Consolo para quem sofre

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

No decorrer dos séculos, a questão de por que Deus permite o sofrimento tem intrigado muitos filósofos e teólogos. Alguns afirmaram que, por Deus ser Todo-Poderoso, ele deve ser o responsável pelo sofrimento. O escritor de The Clementine Homilies (Homilias Clementinas), uma obra apócrifa do segundo século, afirmou que Deus governa o mundo com ambas as mãos. Com a sua “esquerda”, o Diabo, ele causa sofrimento e aflição, e com a sua “direita”, Jesus, ele salva e abençoa.
Outros, incapazes de admitir que Deus permita o sofrimento, mesmo não o causando, preferiram negar que o sofrimento existe. “O mal é apenas uma ilusão e não tem base real”, escreveu Mary Baker Eddy. “Se se compreendesse que o pecado, a doença e a morte nada são, eles desapareceriam.” — Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.
Em resultado dos acontecimentos trágicos da História, especialmente a partir da Primeira Guerra Mundial até os nossos dias, muitos chegaram à conclusão de que Deus simplesmente é incapaz de impedir o sofrimento. “Ao meu ver, depois do Holocausto, não é mais tão fácil dizer que Deus é onipotente”, escreveu o erudito judeu David Wolf Silverman. “Para compreendermos Deus de alguma forma”, acrescentou ele, “a Sua bondade precisa ser compatível com a existência do mal, e isso só pode significar que Ele não é Todo-Poderoso”.
No entanto, as afirmações de que Deus de algum modo é cúmplice do sofrimento, que ele é incapaz de impedi-lo ou que o sofrimento é fruto da nossa imaginação dão pouco consolo aos que sofrem. E o que é mais importante é que tais crenças de forma alguma condizem com o Deus justo, dinâmico e compassivo, revelado nas páginas da Bíblia. (Jó 34,10, 12; Jeremias 32,17; 1 João 4,8) Então, o que a Bíblia diz sobre o motivo de se ter permitido o sofrimento?

O apóstolo Paulo foi um dos maiores cristãos de todos os tempos. Ele voltou a vida para Jesus de uma maneira muito real. Embora Jesus restaurasse sua visão, Paulo, no entanto, teve muitos anos de dores. (2 Cor 24-30). Não acredito que é porque ele não tinha muita fé.

O ladrão na cruz ao lado de Jesus recebeu a liberdade da condenação eterna. "Hoje estarás comigo no Paraíso" (Lc 23,43), mas ele ainda experimentou muito sofrimento depois de entregar sua vida a Jesus. Ele foi pendurado na cruz por várias horas e teve as pernas quebradas. Jesus poderia facilmente tê-lo feito descer da cruz para remover o sofrimento no momento em que o ladrão se rendeu a Ele.

Todos os cristãos lutam com o sofrimento. Eu nunca encontrei um defensor da teologia da Prosperidade que nunca teve nenhum sofrimento na vida. O sofrimento é um fato da vida. Li um texto no site evangélico www.LifelinePro.com  que dizia "às vezes sofremos, não sei porquê, mas nós confiamos que Deus está no controle e Ele sabe o que está fazendo. "

Em seu livro "The Purpose Driven Life", o famoso pastor evangélico, Rick Warren diz:
    O nível mais profundo de adoração é louvar a Deus, apesar da dor, agradecendo-Lhe durante as provas, entregando-se a Ele nestes momentos e amando-Lhe quando Ele parece distante ... o erro mais comum que os cristãos cometem é buscar uma experiência em vez de buscar a Deus. Olham para os sentimentos, e se ele aparece, concluem que O adoraram. Errado! Na verdade, Deus sempre remove os nossos sentimentos, para que não dependamos deles. Buscar um sentimento, até mesmo o sentimento de proximidade com Cristo, não é adoração. Quando você é um noviço da fé, Deus lhe dá muitas emoções de confirmação ... mas à medida em que amadurece na fé, ele vai lhe livrando destas dependências. (A Vida Movida por um Propósito, Pg 107-109)
Os católicos não buscam o sofrimento. Não gostamos de sofrer mais do que nossos irmãos e irmãs evangélicos. Nós não somos masoquistas. No entanto, os católicos pensam que é correto sofrer e que o sofrimento não é um sinal de fé fraca ou superficial. 
... Também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança e resistência produz caráter e o caráter produz esperança ea esperança não engana. (Rm 5,1)
Como podemos lidar com o sofrimento?
  ‘Lançai sobre Deus toda a vossa ansiedade.’ (1 Pedro 5,7) Sentimentos de confusão, de ira e de abandono são apenas naturais quando sofremos ou vemos alguém que amamos sofrer. Mesmo assim, podemos ter a certeza de que Deus entende os nossos sentimentos. (Êxodo 3,7; Isaías 63:9) Assim como homens fiéis da antiguidade, podemos abrir o coração a ele e expressar as nossas dúvidas e ansiedades. (Êxodo 5,22; Jó 10,1-3; Jeremias 14,19; Habacuque 1,13) Ele talvez não remova milagrosamente as provações, mas, em resposta às nossas orações sinceras, pode conceder-nos sabedoria e força para lidar com elas. — Tiago 1,5-6.
  “Não fiquem admirados com a dura prova de aflição pela qual vocês estão passando, como se alguma coisa fora do comum estivesse acontecendo a vocês.” (1 Pedro 4,12, Nova Tradução na Linguagem de Hoje) Pedro fala aqui de perseguição, mas as suas palavras se aplicam igualmente a qualquer experiência penosa que o cristão venha a enfrentar. Os humanos sofrem privações, doenças e perdas. A Bíblia diz que “o tempo e o imprevisto” sobrevêm a todos. (Eclesiastes 9,11) Coisas assim fazem parte da atual condição humana. Reconhecermos isso nos ajudará a lidar com o sofrimento e o infortúnio que porventura nos sobrevenham. (1 Pedro 5,9) Acima de tudo, será de grande consolo lembrar-nos da garantia de que “os olhos do Senhor estão atentos aos justos e seus ouvidos estão atentos ao seu clamor por ajuda”. — Salmo 34,15; Provérbios 15,3; 1 Pedro 3,12.

Todo o sofrimento tem um propósito! Deus nos criou para a eternidade, e seu objetivo em tudo o que Ele faz, e em todas aquelas coisas que Ele permite que aconteça, é para nos trazer alegria a essa eternidade feliz que não tem fim, nem tristeza. Dor, angústia e tribulações são muitas vezes necessárias para quebrar as correntes fortes com que, em nossa loucura, ligamos nossos corações para as vaidades deste mundo. Nos desígnios de Deus, os sofrimentos e aflições podem nos ser enviados em punição para o pecado, ou como expiação, ou para preservar em nós a graça de Deus. Eles são destinados a aumentar os nossos méritos e nos trazer para a glória sem fim do céu.

Jesus, por Seu sofrimento humano, elevou todos os sofrimentos e dores humanos e deu-lhes o seu poder e seu valor. Se formos ver no sofrimento a "agradável e perfeita boa vontade de Deus" (Rm 12,2), Deus está habilitado para sintonizar as nossas almas para a harmonia dos céus. O segredo da felicidade no sofrimento, portanto, está em nossa fé na graça e no amor de Deus.

  “Alegrai-vos na esperança.” (Romanos 12,12) Em vez de nos concentrarmos na felicidade perdida, podemos meditar na promessa de Deus, de acabar com todo o sofrimento. (Eclesiastes 7,10) Essa esperança bem fundada nos protegerá assim como um capacete protege a cabeça. A esperança amortece os golpes que sofremos na vida e nos ajuda a evitar que sejam fatais para a nossa saúde mental, emocional ou espiritual. — 1 Tessalonicenses 5,8.

Extraído de revistas cristãs e adaptado por Emerson de Oliveira

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