Com comovente vivacidade, Jesus mostra na parábola do filho pródigo (1) por que uma pessoa se desviaria, (2) o que pode acontecer enquanto ela está afastada, (3) o que é necessário para voltar, e (4) a atitude acolhedora de Deus. Os dois filhos da parábola podem ser comparados a pessoas que, como você, chegaram a conhecer o Pai, usufruíram a ‘abundância de pão espiritual’ na família da fé e dedicaram sua vida a Deus. — Lucas 15,11-32.
Há diversos motivos por que alguns, iguais ao filho mais jovem, abandonam a “casa” do nosso Pai celestial. Com frequência, trata-se do crescente fardo das “ansiedades da vida”. (Lucas 21,34) Ocasionalmente, a influência de más associações tem impedido alguns de ‘persistirem em obedecer à verdade’. (Gálatas 5,7.8.10.12) Ressentimentos quanto a certo assunto doutrinal talvez tenham levado diversos a irem “embora para as coisas deixadas atrás”. (João 6,60-66) Basicamente, alguns, quer consciente quer inconscientemente, têm considerado o ambiente dentro da Igreja de Deus restrito demais. Estes, iguais ao filho pródigo, não mais desejam estar sob o olhar vigilante do Pai. Buscam liberdade de movimento num “país distante”.
SOZINHO NUM PAÍS DISTANTE
O filho pródigo — depois de gastar todo o seu dinheiro — encontrou tudo menos liberdade e diversão. Rebaixou-se na conduta a ponto de “levar uma vida devassa”. Quando sobrevieram tempos difíceis, em desespero ele “se agregou” a um dos cidadãos que “o enviou” para pastar porcos — a tarefa mais humilhante para um judeu. Até mesmo ansiava a comida dos porcos! — Lucas 15,13-16.
Todavia, muitos que se tornam inativos não retrocedem para uma “vida devassa”, assim como fez o filho pródigo da parábola de Jesus. Contudo, todos ficam cônscios do rompimento da relação achegada com Deus. Certo casal que estava inativo “não pegou numa Bíblia durante 15 anos”, e ainda assim permaneceu moralmente casto. A esposa explica: “Falando em sentido material, as coisas iam maravilhosamente bem para nós durante aqueles anos. Você pode ser levado a crer que não há necessidade de voltar a Deus. Desenvolvemos toda a nossa vida em torno do nosso trabalho e de nós mesmos. Procuramos bloquear todas as nossas lembranças da verdade, a ponto de nos mudarmos para uma região onde ninguém nos conhecia. Mas toda essa felicidade era apenas superficial. Por dentro estávamos arrasados. Meu marido ficou profundamente deprimido durante anos. Paramos de orar, mesmo antes das refeições. Não consegui dormir muitas noites preocupada quanto à verdade e sentindo-me culpada.” O marido acrescentou: “Sentíamos que estávamos no ‘corredor da morte’.”
Estar apartado de Deus, sentir-se completamente só em sentido espiritual, é uma situação dolorosa. Certa mulher cristã, que ficou algum tempo inativa, disse: “Não há nada como ter o favor de Deus. Quando a pessoa se sente deprimida e não consegue orar a ele, ou tem dúvidas quanto a se ele responderá às suas orações, é uma situação terrível.”
“CAIU EM SI”
O filho pródigo reconheceu seus sentimentos espirituais íntimos e reagiu Jesus disse: “Caiu em si.” As palavras gregas originais significam literalmente: “Ele veio a si.” Estivera “fora de si”, num mundo irreal. Agora se apercebia de sua verdadeira condição espiritual. Refletiu na paz e na fartura que havia desfrutado no lar do seu pai. — Lucas 15,17.
Embora o filho pródigo chegasse a essa conclusão por si só, muitas vezes tal discernimento vem depois de várias palestras espirituais que despertam sentimentos adormecidos.
Entretanto, um dos maiores obstáculos para voltar é o esmagador sentimento de culpa.
FUI LONGE DEMAIS?
“Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho” foi o modo como o filho pródigo se sentia depois de ‘cair em si’. Outros se sentiram do mesmo modo — indignos de serem chamados membros da família de Deus. — Lucas 15,17-19. Outros acham que cometeram o “pecado imperdoável”.
Será que o pai, que sabia que os pecados de seu filho eram graves, encarou-os como imperdoáveis? Portou-se ele de modo frio e indiferente quando o rapaz reapareceu? De modo algum! Estivera à espera do filho. Segundo Jesus, “enquanto ainda estava longe, seu pai o avistou”. (Lucas 15,20) Os vizinhos talvez vissem apenas os trapos, a sujeira, os pés descalços, mas o pai viu a ele. Sabia o quanto o filho já havia mudado. Era óbvio que ele abandonara sua “vida devassa” e estava genuinamente arrependido. — Provérbios 28,13.
O pai correu para abraçar seu filho. O máximo que o filho esperava era tornar-se um ‘empregado’, alguém que realmente não era membro da família, e, em alguns aspectos, estava em pior situação do que um escravo. Jamais poderia ter imaginado a reação do seu pai: “Ligeiro! Trazei uma veste comprida, a melhor, vesti-o com ela, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés. E trazei o novilho cevado e abatei-o, e comamos e alegremo-nos.” Quão maravilhosamente Jesus ilustrou a reação de todo o coração da parte do pai! — Lucas 15,22.23.
O pai sabia que o filho pródigo já havia pago um preço alto — as cicatrizes emocionais de “levar uma vida devassa” e perder todo o seu dinheiro, a agonia de ficar sem amigos, sem alimento e abrigo durante uma época de fome, a vergonha de comer com porcos, e, finalmente, a longa jornada de volta para casa. Assim também, Deus compreende que a pessoa realmente sofre enquanto está ‘perdida’, e que não é fácil voltar. Todavia, nosso compassivo Pai celestial, que é “rico em misericórdia”, ‘não ralhará para sempre, nem mesmo trará sobre nós o que merecemos segundo os nossos erros’, se estivermos genuinamente arrependidos e ‘resolvermos as questões’ com ele. Alguns que cometeram até mesmo pecados crassos enquanto estavam apartados da Igreja, mas que voltam genuinamente arrependidos, confessando seus pecados perante o sacerdote, podem esperar ser tratados com amor e consideração, resultando em reabilitação completa. O Sacramento da Reconciliação cura — Salmo 103,8-10; 130,3; Isaías 1,18, 19.
É verdade que a Bíblia fala sobre alguns cristãos infiéis cujos pecados não são perdoados. No entanto, Paulo mostra que estes estão “em oposição” à Verdade e pisam desdenhosamente sobre o sacrifício resgatador, considerando-o de pouco valor. (Hebreus 10,26-31) Mas, será que já foi a tal ponto extremo? O fato de dar consideração sincera a esta matéria, em vez de ter desdém por ela, indica que ainda tem algum amor pelas coisas espirituais. O fato de que se sente culpado e perturbado no coração evidencia que você não foi longe demais. Esteja certo de que Deus responderá ao seu pedido feito em oração assim como respondeu ao de Davi, que suplicou: ‘Perdoa-me o erro, pois é considerável.’ — Salmo 25,11.
Fonte: extraído de revistas cristãs
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