O que diria Chesterton sobre a visão do STF

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fui recorrer a Chesterton para saber o que pensar sobre a decisão unânime do STF sobre a união “homoafetiva”.
Sim, estou preocupada com o STF e não com a definição de união homoafetiva. Pois quando digo que tenho afeto pelos meus amigos, pelos meus primos, isso óbviamente não implica o envolvimento do ato sexual, certo? Aliás, é natural em famílias saudáveis uns sentirem afetos pelos outros. E existem alguns amigos com quem temos mais afinidades do que com nossos próprios irmãos. Isso é fato.
Agora, se um dia eu ficar viúva e por uma questão de economia resolver morar junto com uma amiga, isso seria considerado uma união homoafetiva? Isso quer dizer que nós poderíamos nos casar?
Mudaram o significado de afeto, e de casamento também.
O que diria Chesterton sobre a visão do STF?
G.K. Chesterton
Eugenics and other Evils
tradução Sandra Katzman

Suponha que estejamos de frente para um campo olhando para uma árvore que se encontra bem no meio dele. É perfeitamente verdadeiro que todos a vemos (como diriam os decadentistas) sob aspectos infinitamente diferentes: o ponto não é este; o ponto é que todos dizemos que aquilo é uma árvore. Suponha que somos todos poetas (o que parece improvável) e que cada um de nós pudesse transformar a sua visão em uma imagem vívida diferente de uma árvore. Suponha que um diga que parece com uma núvem verde e o outro que parece com uma fonte verde, e um terceiro diga que parece com um dragão verde e o quarto diga que parece com um queijo verde. O fato é que: todos dizem «parece com» essas coisas. É uma árvore. E nenhum dos poetas está louco ou cometendo um desatino – porque todos falam sobre a mesma coisa. Mas existe um outro tipo de pessoa que fala sobre outra coisa. Existe uma exceção de pessoa… do tipo que nega, que realmente nega as realidades. Este é o tipo de pessoa que olha para a árvore e não diz que parece com um leão, mas diz que «é» um poste de luz.
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Eu não quero dizer que todos os delírios insanos sejam tão concretos assim, embora alguns sejam mais concretos. Acreditar que seu próprio corpo é um copo de vidro é uma negação da realidade ainda mais perigosa do que acreditar que uma árvore é uma lâmpada de vidro no tôpo de um poste. Mas todos os verdadeiros delírios contêm em si esta afirmação imutável: aquilo que aquilo não é. A diferença entre nós e os lunáticos não está relacionada com como as coisas se parecem ou como elas deveriam se parecer, mas com aquilo que elas são evidentemente em si. O lunático não diz que ele deve ser rei. Ele diz que ele é rei. O lunático não diz que é tão sábio quanto Shakespeare. Ele diz que ele «é» Shakespeare… Em todos os casos, a diferença é uma diferença sobre aquilo que é; não uma diferença sobre o que deve ser feito a seu respeito.
 Fonte: http://fococatolico.wordpress.com/2011/05/18/chesterton-sobre-o-stf/

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