A loucura da Cruz, como a entende a Igreja, não é, pois, a mutilação do homem; não é a renúncia de seus sentimentos, nem do que eleva o seu espírito, dilata o seu coração e alegra a sua vida.
A doutrina da Igreja, é que a Graça não destrói a natureza: purifica-a, aperfeiçoa-a. Santo Agostinho dizia que a Encarnação não é senão um vasto sistema higiênico e curativo para a natureza humana; e, se bem compreenderdes este pensamento do egrégio doutor da Igreja, vós tereis a justa idéia do que seja a loucura da Cruz.
Nas práticas da vida cristã, nas humilhações do homem que quer purificar-se, há uma espécie de loucura; mas loucura somente para os instintos depravados da natureza corrompida. Como em todo remédio há uma parte por assim dizer ignóbil, vil, desprezível, repugnante à natureza; há também isso no aparelho curativo da Igreja.
O homem é também doente do espírito e do coração; e os remédios de que precisa esta sua enfermidade são como os do corpo, duros, amargos, repugnantes à vaidade e ao orgulho.
É uma loucura humilhar-se, abater-se pedir perdão das ofensas, amar os inimigos?! Pois é a loucura da Cruz!
É uma loucura ser casto, renunciar aos gozos animais, rivalizar com os anjos?! Pois é a loucura da Cruz!
É uma loucura repudiar a avareza a ambição da glória, o furor do bem-estar?! Pois é a loucura da Cruz!
Extraído de "A Paixão", do Padre Júlio Maria de Lombaerde
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