Por que perdoar outros?

terça-feira, 29 de março de 2011


Um motivo importante para se perdoar outros é indicado em Efésios 5,1: “Portanto, tornai-vos imitadores de Deus, como filhos amados.” Em que sentido devemos ‘tornar-nos imitadores de Deus’? A palavra “portanto” relaciona esta expressão com o versículo precedente, que diz: “Tornai-vos benignos uns para com os outros, ternamente compassivos, perdoando-vos liberalmente uns aos outros, assim como também Deus vos perdoou liberalmente por Cristo.” (Efésios 4,32) Portanto, quando se trata de perdoar, devemos tornar-nos imitadores de Deus. Assim como um menino procura ser igual ao pai, nós, como filhos muito amados por Deus, devemos querer tornar-nos como nosso Pai celestial que perdoa. Como deve agradar ao coração de Deus olhar desde os céus e ver seus filhos terrestres tentar ser como ele por se perdoarem uns aos outros! — Lucas 6,35-36; note Mateus 5,44-48.
Devemos admitir que nunca conseguimos perdoar num sentido perfeito assim como Deus perdoa. Mas isso nos dá um motivo ainda maior para nos perdoarmos uns aos outros. Considere o seguinte: há uma enorme diferença entre o perdão de Deus e o nosso. (Isaías 55,7-9) Quando perdoamos os que pecaram contra nós, muitas vezes o fazemos percebendo que, mais cedo ou mais tarde, talvez precisemos que eles nos perdoem. No caso dos humanos, é sempre a questão de pecadores perdoarem pecadores. No caso do Bom Deus, porém, o perdão é sempre unidirecional. Ele nos perdoa, mas nós nunca precisaremos perdoá-lo. Se Deus, que não peca, pode perdoar-nos tão amorosa e completamente, não devemos nós, humanos pecadores, tentar perdoar uns aos outros? — Mateus 6,12.

Mais importante ainda é que, se nos negarmos a perdoar outros quando há base para misericórdia, isso pode afetar adversamente nossa própria relação com Deus. O Senhor não apenas pede que perdoemos uns aos outros; ele espera que o façamos. Segundo as Escrituras, parte da nossa motivação para sermos perdoadores é para que Deus nos perdoe ou porque já nos perdoou. (Mateus 6,14; Marcos 11,25; Efésios 4,32; 1 João 4,11) Portanto, se não estivermos dispostos a perdoar outros quando há um motivo válido para isso, podemos realmente esperar tal perdão do Senhor? — Mateus 18,21-35.
O Bom Deus ensina aos do seu povo “o bom caminho em que devem andar”. (1 Reis 8,36) Quando ele manda que perdoemos uns aos outros, podemos confiar que ele visa os nossos melhores interesses. É com bom motivo que a Bíblia nos manda ‘ceder lugar ao furor’. (Romanos 12,19) O ressentimento é um fardo pesado a levar na vida. Quando o guardamos, ele consome nossos pensamentos, priva-nos da paz e restringe nossa alegria. A ira prolongada, assim como o ciúme, pode ter um efeito prejudicial sobre a nossa saúde física. (Provérbios 14,30) E durante tudo isso, o ofensor talvez nem se aperceba da nossa agitação! Nosso amoroso Criador sabe que temos de perdoar francamente os outros não só em benefício deles, mas também em nosso. O conselho bíblico de perdoar, de fato, é ‘o bom caminho para andar’.



“Continuai a suportar-vos uns aos outros”
Danos físicos podem ser desde pequenos cortes até feridas profundas, e nem todos requerem o mesmo grau de tratamento. É similar com sentimentos feridos — algumas feridas são mais profundas do que outras. Precisamos realmente criar caso sempre que sofremos uma pequena ferida no nosso relacionamento com outros? Pequenas irritações, desfeitas e aborrecimentos fazem parte da vida e não necessariamente requerem um perdão formal. Se formos conhecidos como alguém que evita outros por causa de cada pequeno desapontamento e que depois insiste em que eles peçam desculpas antes de os tratarmos novamente de modo cortês, podemos obrigá-los a agir com cautela quando estão conosco — ou a manter uma boa distância!
Em vez disso, é muito melhor ‘termos a reputação de ser razoáveis’. (Filipenses 4,5, Phillips) Como criaturas imperfeitas que servem ombro a ombro, podemos razoavelmente esperar que de vez em quando nossos irmãos, a bem dizer, nos irritem e que façamos o mesmo a eles. Colossenses 3,13 nos adverte: “Continuai a suportar-vos uns aos outros.” Esta expressão sugere que devemos ser pacientes com outros, tolerando as coisas de que não gostamos neles ou as tendências que achamos irritantes. Essa paciência e tolerância podem ajudar-nos a lidar com irritações e ofensas menores que sofremos nos nossos tratos com outros — sem perturbar a paz da Igreja. — 1 Coríntios 16:14.

Quando as feridas são mais profundas
No entanto, o que fazer quando outros pecam contra nós, causando-nos uma ferida evidente? Se o pecado não for grave demais, talvez tenhamos pouca dificuldade em aplicar o conselho da Bíblia, de ‘nos perdoarmos liberalmente uns aos outros’. (Efésios 4,32) Essa prontidão de perdoar está em harmonia com as palavras inspiradas de Pedro: “Acima de tudo, tende intenso amor uns pelos outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” (1 Pedro 4,8) Lembrarmo-nos de que também somos pecadores habilita-nos a fazer concessões pelas transgressões de outros. Perdoando assim, abandonamos o ressentimento em vez de nutri-lo. Em resultado disso, nosso relacionamento com o ofensor pode não sofrer um dano duradouro, e ajudamos também a preservar a preciosa paz da Igreja. (Romanos 14,19) Com o tempo, a lembrança do que ele fez talvez desapareça.
No entanto, que dizer quando alguém peca contra nós de forma mais grave, magoando-nos profundamente? Por exemplo, um amigo de confiança talvez tenha divulgado alguns assuntos extremamente pessoais que você lhe confidenciou. Você se sente muito magoado, embaraçado e traído. Tentou não fazer caso, mas o assunto não deixa de preocupá-lo. Num caso assim, você possivelmente tenha de tomar alguma iniciativa para resolver o problema, talvez falando com o ofensor. É sábio fazer isso, antes que o assunto passe a piorar. Paulo exorta-nos: “Ficai furiosos, mas não pequeis [quer dizer, por abrigar furor ou por agir com furor]; não se ponha o sol enquanto estais encolerizados.” (Efésios 4,26) O que dá maior significado às palavras de Paulo é o fato de que, entre os judeus, o pôr-do-sol marcava o fim de um dia e o começo de outro. Portanto, o conselho é: resolva a questão depressa! — Mateus 5,23-24.
Como devemos dirigir-nos ao ofensor? “Busque a paz e empenhe-se por ela”, diz 1 Pedro 3,11. Portanto, seu objetivo não é expressar ira, mas fazer as pazes com seu irmão. Para isso, é melhor evitar palavras e gestos duros; estes poderiam provocar uma resposta similar da outra pessoa. (Provérbios 15,18; 29,11) Além disso, evite declarações exageradas, tais como: “Você sempre . . . !” ou: “Você nunca . . . !” Esses comentários exagerados só podem fazê-la ficar na defensiva. Em vez disso, deixe que seu tom de voz e sua expressão facial mostrem que você quer resolver a questão que o magoou profundamente. Seja específico ao explicar como o afetou o acontecido. Dê ao outro a chance de explicar por que agiu assim. Escute o que ele tem a dizer. (Tiago 1,19) Em que bem resultará isso? Provérbios 19,11 explica: “A perspicácia do homem certamente torna mais vagarosa a sua ira, e é beleza da sua parte passar por alto a transgressão.” Compreender os sentimentos da outra pessoa e os motivos de suas ações pode dissipar pensamentos e sentimentos negativos a respeito dela. Quando encaramos a situação com o objetivo de fazer as pazes e manter esta atitude, é bem provável que possamos esclarecer qualquer mal-entendido, pedir as devidas desculpas e conceder perdão.

Será que perdoar outros significa que temos de esquecer realmente o que aconteceu? Lembre-se do exemplo do próprio Deus neste respeito, conforme considerado no artigo precedente. Quando a Bíblia diz que Deus esquece os nossos pecados, isto não significa que ele não seja capaz de se lembrar deles. (Isaías 43,25) Antes, esquece-se deles no sentido de não nos culpar mais desses pecados num tempo futuro, visto que já os perdoou. (Ezequiel 33,14-16) De modo similar, perdoarmos a outros humanos não significa necessariamente que não conseguiremos lembrar-nos do que eles fizeram. No entanto, podemos esquecer-nos no sentido de não culparmos mais o ofensor ou de não mencionarmos a questão de novo no futuro. Resolvido assim o assunto, não seria apropriado tagarelar sobre ele; nem seria amoroso esquivar-nos completamente do ofensor, tratando-o como se fosse um desassociado. (Provérbios 17:9) É verdade que talvez leve algum tempo para nosso relacionamento com ele se restabelecer; pode ser que não sintamos a mesma intimidade como antes. Mas ainda o amamos como nosso irmão cristão e fazemos o máximo para manter relacionamentos pacíficos. — Note Lucas 17,3.

Extraído de revistas cristãs e adaptado por Emerson

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