestres. (João 14,9) Mesmo estando ocupado e sob pressão, Jesus tomava tempo para se sentar e conversar com as crianças. “Deixai vir a mim as criancinhas”, disse ele aos seus discípulos, “não tenteis impedi-las”. (Marcos 10,14) Será que você, pai, pode seguir mais plenamente o exemplo de Deus e de Seu Filho?

O bom exemplo é essencial
Nunca é demais enfatizar a importância de dar um bom exemplo para os filhos. É provável que seus esforços em “criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor” tenham pouco efeito, se você mesmo não se sujeitar à disciplina de Deus e não permitir que sua vida seja governada por ela. (Efésios 6,4). No grego original, "admoestação" contém a idéia de “pôr mente em”. E assim, de fato, insta-se aqui com os pais a porem a mente de Deus nos seus filhos. E quanta proteção isso é para os seus pequenos! Pois, quando se inculca à mente dos filhos os pensamentos de Deus, seu modo de pensar, é uma proteção maravilhosa contra se empenharem em qualquer transgressão.
No entanto, com a ajuda de Deus, você pode superar qualquer obstáculo para cumprir o mandamento Dele de cuidar dos filhos.


Ao estar convencido de que deve esforçar-se a pôr a mente de Deus em seu filho, poderá dar um importante passo preliminar para fazer isso, por descobrir o que seu filho pensa. Perguntas apropriadas muitas vezes farão com que ele expresse seus verdadeiros sentimentos. Por exemplo, ao falar-lhe sobre a lei de Deus que proíbe a fornicação, poderá perguntar: “Acha que somos beneficiados pela obediência a esta lei de Deus ou priva-nos ela da felicidade?” Ou poderá perguntar: “Que diferença faz se vivemos ou não segundo a lei de Deus?” Depois de fazer tal pergunta, acolha com prazer as expressões de seu filho. Caso ralhe com ele ou severamente o critique quando os conceitos que ele expressa não forem corretos, poderá sufocar qualquer comunicação adicional. Antes, por que não lhe agradecer por ter sido franco em expressar seus pensamentos e animá-lo a sempre lhe falar livremente? Terá conseguido muita coisa se o seu filho lhe expressar os verdadeiros sentimentos que tem. Estará assim em melhores condições de falar com ele.

Estabelecer um bom exemplo muitas vezes requer não só criatividade, mas também grandes esforços. É provável que ver os pais realmente se esforçando toque o coração dos filhos. Um homem que passou muitos anos no serviço de tempo integral disse de modo apreciativo a respeito de seu pai: “Às vezes papai estava tão cansado do trabalho que mal conseguia ficar acordado, mas mesmo assim realizávamos nosso estudo familiar, o que nos ajudou a reconhecer a seriedade disso.”
É evidente que estabelecer um bom exemplo — tanto em palavras como em ações — é essencial para ser um bom pai. Você precisa agir assim se quiser comprovar a veracidade do provérbio bíblico, que diz: “Educa o rapaz segundo o caminho que é para ele; mesmo quando envelhecer não se desviará dele.” — Provérbios 22,6.
Portanto, lembre-se de que não é só o que você diz que importa, mas especialmente o que faz — o exemplo que dá. Um perito canadense em educação infantil escreveu: “A melhor maneira de fazer com que nossos filhos se comportem [como gostaríamos] é nós mesmos mostrarmos o comportamento desejado.” De fato, se quiser que seus filhos dêem valor a assuntos espirituais, é vital que você mesmo dê o exemplo.

O que é a "admoestação"?
O apóstolo Paulo escreveu:
 Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. (Efésios 6,1-4).
Será que quando os pais criam seus filhos “na disciplina e na admoestação do Senhor” eles estão influenciando-os indevidamente? Não. Quem criticaria os pais por ensinarem a seus filhos o que consideram ser correto e moralmente benéfico? Os ateus não são criticados por ensinarem a seus filhos que Deus não existe. Os católicos romanos sentem-se na obrigação de criar seus filhos na fé católica, e raramente são criticados por se esforçarem a fazer isso.
Segundo o Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento), a palavra grega original traduzida “admoestação”, em Efésios 6,4, refere-se a um processo que “procura corrigir a mente, acertar o que está errado, melhorar a atitude espiritual”. E se um jovem rejeitar o treinamento dado pelos pais por causa da pressão dos colegas e do desejo de seguir a maioria? Quem na realidade está fazendo pressão que pode ser prejudicial — os pais ou os colegas? Se os colegas estão pressionando o jovem a usar drogas, a beber ou a se envolver em conduta imoral, será que os pais devem ser criticados por tentarem corrigir o modo de pensar de seu filho e ajudá-lo a perceber as consequências de tal conduta perigosa?
O apóstolo Paulo escreveu ao jovem Timóteo:
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. (2 Timóteo 3,14.15)
Desde a infância de Timóteo, sua mãe e sua avó haviam edificado fortemente a fé que ele tinha em Deus, usando como base o conhecimento das Escrituras Sagradas. (Atos 16,1; 2 Timóteo 1,5) Mais tarde, quando se tornaram cristãs, elas não obrigaram Timóteo a crer, mas o ‘persuadiram’ por meio de raciocínio sólido baseado no conhecimento das Escrituras.

Arranje tempo para eles
Seus filhos precisam ver seu bom exemplo. Isso significa que você precisa passar tempo com eles — bastante tempo, não apenas esporadicamente. Acate sabiamente o conselho bíblico de ‘comprar tempo’, ou seja, deixe de lado coisas menos importantes para poder ficar com eles. (Efésios 5,15.16) Realmente, o que há de mais importante do que seus filhos? Uma TV de alta definição, uma partida de futebol, uma bela casa, seu emprego?
Se o pai não reservar tempo para cuidar dos filhos enquanto ainda são crianças, ele sofrerá as consequências mais tarde. O pai cujos filhos se desviaram para um proceder imoral ou para um estilo de vida sem espiritualidade não raro sente profundo remorso. Lamenta não ter gastado mais tempo com seus filhos pequenos quando eles mais precisavam de um pai.
Lembre-se de que a hora de pensar nas conseqüências de suas escolhas é quando seus filhos são pequenos. A Bíblia chama os filhos de “uma herança da parte do Senhor”, algo que o próprio Deus lhe confiou. (Salmo 127,3) Portanto, nunca se esqueça de que você é responsável por eles perante Deus!

Há ajuda disponível
Um bom pai aprecia receber ajuda que será de benefício para os filhos. Após um anjo dizer à esposa de Manoá que ela daria à luz um filho, ele orou a Deus: “Por favor, deixa-o vir novamente a nós e instruir-nos quanto a que devemos fazer com o rapazinho que nascer.” (Juízes 13,8.9) Assim como os pais hoje, que tipo de ajuda Manoá precisava? Vejamos.
Brent Burgoyne, professor na Universidade da  Cidade do Cabo, África do Sul, observou que “um dos maiores presentes que alguém pode dar a uma criança é ensinar-lhe um sistema de valores”. A necessidade de ensinar valores aos filhos pode ser vista numa reportagem do jornal japonês The Daily Yomiuri, que publicou: “[Uma] pesquisa mostra que 71% das crianças japonesas nunca foram instruídas pelo pai a não dizer mentiras.” Isto não é lamentável?
Quem pode prover um sistema de valores confiável? O mesmo que orientou Manoá — o próprio Deus! Para fornecer ajuda, Deus enviou Seu Filho amado, Jesus, como Rabi — termo pelo qual ele era geralmente chamado.

Vemos assim que ser um bom pai inclui estabelecer um bom exemplo para os filhos, passar bastante tempo com eles e ajudá-los a viver em harmonia com as normas de Deus, conforme reveladas na Bíblia.

Condensado de revistas cristãs por Emerson de Oliveira

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