O Sucesso de Zaqueu

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Era uma linda larde de dom ingo, na cidade de Presidente Prudente, Sao Paulo. O palco estava montado para mais uma exibição iie gala do grande nome do futebol brasileiro nos últimos anos: Ronaldo Fenómeno. Mas nada do que se esperava aconteceu no clássico entre Corinthians e Palmeiras. O mencionado craque caiu em cima da mão esquerda e teve de ser substituído. Depois disso, todas as atenções se voltaram para um ex-gorducho baiano, que até pouco tempo era motivo de zombaria por parte de todos.
O nome do jogo foi Obina, que viveu um dia de Fenómeno, marcando três gois. O primeiro foi de cabeça, o segundo, de pênalti, e o último, o que mais chamou a atenção. Como Zaqueu, o jogador palmeirense subiu o mais alto que pôde para tocar de cabeça para o seu companheiro, que, em retribuição, o deixou à frente do gol para decretar o placar final. Corinthians, de Ronaldo: 0. Palmeiras, de Obina: 3.
Para muitos, o que aconteceu naquele memorável jogo foi um verdadeiro milagre. Um jogador que até pouco tempo estava obeso e jogando muito mal no Flamengo (não fazia um gol havia seis meses!), sendo ridicularizado pela imprensa, surgiu magro, jogando bem, fazendo três gois e sendo enaltecido pela crítica esportiva! Ele teria tudo para cantar: "A minha vitória hoje tem sabor de mel", mas estava com outro hit gospel na cabeça.
Todos os domingos, no programa Fantástico, da Rede Globo, o criativo apresentador Tadeu Schmith presenteia o jogador que faz três ou mais gois tocando a música de sua preferência. Que canção Obina pediu, ao ser entrevistado por um repórter? "Eu queria ouvir uma música que a minha filha canta, que diz: 'Entra na minha casa, entra na minha vida"', respondeu. Como ele não escolheu em que ritmo gostaria de ouvir "Faz um milagre em mim", esse hit, que transcende o meio evangélico, foi apresentado em pagode...
Nunca na história da igreja evangélica Zaqueu foi tão famoso — como diria o presidente Lula. Não me lembro de uma canção considerada evangélica que foi tão cantada, e por tanta gente (dentro e fora das igrejas), como "Faz um milagre em mim". Ela já foi gravada por grupos de pagode, funk, forró, além de ser tocada em bailes, shows e eventos seculares diversos, como protestos de grupos que se dizem marginalizados. Isso, para os ufanistas, é excelente, pois importa que o evangelho de Cristo seja pregado.
Na verdade, essa é a minha primeira preocupação quanto à canção mencionada: o fato de ela estar sendo cantada por pessoas mundanas, com a maior naturalidade. Isso não é nada positivo, ao contrário do que muitos pensam! Por quê? Porque o mundo perdido tem, por natureza (Ef 2.2,3), aversão às coisas de Deus. A palavra da cruz é loucura para os que perecem (1 Co 1.18). Os pecadores não compreendem as coisas do Espírito de Deus (1 Co 2.14). E somente o Espírito Santo pode convencê-los de seus pecados, levando-os a valorizar e receber a salvação.
O evangelho não é nada simpático para o perdido pecador. Ele não é popular como a canção "Faz um milagre em mim"! Por que os frequentadores de bailes e, especialmente, aquelas moças do grupo de forró, que — quase nuas — cantam "Entra na minha vida" ou "Largo tudo pra te seguir", de fato não largam tudo para seguir a Jesus e abrem o coração para Ele entrar? Será que tais pessoas desejam mesmo deixar a vida de pecado? Ou apenas cantam porque acham a canção bonita e envolvente?

JESUS OU ZAQUEU?
— Olá, Zaqueu, tudo bem? — pergunta Jesus, olhando para cima. — Tenho muito prazer em conhecê-lo.
— Ah, igualmente! Como o senhor sabe o meu nome, Jesus de Nazaré? — responde Zaqueu, ainda de cima do sicômoro.
— Eu sou onisciente e conheço até mesmo os seus pensa¬mentos. Mas por que você subiu no sicômoro?
—  Como assim? O senhor não sabe tudo? — pergunta Zaqueu, já no chão.
— Sei, mas quero que você me diga por que subiu? Quero ouvir a sua confissão.
— Bem, como eu sou uma pessoa diferente das demais, que estão entre a plateia, tive a iniciativa de subir nesse sicômoro para ficar no palco, chamando a sua atenção para mim!
— É mesmo? Brilhante ideia! Otima iniciativa! Fico feliz pelo seu interesse e aproveito para perguntar-lhe se você tem uma vaga em sua agenda para me receber em sua casa. Sei que você é muito ocupado, mas talvez possamos marcar uma entre¬vista. Quando seria mais conveniente para você me receber?
— Ah, é muita gentileza de sua parte! Mas por que o senhor me daria tamanha honra de entrar em minha casa? — responde Zaqueu, surpreso.
— Ora, Zaqueu, como você mesmo disse, estou diante de uma pessoa especial que conseguiu chamar a minha atenção! Não é sempre que encontramos pecadores tão interessados em ser salvos, capazes de fazer o que for possível para conseguir a certeza da vida eterna! Podemos ir agora mesmo à sua casa?
— Sim, claro! Entra na minha casa! Entra na minha vida... Faça um milagre em mim!
É claro que não foi assim o encontro entre o Senhor Jesus e o pecador Zaqueu. O diálogo acima está baseado numa interpretação antropocêntrica do texto de Lucas 19.1-9. E é essa leitura equivocada, que não leva em consideração que Cristo á Senhor e supervaloriza os atos do pobre pecador Zaqueu, que foi tomada (conscientemente ou não) como base para a composição de "Faz um milagre em mim".

Extraído de "Erros que os adoradores devem evitar", de Ciro Sanches Zibordi

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