Sessão "filosofia de buteco": Paulo Ghiraldelli quer curar os cristãos!

quarta-feira, 7 de março de 2012



Marcelo Lemos

Os incrédulos são portadores e defensores da razão, da tolerância e do progresso, enquanto os religiosos são aqueles responsáveis pela perpetuação do obscurantismo.

Pelo menos é assim que pensam os incrédulos. Um deles atende pelo nome de Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo e escritor, com doutorados pela USP e pela PUC-SP, dentre outras qualidades. Mas, apesar de todas essas qualidades e méritos, Ghiraldelli parece possuir o discernimento moral de uma ameba, pelo que vi em seu texto “A Ditadura do Amor”, no qual ele considera o suprassumo do absurdo condenar moralmente uma mulher que resolva abandonar o próprio filho... Segundo ele, a obrigação de amar seus filhos é uma moralidade “das cavernas” e continua sendo “reproduzida no lar”. Seu ódio ao amor materno é tanto, que ele interpreta o desejo da mulher moderna em voltar a ter tempo para brincar com os filhos, como sendo o caminho para a senzala.
Ghiraldelli Jr. também não gosta de quem acha que ser homossexual não é uma condição definitiva. Assim como tem gente que acha que todo negro deveria ser militante contra os brancos, o filosofo em questão acredita que um homossexual não pode desejar mudar. No entanto, ele não acha errado que os heterossexuais mudem sua própria condição. Na verdade, em seu texto “Eles querem curar os gays!”, ele defende que a diferenciação “homem” e “mulher” seja completamente abolida! Em miúdos: um homossexual deve se conformar para sempre (mesmo quando quer mudar), mas os heterossexuais não só podem como devem abrir mão de sua identidade, ou pelo menos, considerarem a possibilidade de "transito" entre uma e outra condição!
Não importa o quão hipócrita isso seja, o filosofo está convencido de representar a razão, enquanto os religiosos conservadores não passam de um bando de fanáticos obscurantistas. Ele escreve: “Lêem a Bíblia de maneira literal, seguem pastores endinheirados e com escolarização precária que fazem mágicas e expulsam demônios, começam a incutir nas suas crianças a idéia de inutilidade da ciência e das artes. Nesse vagalhão escuro e misturado ao oportunismo, resolveram participar da política”. Há outros equívocos no texto, mas enfatizo este: que, para ele, não há entre os cristãos ortodoxos gente que pensa, reflete, pesquisa, escreve e fala com propriedade. Você é ortodoxo? Então você não passa de um fanático religioso, que odeia as artes e as ciências, e segue algum pastor endinheirado!
Há obscurantismo no meio cristão? Certamente. Mas, são todos os cristãos, ortodoxos, gente analfabeta e sem escolaridade, como acusa Ghiraldelli Jr.? Que um homem sabedor das regras mais elementares da lógica faça uso de argumentos assim é estarrecedor. Não, é perfeitamente normal. Não existe obscurantismo maior que o da incredulidade. E, segundo ele, há apenas duas formas de mudar nossa condição de seres intelectualmente inferiores: exigir que os mais calmos pratiquem o cristianismo apenas na esfera privada, e para os mais afoitos, tratamento de choque – que consiste em ridicularizar publicamente a fé cristã! Ghiraldelli Jr deseja, caros amigos, curar os cristãos!
Felizmente para o filosofo, a senhora sua mãe, que como a maioria das mulheres nunca considerou um fardo a tal “ditadura do amor”, não o abandonou numa fossa qualquer, e hoje ele pode posar de filosofo, e lutar para destruir a Civilização que a Igreja edificou, e da qual ele não passa de um parasita intelectual.


Marcelo Lemos para o Genizah

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