O Evangelho segundo os estudiosos

terça-feira, 1 de março de 2011


“Quem dizem as multidões que eu sou?” (Lucas 9,18) Jesus fez essa pergunta aos discípulos há quase dois milênios. Na ocasião era uma pergunta controversa. Agora parece ainda mais controversa, especialmente na época do Natal, que supostamente centraliza-se em Jesus. Muitos crêem que Jesus foi enviado do céu para redimir a humanidade. É isso o que você pensa?
Alguns estudiosos propõem outra concepção. “A imagem de Jesus como alguém que ensinou que era o Filho de Deus que havia de morrer pelos pecados do mundo não é historicamente verídica”, diz Marcus J. Borg, professor titular de Religião e Cultura.
Outros especialistas dizem que o Jesus real era diferente do Jesus sobre o qual lemos na Bíblia. Alguns deles são da opinião de que os Evangelhos foram escritos quatro décadas ou mais depois da morte de Jesus e que nessa época sua verdadeira identidade havia sido retocada. Os estudiosos afirmam que o problema não estava com o que os evangelistas recordavam, mas com sua interpretação. Depois da morte de Jesus, os discípulos passaram a encará-lo com outros olhos: como o Filho de Deus, Salvador e Messias. Alguns especialistas dizem com toda a convicção que Jesus não passava de um sábio errante, um revolucionário social. De acordo com os estudiosos, essa é a verdade dos evangelhos.

Jesus sob a ótica da “erudição”
Para defender sua concepção “erudita”, os críticos parecem ávidos por descartar qualquer coisa sobre Jesus que dê a idéia de sobrenatural. Alguns deles dizem, por exemplo, que o nascimento virginal foi uma história inventada para encobrir o fato de Jesus ser filho ilegítimo. Outros rejeitam as profecias de Jesus sobre a destruição de Jerusalém, insistindo em dizer que foram inseridas nos Evangelhos depois do “cumprimento”. Ainda outros dizem até que as curas feitas por Jesus foram puramente psicossomáticas: o poder da mente sobre a matéria. Acha essas propostas bem fundadas, ou absurdas?
Certos estudiosos dizem até que os discípulos de Jesus inventaram a ressurreição para impedir que o movimento fracassasse. Afinal, segundo argumentam os estudiosos, os seguidores de Jesus, por não serem ninguém sem ele, inventaram coisas para restaurar o papel de destaque do Amo. Na verdade, o cristianismo, não Cristo, é que foi ressuscitado. Se isso parece uma extrapolação da parte dos estudiosos, que dizer da proposta da teóloga Barbara Thiering, que afirma que Jesus não foi executado? Ela crê que Jesus não morreu ao ser pregado na cruz, que casou duas vezes e foi pai de três filhos.
Todas essas declarações rebaixam a Jesus, colocando-o no único nível em que muitos estudiosos o aceitam: o de um sábio, um judeu marginalizado, um reformador social, qualquer coisa, mas não o Filho de Deus, que veio para “dar a sua vida como resgate em troca de muitos”. — Mateus 20,28.
Nesta época do ano você talvez já tenha lido trechos dos Evangelhos, como a passagem sobre o nascimento de Jesus numa manjedoura. Ou talvez os tenha ouvido na Igreja. Achou que os relatos evangélicos têm valor e são verossímeis? Então veja só a seguinte situação chocante. Um grupo de estudiosos, que se autodenomina Seminário de Jesus, reúne-se duas vezes por ano desde 1985 para analisar a autenticidade das falas de Jesus. Será que Jesus realmente falou o que a Bíblia atribui a ele? Os membros do seminário submeteram cada fala a votação com contas coloridas. As contas vermelhas indicavam as declarações que sem dúvida foram feitas por Jesus; as cor-de-rosa, as que provavelmente foram palavras de Jesus; as cinza significavam dúvida; e as pretas, falsificação.
Você talvez fique abalado por saber que o Seminário de Jesus declarou que 82% das palavras atribuídas a Jesus provavelmente não foram proferidas por ele. Apenas uma citação do Evangelho de Marcos foi considerada digna de crédito. O Evangelho de Lucas foi declarado tão cheio de propaganda que chega a estar “além de recuperação”. Praticamente todo o Evangelho de João recebeu contas pretas, as que indicam falsificação. O que restou, isto é, três linhas, ficou com as contas cinza da dúvida.

Mais do que academismo
Concorda com os estudiosos? Será que eles estão apresentando uma concepção de Jesus mais exata do que a que se encontra na Bíblia? Essas perguntas são muito mais do que um assunto para debate acadêmico. Nesta época do ano, você talvez se recorde de que Deus, segundo a Bíblia, enviou Jesus “a fim de que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha vida eterna”. — João 3,16.
Se Jesus não passou de um sábio errante sobre quem pouco sabemos, é despropositado ‘crer’ nele. Entretanto, se a concepção da Bíblia sobre Jesus é verídica, o que está em questão é nossa salvação eterna.

Extraído de revistas cristãs

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