Deus Santo, Adoradores Santos

quinta-feira, 14 de julho de 2011


“De acordo com o Santo que vos chamou, vós, também, tornai-vos santos em toda a vossa conduta, porque está escrito: ‘Tendes de ser santos, porque eu sou santo.’” — 1 PEDRO 1,15-16.
‘Uma pessoa imperfeita — ser santa? Isto é impossível!’, talvez diga. Contudo, considere o teor de fundo da admoestação de Pedro. O apóstolo citava ali palavras originalmente dirigidas a Israel, logo após o Êxodo do Egito. Por meio desse miraculoso livramento, Deus se havia revelado Libertador, Cumpridor de promessas, “pessoa varonil de guerra”. (Êxodo 3,14-17; 15,3) Num cântico que comemorava o colapso egípcio no Mar Vermelho, Moisés revelou ainda outra faceta do Senhor: “Quem entre os deuses é semelhante a ti, ó Senhor? Quem é semelhante a ti, mostrando-se poderoso em santidade?” (Êxodo 15,11) Esta é a primeira ocasião registrada em que se atribuiu santidade a Deus.
As palavras hebraica e grega traduzidas “santo” na Bíblia transmitem a idéia de ser ‘brilhante, novo, fresco, imaculado e limpo’. Deste modo Moisés retratou a Deus como sendo limpo em grau superlativo, destituído de impureza, imune à corrupção, implacavelmente intolerante para com a impureza. (Habacuque 1,13) Deus se destacava em radiante contraste dos deuses da terra em que os israelitas logo habitariam — Canaã. Documentos desenterrados em Ras Xamra, cidade na costa norte da Síria, fornecem um limitado porém iluminador, vislumbre do panteão cananeu. Estes textos descrevem deuses que, segundo o livro Os Cananeus, de John Gray (em inglês), eram “contenciosos, ciumentos, vingativos, lascivos”.
Previsivelmente, a cultura cananéia refletia os deuses dissolutos que os cananeus adoravam. O livro A Religião do Povo de Israel (em inglês) explica:

“Atos em imitação da deidade eram tidos como serviço prestado ao deus. . . . [A deusa do sexo] Astartéia tinha numerosos homens e mulheres ministrantes que eram descritos como pessoas consagradas. . . Elas se consagravam à prostituição a serviço dela.”

O erudito William F. Albright acrescenta: “No seu pior, contudo, o aspecto erótico de seu culto deve ter mergulhado a extremamente sórdidas profundezas da degradação social.” A adoração de “postes sagrados” fálicos, o sacrificar crianças, a magia, os enfeitiçamentos, o incesto, a sodomia e a bestialidade — tudo isso tornou-se ‘o costume da terra’ em Canaã. — Êxodo 34,13; Levítico 18,2-25; Deuteronômio 18,9-12.
Deus, por outro lado, é “poderoso em santidade”. Ele não poderia tolerar tal degradação em seus adoradores. (Salmo 15) Assim, dessemelhante dos degradantes deuses cananeus, Deus enobreceu o seu povo. Proferindo as palavras que Pedro mais tarde citaria, Deus repetidas vezes exortou: “Deveis mostrar-vos santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.” — Levítico 11,44; 19,2; 20,26.

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