Perseverança — vital para os cristãos

terça-feira, 5 de abril de 2011

“Supri à vossa fé . . . a perseverança.” — 2 PEDRO 1,5-6.
Sim, todos nós, como cristãos, temos de perseverar até o fim deste sistema de coisas ou até o fim da nossa vida. Não há outro modo de receber a aprovação de Deus para ter salvação. Estamos numa corrida pela vida, e temos de ‘correr com perseverança’ até cruzarmos a linha de chegada. (Hebreus 12,1) O apóstolo Pedro enfatizou a importância desta qualidade ao instar com concristãos: “Supri à vossa fé . . . a perseverança.” (2 Pedro 1,5-6) Mas, exatamente o que é perseverança?

O significado da perseverança
Que significa perseverar? O verbo grego para “perseverar” (hy‧po‧mé‧no) significa literalmente “permanecer ou ficar embaixo”. Ocorre 17 vezes na Bíblia. Segundo os lexicógrafos W. Bauer, F. W. Gingrich e F. Danker, significa “permanecer em vez de fugir . . ., manter-se firme, aguentar”. O substantivo grego para “perseverança” (hy‧po‧mo‧né) ocorre mais de 30 vezes. Sobre esta palavra, A New Testament Wordbook (Glossário do Novo Testamento), de William Barclay, diz:
“Ela é o espírito que pode suportar coisas, não simplesmente com resignação, mas com fervorosa esperança . . . É a qualidade que mantém o homem em pé com o rosto voltado contra o vento. É a virtude que pode transmudar a provação mais difícil em glória, porque vê o alvo mais além da dor.”
Portanto, a perseverança habilita-nos a manter-nos firmes e a não perdermos a esperança em face de obstáculos ou dificuldades. (Romanos 5,3-5) Olha para o alvo mais além da atual dor — o prêmio, ou a dádiva, da vida eterna, quer no céu, quer na Terra. — Tiago 1,12.

Por que ter perseverança?

Todos nós, como cristãos, temos “necessidade de perseverança”. (Hebreus 10,36) Por quê? Basicamente, porque ‘enfrentamos diversas provações’. O texto grego, aqui em Tiago 1,2, sugere um acontecimento inesperado ou indesejável, como quando alguém se confronta com um assaltante. (Compare com Lucas 10,30.) Sofremos provações que podem ser divididas em duas categorias: as que são comuns aos homens em resultado do pecado herdado, e as que surgem por causa da nossa devoção piedosa. (1 Coríntios 10,13; 2 Timóteo 3,12) Quais são algumas dessas provações?
Doença grave. Alguns cristãos, iguais a Timóteo, têm de suportar “frequentes casos de doença”. (1 Timóteo 5,23) Especialmente quando nos vemos confrontados com uma doença crônica, talvez muito dolorosa, precisamos perseverar, manter-nos firmes com a ajuda de Deus, e não perder de vista nossa esperança cristã. Considere o exemplo de um cristão de 50 e poucos anos de idade, que travou uma batalha longa e árdua contra um tumor maligno de crescimento rápido. Em duas operações manteve-se firme na sua determinação mas o tumor reapareceu no abdômen e continuou a crescer perto da espinha. Em vista disso, ele sofreu inimagináveis dores físicas, que nenhum medicamento podia aliviar. No entanto, ele olhou mais além da atual dor, para o prêmio da vida no novo mundo. Continuou a compartilhar sua brilhante esperança com médicos, enfermeiros e visitantes. Perseverou até o fim — o fim da sua vida. O problema de saúde que você tem talvez não lhe ameace a vida, nem seja tão doloroso como o sofrido por aquele querido irmão, mas ainda assim pode constituir uma grande prova de perseverança.

Dor emocional. De vez em quando, alguns do povo de Deus se vêem confrontados com “dor de coração”, que resulta em “um espírito abatido”. (Provérbios 15,13) Sofrer depressão profunda não é incomum nestes “tempos críticos, difíceis de manejar”. (2 Timóteo 3,1) A revista Science News, de 5 de dezembro de 1992, relatou: “As taxas de depressão profunda, muitas vezes incapacitante, têm aumentado em cada geração sucessiva nascida desde 1915.” As causas dessa depressão são diversas, desde fatores psicológicos até experiências dolorosas e desagradáveis. Para alguns cristãos, a perseverança envolve uma luta diária para se manterem firmes em face de dor emocional. No entanto, eles não desistem. Continuam fiéis a Deus apesar de lágrimas. — Compare com Salmo 126,5-6.
As diversas provações com que nos confrontamos podem incluir sérias dificuldades financeiras.

Se você sofreu a perda dum ente querido na morte, então precisa de perseverança que dure muito depois que aqueles à sua volta tiverem retornado à sua rotina normal. Talvez até mesmo ache que é especialmente difícil para você, todo ano, por volta da época em que seu ente querido faleceu. Suportar essa perda não significa que seja errado verter lágrimas de pesar. É natural que lamentemos a morte de alguém que amamos, e isto de modo algum indica falta de fé na esperança da ressurreição. (Gênesis 23,2; compare com Hebreus 11,19.) Jesus ‘entregou-se ao choro’ depois de Lázaro ter falecido, embora confiantemente tivesse dito a Marta: “Teu irmão se levantará.” E Lázaro levantou-se mesmo! — João 11,23.32-35, 41-44.
Além de os do povo de Deus suportarem as provações comuns a todos os humanos, eles têm necessidade extraordinária de perseverança. “Sereis pessoas odiadas por todas as nações, por causa do meu nome”, advertiu Jesus. (Mateus 24,9) Ele disse também: “Se me perseguiram a mim, perseguirão também a vós.” (João 15,20) Por que todo esse ódio e perseguição? Porque, não importa onde vivamos nesta Terra como servos de Deus, Satanás está tentando quebrantar nossa integridade para com Deus. (1 Pedro 5,8; compare com Apocalipse 12,17.) Com este objetivo, Satanás muitas vezes tem atiçado as chamas da perseguição, submetendo nossa perseverança a uma severa prova.

As diversas provações com que nos confrontamos — tanto as comuns aos humanos como as que enfrentamos por causa da nossa fé cristã — indicam por que precisamos ter perseverança. Mas como podemos perseverar?

Como perseverar até o fim?
Os do povo de Deus têm definitivamente uma vantagem sobre aqueles que não adoram a Deus. Para obtermos ajuda, podemos apelar para “o Deus que provê perseverança”. (Romanos 15,5) No entanto, como supre o Senhor a perseverança? Um modo de ele o fazer é pelos exemplos de perseverança registrados na sua Palavra, a Bíblia. (Romanos 15,4) Ao examiná-los, não só somos incentivados a perseverar, mas também aprendemos muito sobre como perseverar. Considere dois notáveis exemplos — a corajosa perseverança de Jó e a perfeita perseverança de Jesus Cristo. — Hebreus 12,1-3; Tiago 5,11.
Que situações puseram a perseverança de Jó à prova? Ele sofreu dificuldades financeiras quando perdeu a maior parte dos seus bens. (Jó 1,14-17; compare com Jó 1,3.) Jó sentiu a dor da perda quando todos os seus dez filhos foram mortos num vendaval. (Jó 1,18-21) Sofreu um doença grave e muito dolorosa. (Jó 2,7-8; 7,4, 5) Sua própria esposa o pressionou para que se desviasse de Deus. (Jó 2,9) Companheiros íntimos diziam coisas dolorosas, cruéis e inverídicas. (Compare com Jó 16,1-3 e Jó 42,7.) Em tudo isso, porém, Jó permaneceu firme, mantendo a integridade. (Jó 27,5) As coisas que suportou são similares às provações que os do povo de Deus enfrentam hoje.

Como conseguiu Jó perseverar em todas essas provações? Uma coisa em especial que sustentava Jó era a esperança. “Até mesmo para uma árvore há esperança”, declarou ele. “Se for decepada, brotará novamente. E seu próprio rebento não deixará de existir.” (Jó 14,7) Que esperança tinha Jó? Conforme se nota alguns versículos mais adiante, ele declarou: “Morrendo o varão vigoroso, pode ele viver novamente? . . . Tu chamarás e eu mesmo te responderei. Terás saudades [ou: anseios] do trabalho das tuas mãos.” (Jó 14,14-15) Sim, Jó olhava para mais além da sua dor do momento. Sabia que suas provações não durariam para sempre. No máximo, teria de perseverar até a morte. Sua expectativa era de que o Senhor, que amorosamente deseja ressuscitar os mortos, o traria de volta à vida. — Atos 24,15.

O Catecismo (CEC) reza:
1810 - As virtudes humanas adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre retomada com esforço são purificadas e elevadas pela graça divina. Com o auxílio de Deus, forjam o caráter e facilitam a prática do bem. O homem virtuoso sente-se feliz em praticá-las.

1811 - Não é fácil para o homem ferido pelo pecado manter o equilíbrio moral. O dom da salvação, trazida por Cristo, nos concede a graça necessária para perseverar na conquista das virtudes. Cada um deve sempre pedir esta graça de luz e de fortaleza, recorrer aos sacramentos, cooperar com o Espírito Santo, seguir seus apelos de amar o bem e evitar o mal.
O que aprendemos da perseverança de Jó? A fim de perseverarmos até o fim, nunca devemos perder de vista a nossa esperança. Lembre-se também de que a certeza da esperança do Reino significa que quaisquer sofrimentos que tivermos serão relativamente ‘temporários’. (2 Coríntios 4,16-18) Nossa preciosa esperança baseia-se solidamente na promessa de Deus de haver um tempo, no futuro próximo, em que ele “enxugará dos [nossos] olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor”. (Apocalipse 21,3-4) Esta esperança, que “não conduz a desapontamento”, tem de proteger nosso modo de pensar. (Romanos 5,4-5; 1 Tessalonicenses 5,8) Ela tem de ser real para nós — tão real que, com os olhos da fé, podemos ver-nos no novo mundo — não mais lutando com doenças e depressão, mas despertando toda manhã com boa saúde e com a mente livre de inquietações; não mais preocupados com sérias pressões econômicas, mas vivendo em segurança; não mais lamentando a morte de entes queridos, mas sentindo a emoção de vê-los ressuscitados. (Hebreus 11,1) Sem essa esperança, podemos ficar tão acabrunhados com nossas atuais provações, que desistimos. Com a nossa esperança, que enorme incentivo temos para continuar lutando, para continuar perseverando até o fim!

A Bíblia exorta-nos a ‘olhar atentamente’ para Jesus e a ‘considerá-lo de perto’. Que provações suportou ele? Algumas delas resultaram do pecado e da imperfeição de outros. Jesus não somente aturou “conversa contrária da parte de pecadores”, mas também problemas que surgiram entre seus discípulos, inclusive as repetidas disputas deles sobre quem era o maior. Além disso, confrontou-se com uma inigualável prova de fé. Ele “aturou uma cruz”. (Hebreus 12,1-3; Lucas 9,46; 22,24) É difícil até mesmo de imaginar o sofrimento mental e físico envolvido na dor de ser pregado numa cruz, e com a ignomínia de ser executado como blasfemador.

O que habilitou Jesus a perseverar até o fim? O apóstolo Paulo menciona duas coisas que sustentaram Jesus: ‘súplicas e petições’ e também a “alegria que se lhe apresentou”. Jesus, o Filho de Deus, não se envergonhava de pedir ajuda. Orava “com fortes clamores e lágrimas”. (Hebreus 5,7; 12,2) Foi especialmente quando se aproximou sua provação suprema que ele achou necessário orar, pedindo repetida e fervorosamente forças. (Lucas 22,39-44) Deus não removeu a provação em resposta às súplicas de Jesus, mas fortaleceu-o para que perseverasse. Jesus também perseverou por olhar para mais além da cruz, para sua recompensa — a alegria que teria em contribuir para a santificação do nome de Deus e em resgatar a família humana da morte. — Mateus 6,9; 20,28. Aprendemos diversas coisas do exemplo de Jesus, que nos ajudam a ter um conceito realístico sobre o que está envolvido na perseverança. Manter a perseverança não é fácil. Se estamos achando difícil perseverar numa determinada provação, é consolador saber que o mesmo se deu até com Jesus. Para perseverarmos até o fim temos de orar repetidas vezes pedindo forças. Quando sofremos provações, ocasionalmente talvez nos achemos indignos de orar. Mas Deus convida-nos a derramar-lhe o coração ‘porque ele tem cuidado de nós’. (1 Pedro 5,7) E em razão do que Deus tem prometido na sua Palavra, ele se obrigou a dar “poder além do normal” aos que o invocam com fé. — 2 Coríntios 4,7-9.

Às vezes temos de perseverar com lágrimas. Para Jesus, a própria dor da cruz não era motivo de regozijo. Antes, a alegria estava na recompensa que se lhe apresentou. Em nosso caso, não é realístico esperar que sempre nos sintamos alegres e animados quando sofremos provações. (Compare com Hebreus 12,11.) Olhando à frente para a recompensa, porém, talvez possamos ‘considerar tudo com alegria’, mesmo quando confrontados com as situações mais provadoras. (Tiago 1,2-4; Atos 5,41) O importante é que continuemos firmes — mesmo que tenha de ser com lágrimas. Afinal, Jesus não disse: ‘Aquele que menos lágrimas verter será salvo’, mas: “Quem tiver perseverado até o fim é o que será salvo.” — Mateus 24,13.

De modo que a perseverança é vital para a salvação. Todavia, em 2 Pedro 1,5-6, somos exortados a suprir devoção piedosa à nossa perseverança. O que é devoção piedosa? Como se relaciona com a perseverança, e como poderá consegui-la? Estas perguntas serão consideradas no próximo artigo.

O sofrimento intenso que Jesus suportou possivelmente pode ser visto no fato de que seu organismo perfeito expirou depois de apenas poucas horas na cruz, ao passo que os malfeitores pregados ao lado dele tiveram de ter as pernas quebradas para acelerar a morte. (João 19,31-33) Eles não haviam tido o sofrimento mental e físico infligido a Jesus durante a noite toda, sem dormir, que precedeu a ele ser pregado na cruz, talvez a ponto de que nem mesmo conseguiu carregar sua própria cruz. — Marcos 15,15-21.

Extraído de revistas cristãs e adaptado por Emerson de Oliveira

4 comentários:

Unknown disse...

Obg pela palavra! ! !

Unknown disse...

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Eliete Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliete Rodrigues disse...
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