Maria aos pés da Cruz

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe” Jo 19,25
1. Aqui vemos o cumprimento da profecia de Simeão.
De acordo com as exigências da lei de Moisés, os pais do menino Jesus trouxeram-no ao templo para apresentá-lo ao Senhor. Então, aconteceu que o velho Simeão, que esperava pela Consolação de Israel, o tomou em seus braços e bendisse a Deus. Depois de dizer:

Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos, luz para alumiar as nações e para glória de teu povo Israel” (Lucas 2.,9-32), ele se voltou para Maria e disse:
“Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel e para sinal que é contraditado (e uma espada traspassará também a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações” (Lucas 2,34, 35).

Que estranha palavra, essa! Poderia ser que dela, o maior de todos os privilégios fosse trazer a maior de todas as tristezas? Parecia a coisa mais improvável quando Simeão falou. Todavia, quão verdadeira e tragicamente veio a acontecer! Aqui na cruz essa profecia de Simeão foi cumprida.
“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe” (Jo 19,25). Após os dias de sua infância e adolescência, e durante todo o ministério público de Cristo, vemos e ouvimos muito pouco de Maria. Sua vida foi vivida na obscuridade, entre as sombras. Mas agora, quando a hora suprema lhe golpeava com a agonia do seu Filho, quando o mundo rejeitava o filho do seu ventre, ela permaneceu ali, junto à cruz! Quem pode retratar adequadamente tal figura? Maria estava mais perto do madeiro cruel! Despojada de fé e esperança, frustrada e paralisada pela estranha cena, todavia, ligada com a corrente dourada de amor àquele que estava agonizando, ali ela permanece! Experimente e leia os pensamentos e as emoções do coração daquela mãe. Ó, que espada foi aquela que perfurou a sua alma então! Felicidade tal como nunca em um nascimento humano, tristeza tal como nunca em uma morte desumana.
Aqui vemos demonstrado o coração de mãe. Ela é a mãe daquele homem moribundo.
Aquele que agonizava ali sobre a cruz era o seu filho. Ela foi a primeira a beijar aquela testa agora coroada de espinhos. Ela foi a primeira a guiar aquelas mãos e pés nos seus movimentos quando bebê.
Nenhuma mãe jamais sofreu como ela. Seus discípulos podem desertá-lo, seus amigos podem esquecê-lo, sua nação pode desprezá-lo, mas sua mãe permanece ali ao pé da sua cruz. Oh, quem pode sondar ou analisar o coração da Mãe?
Quem pode mensurar aquelas horas de tristeza e sofrimento à medida que a espada atravessava lentamente a alma de Maria? Não houve nenhum pranto histérico ou efusivo. Não houve nenhuma demonstração de fraqueza feminina; nenhum clamor violento vindo de uma angústia incontrolável; nenhum desmaio. Palavra alguma de seus lábios ficou registrada por nenhum dos quatro evangelistas: ela aparentemente sofreu em vigoroso silêncio. Todavia, sua tristeza não foi menos real e aguda. Águas silenciosas penetram fundo. Ela viu aquela testa perfurada com espinhos cruéis, mas não pôde alisá-la com seu terno toque. Ela viu suas mãos perfuradas e seus pés ficarem dormentes e pálidos, mas ela não podia esfregá-los. Ela notou sua necessidade de água, mas não lhe foi permitido saciar sua sede. Ela sofreu em profunda desolação de espírito.
“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe” (Jo 19.,5). A multidão estava zombando; os ladrões, insultando; os sacerdotes, escarnecendo; os soldados, endurecidos e indiferentes; o Salvador, sangrando e morrendo - e ali está sua mãe contemplando a horrível zombaria. Quem ficaria maravilhado se ela desmaiasse diante de uma tal visão! Quem ficaria maravilhado se ela se afastasse de um tal espetáculo! Quem ficaria maravilhado se ela fugisse de uma tal cena!
Mas não! Ali estava ela: não se encolhe, não desmaia, e nem mesmo desaba ao chão em sua dor - ela permaneceu de pé. Sua ação e atitude são singulares. Em todos os anais da história da nossa raça não há nenhum paralelo. Que coragem transcendente! Ela permaneceu junto à cruz de Jesus - que vigor maravilhoso! Ela reprimiu sua dor, e permaneceu ali quieta. Não foi a reverência pelo Senhor que a guardou de perturbá-lo em seus últimos momentos?
“Ora, Jesus, vendo ali sua mãe e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse à sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa” Jo 19,26, 27

 Extraído de "Os Sete Brados do Salvador na Cruz", de Arthur Pink

2 comentários:

ECC de Jardim do Seridó disse...

Muito bacana este blog, com ótimo conteúdo. Parabéns!!! Um abraço.
Blog do ECC - Jardim do Seridó-RN
www.eccjsonline.blogspot.com

Emerson disse...

Obrigado, ECC. E peço desde já suas orações para que Deus cure meu ouvido esquerdo do que deva ser curado para eu continuar evangelizando pela Internet, o que amo muito fazer.

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