Deus quis ensinar-nos essa verdade com particular solenidade, na Santa Escritura. São Paulo mostra o laço entre a ressurreição dos homens e a do Cristo: “Ora, se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos”. (1 Cor 15, 12-21)
A Tradição e o magistério da Igreja retomam o mesmo ensinamento.
“Assim, o exemplo de nosso Chefe faz-nos confessar que há uma verdadeira ressurreição da carne para todos os mortos. Não cremos que ressuscitaremos em um corpo pneumático ou em outra espécie de corpo, de acordo com as divagações de alguns, mas neste corpo com que vivemos, existimos e movemos. Nosso Senhor e Salvador, tendo dado o modelo dessa santa ressurreição, retomou por sua ascensão o trono paternal que sua divindade jamais abandonara”
Esse dogma lança uma clara luz sobre o composto humano. Assim como o corpo é o instrumento da alma nesta vida terrestre, é o seu companheiro pela eternidade. A glória que inundará a alma dos eleitos refletirá no corpo. Esse, tendo combatido e sofrido pela alma, participará de sua recompensa. Mas aquele que, ao contrário, foi seu cúmplice no pecado, seguirá a ele na pena. “Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo”. (2 Co 5, 10).
Isso contradiz a metempsicose? Uma observação somente permitirá responder. Se, desde sua criação até sua entrada na beatitude, a alma deve atravessar por diversas vidas terrestres, se se une sucessivamente a vários corpos, qual deles reconhecerá à ressurreição? Com qual estará associada a eternidade da alma e quais serão rejeitados? Uma minoria de corpos humanos existentes ressuscitará. Tal concepção opõe-se radicalmente à magnífica revelação da ressurreição de todos os corpos; não vai ela ainda de encontro ao desejo de imortalidade presente no coração do homem? Não temos uma sede de duração, não apenas para nossa alma, mas também para nosso corpo? A morte não é uma violência feita à natureza? O corpo concreto com que vivo, penso, comunico-me com outros, não é um amigo? Melhor ainda, não é parte necessária de mim? Como vemos, a doutrina da reencarnação constitui uma divisão no próprio cerne do ser humano. O corpo é separado d’alma, o qual se rebaixa à posição de uma velha veste que arrojamos após usar, ficando para sempre privado da felicidade da alma.
Extraído de "A reencarnação sob o olhar da fé"
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