Recortes: A origem

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Não sei se é tarde pra falar, mas A origem (Inception), do visionário Christopher Nolan, é digno de aplausos. Realmente um dos filmes mais originais e inovadores da atualidade, não por acaso, um dos mais comentados. O roteiro é de uma engenhosidade instigante, o elenco de primeira, trilha sonora envolvente, fotografia impecável enfim, possivelmente, o filme do ano.

O projeto é ousado, a trama é complexa, ainda assim inteligível. Leonardo DiCaprio é Dom Cobb e lidera um grupo responsável por uma façanha no mínimo curiosa, entrar no subconsciente das pessoas para roubar informações secretas, através dos sonhos. Os desafios aumentam quando o grupo é contratado para uma missão inusitada: inserir uma idéia na mente de um jovem herdeiro.

O primeiro ato é praticamente todo didático. Ensaios, testes e o recrutamento da jovem Ariadne, de Ellen Page (Juno). E é nesse momento que os mais desatentos podem se perder e literalmente viajar nas cenas posteriores, as mais interessantes do longa. Se na teoria, tudo parece sob controle, na prática, acontecem muitos imprevistos, mas o grupo demonstra competência e grande capacidade para o improviso. Sem contar que, existem segredos do passado de Cobb que podem comprometer a missão.

Os sonhos são um grande mistério da mente humana. Antes de ver o filme, já refletia sobre o fato de sonharmos com alguém e sentirmos sensações reais como o beijo (quem já teve sonho erótico então...). Tenho um primo que me contava que sempre que se dava conta que estava num sonho, ele começava a voar – eu nunca percebia, só quando acordo. Quando os sonhos são muito bizarros e esquecidos facilmente, tenho a sensação de que a mente os produziu simplesmente para nos manter dormindo.

Mas nunca havia imaginado um sonho dentro de um sonho!


No filme, esses sonhos dentro de outros sonhos são possíveis e podem se tornar um baita quebra-cabeças, a ponto de surgir a indagação: “no subconsciente de quem estamos entrando agora?”. Esse mix de suspense e ação numa velocidade radical, a perspicácia em surpreender o público, as sequencias de ação e os efeitos especiais são de babar! As cenas protagonizadas pelo Joseph Gordon-Levitt (500 dias com ela) são um espetáculo visual sem precedentes, surreais (Matrix perde!). E o desfecho dessa história é simplesmente fascinante. O que é sonho e o que é a realidade? Você escolhe.

Os temas tratados por Nolan na película são tão pertinentes quando desafiadores. E se o mundo que criamos for uma mera projeção da nossa mente? Vivemos mesmo a realidade, ou criamos um mundo onde os nossos espectros nos dominam? O fato é que a idéia de inserir uma idéia na mente de alguém não é totalmente nova, muitos líderes religiosos nem precisam saber adentrar no sonho, nem de um orçamento hollywoodiano.

Então, se você ainda não viu e procura um programa divertido e inteligente, assista A origem. Se o roteiro apresenta falhas? Com certeza! Mas, vou ter que assistir de novo para identificá-las com clareza. Eu e o povo todo da sessão que aplaudiu de pé! Mesmo. Infelizmente filmes assim estão se tornando cada vez mais raros, a indústria cinematográfica parece sofrer de uma crise de criatividade, o capitalismo os condena a produzir mais do mesmo, por mera ganância e pouca arte.

Cá pra nós. Qual foi o sonho mais estranho que você já teve?



Fonte: Recorte Cotidiano

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