Fonte: Paulopes
Uma jovem mandou pelo Twitter uma mensagem para Jessica Ahlquist (foto): “Qual é a sensação de ser a pessoa mais odiada do Estado? Você é uma desgraça para a raça humana.”
Outra pessoa escreveu: “Espero que haja muitos banners [de oração] no inferno quando você lá estiver apodrecendo, ateia filha da puta!”
Jessica, 16, uma americana de Cranston, cidade de 80 mil habitantes de maioria católica do Estado de Rhode Island, tem recebido esse tipo de mensagem desde meados de 2011, quando recorreu à Justiça para que a escola pública onde estuda retirasse uma oração de um mural bem visível, por onde passam os alunos.
Ela é uma ateia determinada e leva a sério a Constituição americana, que estabelece a separação entre o Estado e a religião.
Os ataques e ameaças a Jessica aumentaram de tom quando um juiz lhe deu ganho de causa e determinou a retirada da oração. Nos momentos mais tensos, ela teve de ir à escola sob a proteção da polícia.
Pais enfurecidos de alunos pressionaram a direção da escola para que recorresse da decisão judicial e se ofereceram para pagar os honorários advocatícios. Sabe-se, agora, que os honorários ficaram acima do que os pais esperavam. Os advogados apresentaram uma nota de US$ 173.000, cerca de R$ 300.000,00.
A escola se recusou a tirar a oração do mural até que saísse nova sentença e a cobriu com uma lona.
Na semana passada, uma Corte Distrital da Justiça recusou o recurso dos pais e escola, confirmando, assim, a decisão de primeira instância. Foi quando as duas mensagens acima, entre outras, apareceram no Twitter.
Oração está na escola desde 1963
O pai de Jessica é um encanador e a mãe, enfermeira. Desde o começo da luta na Justiça a jovem conta com o apoio de entidades ateístas. Uma campanha arrecadou cerca de US$ 30 mil (R$ 51,2 mil) para os gastos judiciais. Houve venda de camisetas.
O caso tomou proporção nacional, tendo de um lado ateus e defensores do Estado laico e, do outro, quase uma cidade inteira que não se conforma com a retirada da oração da escola onde estava havia 49 anos. No final da semana passada, Jessica foi destaque no jornal mais influente dos Estados Unidos, o The New York Time.
Apesar da decisão da Corte, o caso parece estar longe do fim, com desdobramentos inesperados. Exemplo: a Freedom From Religion Foundation, constituída por céticos, mandou entregar flores para Jessica, e quatro floriculturas da cidade recusaram o pedido. A FFRE pretende processá-las por discriminação.
Alguém disseminou o boato de que Jessica solicitou transferência de escola. Ela negou e disse que lá ficará até a formatura, ao final de 2013.
Jessica até agora tem aguentada a forte pressão, o que, talvez, tem irritado ainda mais os fanáticos religiosos. Sobre a decisão da Justiça, ela disse: “Estou feliz e orgulhosa pelo fato de a Constituição estar sendo cumprida.”
Meus comentários
Existe diferença fundamental entre neo ateu e o ateu tradicional. O neo ateu é, em essência, um esquerdista, e portanto incapaz de conviver socialmente.
Se eu fosse viajar para Israel e visse a estrela de Davi, naturalmente não exigiria a retirada desse símbolo. E saberia que isso não configura violação ao estado laico e nem tira a liberdade de crença de ninguém.
Isso é o que diferencia uma pessoa como eu de alguém como a norte-americana Jessica Ahlquist, que mostrou essa incapacidade de convívio em sociedade. É preciso de coisas com honra e dignidade para viver em um país cuja maioria tem um traço cultural e não sair choramingando por ver representações dessa manifestação cultural estampadas pela parede.
O que ainda me surpreende é que conservadores em geral, quando não estão envolvidos com religião, já entenderam bem no que se baseia toda a coleção de trucagens humanistas (basta ver os leitores de Ann Coulter e Olavo de Carvalho que dificilmente caem em rotinas deles). Mas quando a questão é específica do âmbito religioso, chega a me dar pena ver tanta ingenuidade dos cristãos em como estão tratando essa questão.
Assim, de uma forma bem didática, o que Jessica está fazendo:
- Fingindo se incomodar com uma prece exposta em um parede e em cima dessa simulação conseguir retirar a prece. Quer dizer, ela estabelece que “manda” ali em relação aos outros. É Dinâmica Social pura e simplesmente. Esse ato de dominação só poderá ser neutralizado por um outro ato, que poderia envolver uma ação judicial contra a garota por discriminação, ou qualquer outro processo – por exemplo, se ela se ofendeu por ver um símbolo religioso, que representa os cristãos, seria o mesmo que se ofender por ver uma manifestação da cultura negra. Mas, enfim, se ela ganhou o processo, está vencendo o jogo temporariamente.
- Simular que, após a vitória (que ela não chamará de vitória mas “estabelecimento do estado laico”, mas estado laico não implica em proibição de manifestação religiosa), está sendo hostilizada, e portanto estaria comprovando a todos que os cristãos são “violentos quando contestados”. O truque de se fingir de coitado sempre funcionou com o Lula. Por que não funcionaria com ela?
Infelizmente, os cristãos ainda não perceberam que ambos são puramente truques políticos, pois qualquer pessoa em sã consciência sabe que uma prece exposta em público não é nenhuma violação da liberdade de crença. Caso alguém a obrigasse a rezar, aí sim ela poderia protestar. Mas pelo contrário, ela fingiu ser ofendida e ganhou a batalha puramente por retórica. (Aliás, a proibição da prática da prece, em algumas escolas norte-americanas é uma violação à liberdade de crença, e já tivemos vários casos de pessoas PROIBIDAS de rezar por causa da pressão humanista).
O ato de ouvir a expressão “você é uma pessoa má” ou “você vai queimar no inferno” e simular que isso é uma “violência cristã” é apenas uma variação da técnica já feita por Dawkins. Mas não passa de capitalização política que DEVERIA SER DENUNCIADA pelos oponentes dela, ou seja, os cristãos.
Curiosamente, as mensagens de ódio de neo ateus contra cristãos jamais ficam pelo “você é uma pessoa má” ou coisas do tipo. Elas se baseiam em chamar cristão de retardados, dementes, fanáticos e coisas do tipo. E fazem isso com um sorriso de orelha a orelha. E, com certeza, vão dormir com a consciência limpa, pois todo esquerdista sabe que “pela causa, vale tudo”.
Portanto, ao invés de se desculparem pela “ofensas à neo ateísta Jessica”, os cristãos deveriam coletar os exemplos de ofensas aos cristãos, praticadas pelos neo ateus, jogar na cara dela e de todos eles, e daí rotulá-los de chantagistas emocionais e cínicos.
Então, são duas guerras:
- luta por reverter a decisão judicial, e, enquanto isso não for feito, é assumir uma vitória neo ateísta contra cristãos
- jogar na cara de todos os neo ateus que a Jessica está usando de chantagem emocional barata, e incentivar os cristãos a retaliarem na mesma moeda
Ou é isso ou é assumir a culpa por vitórias neo ateístas em território norte-americano. E, como já disse, uma vitória neo ateísta é uma vitória da esquerda.
Depois não adiantará chorar pelo leite derramado.
Fonte: http://lucianoayan.com/
1 comentários:
Se o estado é laico... ela esta certissima. Segundo Jesus da a Cesar oq é de Cesar e A Deus oq é de Deus. Se vc vive num estado laico....e isso não afeta sua relação com Deus, vc deve seguir as regras desse estado. Mas como diz aquele ditado antigo....pimenta no olho dos outros é refresco. No meu estado tem 2 monumentos religiosos bancados pelo estado....ambos errados num estado dito laico. São eles: Uma estatua de Iemanja num quebra-mar e uma cruz com uma pomba numa praça, a Praça do PAPA.
Ambos ja sofreram ataques te entidades cristãs para serem retirados, no caso da cruz, por parte dos Evangelicos. Cristianismo falar de tolerancia é no minimo piada.
E de mal gosto.
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