Morte da filha de Ben Witherington

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012




Tendo recentemente passado pela devastadora experiência da perda de nossa linda filha de 34 anos, morte esta completamente inesperada, resultante de uma embolia pulmonar, eu estava resoluto desde o primeiro dia (11 de janeiro, quando ela foi encontrada morta em sua casa em Durham, Carolina do Norte) a estar aberto a toda e qualquer coisa positiva que pudesse ser obtida da experiência. Eu me seguro firmemente na promessa de Romanos 8.28 de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus…”.
O primeiro ponto que foi imediatamente confirmado em meu coração foi teológico: Não foi Deus quem matou minha filha. Deus não é o autor do mal. Deus não acaba a vida de doces crianças com embolias pulmonares.  Embolias pulmonares são oriundas da queda do homem e a natureza caída deste mundo.
Um dos principais motivos pelo qual eu não sou calvinista e não creio em tais predestinações da mão de Deus é (1) porque eu penso ser impossível acreditar que eu seja mais misericordioso ou compassivo do que Deus. Depois (2) o retrato bíblico de Deus é que ele é pura luz e amor santo; nele não há trevas, nada alem de luz e amor.  (3) As palavras “O Senhor me deu e Ele mesmo tomou”, extraídas dos lábios de Jó, não são boa teologia. Tal afirmação é teologia ruim. De acordo com Jó 1, não foi Deus, mas o Diabo quem tirou as vidas dos filhos de Jó, saúde e riqueza. Deus permitiu que acontecesse, mas quando Jó proferiu estas palavras, conforme vemos o desenrolar da historia, ele ainda não estava iluminado acerca da verdadeira natureza da origem de sua calamidade e que a vontade de Deus para sua vida – era para o bem e não para o mal.
Então, para mim, o inicio do bom sofrimento começa com a premissa de um Deus bom. Caso contrário, tudo o que foi dito acima é falso.  Se Deus é todo-poderoso e malévolo, então já não há consolo a ser encontrado em Deus. Se Deus é o autor do pecado, mal, sofrimento, a queda e a morte, então a Bíblia não faz sentido quando nos diz que (1) Deus não tenta a ninguém, que (2) a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas tenha vida eterna e que (3) a morte é inimiga de Deus e da humanidade, e que Jesus, que é vida, veio para aboli-la e destruí-la.
“Ele veio para que tenhamos vida e vida cm abundancia”. Se existem promessas em que eu me apoio, ao passo que choro por minha doce filha Christy, é nesta promessa, não na lamentável desculpa e no frio consolo de que “Deus fez, mas nos não sabemos o porquê”.  Não. Mil vezes não! Deus e sua vontade são sempre e unicamente para o que é bom e verdadeiro, bonito, amável e santo.
Enquanto olhava fixamente para minha filha no caixão – ela que nada se parecia com ela mesma naquela situação – eu estava tão grato pelo fato de que o Deus da ressurreição tinha um plano melhor para ela do que o gélido consolo de que “é a vontade de Deus”. Creio em um Deus cujo Sim para a vida é mais alto quando que oNão para a morte – não porque Deus goste de manter antinomias como a vida e morte juntas em algum tipo de unidade misteriosa, mas porque Deus está nas trincheiras conosco, lutando os mesmos males que combatemos neste mundo, tais como doença, deterioração, morte, sofrimento, tristeza e pecado.
Não é por acaso que Ele é chamado de o Médico dos Médicos.  Ele fez o juramento de Hipocrates: “Jamais causar dano ou mal a ninguém”

Ben Witherington é um erudito bíblico. É professor de Novo Testamento para Estudos de Doutorado na Asbury Theological Seminary e também  faz parte do corpo  docente de doutorado na St. Andrews University na Escócia.  É mestre em Divindade pelo Gordon-Conwell Theological Seminary e Ph.D. pela University of Durham na England. Ele é agora considerado um dos mais importantes eruditos bíblicos do mundo, e é um membro eleito do famoso e reconhecido SNTS, uma sociedade dedicada aos estudos do Novo Testamento.Escreveu mais de 40 livros, sendo que muitos deles são utilizados como material de referencia nas melhores instituições bíblicas estrangeiras e também brasileiras.

Tradução: Wellington Mariano
Fonte:  : http://www.patheos.com/blogs/bibleandculture/2012/01/24/good-grief-soundings-part-one/

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