Como se promove a “cultura da morte”?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

“Milhares de quilômetros separam os traumatizados jovens refugiados de Kosovo das crianças americanas expostas à violência e a outras experiências dolorosas, mas a distância emocional entre esses dois grupos talvez não seja tão grande assim.” — Marc Kaufman, The Washington Post.
Quer gostemos disso, quer não, direta ou indiretamente a morte afeta a todos nós, não importa onde vivemos — num país dilacerado por conflitos violentos ou num relativamente estável.
ATUALMENTE, a manifestação da “cultura da morte” pode ser vista na alta incidência de depressão, angústia, vício de drogas, aborto, comportamento autodestrutivo, suicídio e chacinas. O professor Michael Kearl, do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade de Trinity, em San Antonio, Texas, EUA, disse a respeito da manipulação do tema da morte: “De nossa posição privilegiada neste fim do século 20 [1999], verificamos que . . . a morte está se tornando reconhecida como força dinâmica central que sustenta a vida, a vitalidade e a estrutura da ordem social. A morte é a musa de nossas religiões, filosofias, ideologias políticas, artes e tecnologias médicas. Ela vende jornais e apólices de seguro, vigoriza enredos de nossos programas de televisão, e . . . até mesmo energiza nossas indústrias.” Examinemos alguns exemplos de como esse fenômeno, chamado de cultura da morte, se manifesta hoje.

Venda de armas
A “cultura da morte” manifesta-se em base diária na venda de armas. Os armamentos são usados para matar soldados, mas matam principalmente civis, entre eles mulheres e crianças inocentes. Nas guerras, civis ou de qualquer outro tipo, a vida sempre vale bem pouco. Quanto custa a bala de um assassino ou de um franco-atirador?
Em alguns países, o fácil acesso público às armas provoca um aterrador e constante aumento na morte de pessoas e de grupos de pessoas. Depois da tragédia dos tiros no colégio de Littleton, Colorado, surgiram protestos contra a ampla venda de armas e sua fácil disponibilidade a menores. O número de jovens nos Estados Unidos que sofrem morte violenta é alarmante — 40 em média por semana, segundo a revista Newsweek. Destes, quase 90% são vítimas de armas de fogo. Isso equivale a 150 massacres como o de Littleton por ano!

O mundo da diversão
Muitos filmes exploram o tema da morte. Por exemplo, o enredo de um filme talvez cubra de glamour a imoralidade, a violência, o tráfico de drogas, ou o crime organizado, minimizando assim o valor da vida e dos princípios morais. Há filmes em que a morte é até romantizada — retratando o mito da vida após a morte e a suposta volta de alguns para visitar os vivos — o que serve apenas para banalizar a morte.
É assim também com certos programas de TV e músicas. Segundo noticiado, os jovens assassinos de Littleton eram fãs ardorosos de um cantor de rock que ficou famoso por “androgenia, imagens satânicas” e canções com “temas de rebelião e morte”.
Nos Estados Unidos, o método de classificação dos programas de TV foi revisado para proteger os jovens da exposição à matéria prejudicial. O resultado tem sido contraproducente. Jonathan Alter, escrevendo em Newsweek, diz que essa classificação “pode levar a garotada a desejar ainda mais o fruto proibido”. E acrescentou que, para envergonhar e obrigar os responsáveis a reduzir a violência na mídia, o Presidente Clinton deveria “ler publicamente os nomes das grandes empresas (e de seus executivos)” que não só produzem filmes de facadas e discos de ‘gangsta rap’ mas também jogos de computador que permitem às crianças “ ‘virtualmente’ matar pessoas”.

A morte nos videogames e na Internet
Em seu livro The Deathmatch Manifesto (O Manifesto do Jogo da Morte), Robert Waring analisa a popularidade dos chamados jogos da morte (ou, de combate mortal) entre os adolescentes. Waring acredita que emergiu uma sociedade secreta de jogadores em resultado desse fenômeno. O efeito desses jogos realmente não é educar, mas sim ensinar a matar. “Jogar com um oponente vivo de qualquer parte do mundo, e tentar a auto-afirmação, é uma experiência forte. É realmente fácil ser sugado para dentro disso”, diz Waring. Adolescentes são atraídos pela força dos cenários tridimensionais projetados como panos de fundo para as lutas sangrentas. Não tendo acesso via Internet, alguns compram jogos para usar na TV em casa. Outros vão regularmente a locais públicos onde alugam máquinas de videogames e realizam ‘virtuais’ combates mortais.
Embora os “jogos da morte” sejam classificados segundo a idade do jogador, o controle na verdade é muito fraco. Eddie, de 14 anos, dos Estados Unidos, disse: “As pessoas costumam dizer que ainda somos muito novos, mas não nos impedem de comprar [os jogos].” Ele gosta de certo jogo que consiste em uma orgia de tiros. Embora seus pais conheçam esse jogo e não gostem dele, raramente verificam se o rapaz brinca com ele, ou não. Certo adolescente concluiu: “A nossa geração é muito mais insensível à violência do que qualquer outra. Atualmente, as TVs participam mais na educação dos filhos do que os pais, e a televisão apela para as fantasias violentas das crianças.” John Leland, escrevendo em Newsweek, declarou: “Com 11 milhões de adolescentes ligados [na Internet, nos EUA], cada vez mais a vida adolescente se passa num cenário inacessível a muitos pais.”

Estilos de vida que levam à morte
Que dizer do comportamento fora do mundo dos “jogos da morte” e dos filmes violentos? Embora na vida real não precisemos encarar uma luta mortal com criaturas bizarras, o estilo de vida de muitos inclui um comportamento autodestrutivo. Por exemplo, apesar da influência familiar, de órgãos de saúde e de outras autoridades que alertam sobre os perigos de fumar e do abuso de drogas, essas práticas continuam a aumentar. Muitas vezes causam morte prematura. Para aumentar seus lucros ilícitos, grandes empresas e traficantes de drogas continuam a explorar a ansiedade, a desesperança e a pobreza espiritual das pessoas.

Quem está por trás de tudo isso?
Será que a Bíblia apresenta a morte como bom tema de diversão? Justificam-se os estilos de vida que nos podem levar à morte? Não. Para os cristãos verdadeiros, assim como para o apóstolo Paulo, a morte nada mais é do que um “inimigo”. (1 Coríntios 15,26) Os cristãos não encaram a morte como atraente e divertida, mas sim como algo contra a natureza, um efeito direto do pecado e da rebelião contra Deus. (Romanos 5,12; 6,23) A morte nunca fez parte do propósito original de Deus para o homem.
Diz-se que Satanás tem “os meios de causar a morte”. Ele é chamado de “homicida”, não necessariamente porque cause a morte de modo direto, mas porque faz isso por usar de engano, por seduzir as pessoas ao pecado, apoiar conduta que produz corrupção e morte e promover atitudes assassinas na mente e no coração de homens, mulheres e até mesmo de crianças. (Hebreus 2,14-15; João 8,44; 2 Coríntios 11,3; Tiago 4,1-2) Mas por que os jovens são o alvo principal? O que se pode fazer para ajudá-los?

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