Você já assistiu ” As Crônicas de Narnia: a viagem do peregrino da alvorada”? Imperdível!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pedro Ravazzano
Com spoilers!
The Voyage of the Dawn Treader, o quinto livro da saga de C.S Lewis e o terceiro filme da série, endossa com mais vigor a forte referência cristã que permeia toda a obra. Além da defesa clara das virtudes e dos valores humanos, o enredo e a construção das personagens aprofundam nas relações dos homens e na perspectiva de transcendência diante do sagrado.
A obra é muito bem construída e nela cabem tanto leituras alegóricas e morais como anagógicas. Para um espectador desavisado “As Crónicas de Nárnia” serão apenas filmes com memoráveis cenas de ação e uma temática que é digna da atenção de toda a família. Claro que essa percepção, ainda que superficial, é válida e frutífera. Não obstante, é na compreensão do sentido mais profundo que os escritos de C.S Lewis se fazem plenos. Esse supra-sentido, como diz Dante Alighieri, “ocorre quando se expõe espiritualmente um escrito, o qual, pelas coisas significadas, significa as sublimes coisas da glória eterna.” (Convívio, II, 1) .
No terceiro filme destaca-se três grandes momentos; toda a incursão dos homens na luta contra o Mal – e aqui se sobressai a maldade em sua essência mais bruta que relaciona-se diretamente com a ausência do amor, de Deus – a forte transformação e redenção de Eustáquio e, por fim, a apoteótica despedida de Aslam a Lúcia e Edmundo.
A obra se forma centrada na saga dos homens que iniciam uma empreitada pela salvação dos narnianos oprimidos e perseguidos pelo Mal. Vale frisar, primeiramente, que os viajantes são aconselhados por um virtuoso mago a enxergarem não apenas as trevas que assolam Nárnia mas principalmente a escuridão que habita neles. Isso se confirma diante das tentações e provações que pelas quais passam. Assim como eles poderiam escolher o mal optam, livremente, pelo caminho do bem. Ademais, essa temática se afasta com firmeza de qualquer princípio calvinista; ainda que sem Deus o homem nada possa, é na sua abertura à graça que o Senhor age.
Outra cena bem particular é a transformação de Eustáquio. O que era um garoto pobre em virtudes e valores, desprovido de qualquer percepção do Sagrado – vide a sua relutância em compreender a “fantasia” de Nárnia – redimi-se após a forte experiência da mutação em dragão. O momento do seu retorno à forma humana inicia-se com a tentativa de com as suas garras cortar o grosso coro draconiano – isso após uma atuação extraordinária contra a diabólica serpente marinha. Ou seja, já há o fundamental desejo e a essencial vontade de livrar-se da condição de miserabilidade. Não obstante, sem Deus, sem Aslam, não poderia fazer. Surge então o Leão que com as suas patas cortando a areia e o seu majestoso rugido rompe a carapaça que cobria o Eustáquio velho, dando-lhe um banho – o batismo. Assim nasce um novo homem redimido pela ação do Senhor. O próprio atesta em seguida; “A princípio ardeu muito, mas em seguida foi uma delícia”
Por fim a cena mais impactante dessa obra; a despedida final. Lúcia e Edmundo, assim como Susana e Pedro, foram avisados que não mais poderão retornar. Aslam, então transfigurado em Cordeiro – clara alusão ao Cordeiro de Deus, Jesus Cristo – os apresenta ao seu país, protegido por uma densa parede aquática e que só poderia ser desbravado pelos homens que não mais intentassem voltar; a ida será definitiva. A jovem Lúcia, comovida com a partida, questiona o Leão. Vejamos o trecho completo:
Continuaram e viram que era um cordeiro.
Venham almoçar – disse o Cordeiro na sua voz doce e meiga. [banquete do Cordeiro?]
Notaram que ardia sobre a relva uma fogueira, na qual se fritava peixe. Sentaram-secomeram, sentindo fome pela primeira vez desde muitos dias. E aquela comida era a melhor de todas as que haviam provado.
– Por favor, Cordeiro – disse Lúcia –, é este o caminho para o país de Aslam?
– Para vocês, não – respondeu o Cordeiro. – Para vocês, o caminho de Aslam está no seu próprio mundo.
– No nosso mundo também há uma entrada para o país de Aslam? – perguntou Edmundo.
– Em todos os mundos há um caminho para o meu país – falou o Cordeiro. E, enquanto ele falava, sua brancura de neve transformou-se em ouro quente, modificando-se também sua forma.
E ali estava o próprio Aslam, erguendo-se acima deles e irradiando luz de sua juba.
– Aslam! – exclamou Lúcia. – Ensine para nós como poderemos entrar no seu país partindo do nosso mundo.
– Irei ensinando pouco a pouco. Não direi se é longe ou perto. Só direi que fica do lado de lá de um rio. Mas nada temam, pois sou eu o grande Construtor da Ponte. [Cristo, Pontífice e Sumo Sacerdote da humanidade diante de Deus] Venham. Vou abrir uma porta no céu para enviá-los ao mundo de vocês.
– Por favor, Aslam – disse Lúcia –, antes de
partirmos, pode dizer-nos quando voltaremos a Nárnia? Por favor, gostaria que não demorasse…
– Minha querida – respondeu Aslam muito docemente –, você e seu irmão não voltarão mais a Nárnia.
– Aslam! – exclamaram ambos, entristecidos.
– Já são muito crescidos. Têm de chegar mais perto do próprio mundo em que vivem.

– Nosso mundo é Nárnia – soluçou Lúcia. – Como poderemos viver sem vê-lo?
– Você há de encontrar-me, querida – disse Aslam.
– Está também em nosso mundo? – perguntou Edmundo.
Estou. Mas tenho outro nome. Têm de aprender a conhecer-me por esse nome. Foi por isso que os levei a Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham a conhecer-me melhor.

Aslam, o Cordeiro de Deus e o Leão da Tribo de Judá, é Nosso Senhor Jesus Cristo!

Fonte: Blog do Carmélio

3 comentários:

Anônimo disse...

Essas CRÔNICAS são realmente fantástica, principalmente quando já se tem algum conhecimento da palavra de DEUS, todo o filme se torna muito mais emocionante e com uma beleza incrível.

Emerson disse...

Interessante que há muitos anos, quando eu estava traduzindo um artigo sobre C. S. Lewis para meu site Logos (www.logoshp.6te.net) eu vi mencionada as Crônicas pela primeira vez e imaginava que dariam bons filmes. E deram (em grande parte).

A questão é que nem sempre foram entregues a bons diretores e roteiristas. As Crônicas mereciam melhor. Adamson, no primeiro e um pouco no segundo foi um pouco feliz mas o Apted realmente deixou muito a desejar. As Crônicas poderiam se tornar, no cinema, o verdadeiro sucesso que foram nos livros fosse o bom trabalho de diretores inteligentes e roteiristas idem.

Ad.S.Farias disse...

Essa publicação me levou a participar do blog...por ter uma base bíblica é a literatura mais bela q eu conheço(depois da Bília é claro).
Assistir ás Crônicas sempre me faz lembrar d q sou parte d algo realmente Poderoso e do quanto é humilhante ceder ao mal.

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